Ultraconservadorismo religioso: A máquina de controle que infantiliza, submete e propaga ódio
Líderes religiosos ultraconservadores usam a fé para reforçar o patriarcado, silenciar mulheres e atacar a diversidade
Movimentos religiosos ultraconservadores têm se fortalecido ao promover a submissão cega dos fiéis, a dominação masculina e a perseguição sistemática a grupos LGBTQIA+, em nome de uma suposta moral patriarcal.
Editorial por Henrique Cortez
A infantilização da fé: Como o ultraconservadorismo religioso reforça o patriarcado e alimenta o ódio
Em muitas partes do mundo, o ultraconservadorismo religioso evoluiu para mais do que uma doutrina espiritual — tornou-se um mecanismo de controle.
Por trás de sua fachada de retidão moral, esconde-se um sistema profundamente enraizado, projetado para infantilizar os fiéis, suprimir a dissidência e sustentar a dominação patriarcal.
Infantilizando os fiéis
Movimentos religiosos ultraconservadores frequentemente exigem obediência cega. Os seguidores são desencorajados a pensar criticamente e ensinados a depender inteiramente das autoridades religiosas para orientação.
Essa infantilização — tratar adultos como incapazes de pensar por si mesmos — cria uma dependência que favorece os líderes, que se posicionam como figuras paternas. Esses líderes se tornam os árbitros supremos da verdade, da moralidade e até mesmo de decisões pessoais, como casamento e educação.
A ascensão do patriarca da seita
No centro desse sistema está a figura patriarcal — o líder religioso que encarna autoridade, masculinidade e favor divino. As mulheres, nessa visão de mundo, são relegadas a papéis secundários: cuidadoras domésticas, apoiadoras silenciosas e responsáveis pela criação dos filhos.
Seu valor espiritual é frequentemente medido pela submissão à autoridade masculina e pela capacidade de manter estruturas familiares tradicionais.
Essa dinâmica não apenas marginaliza as mulheres, mas também reforça uma hierarquia rígida de gênero que sufoca o progresso e a igualdade.
O modelo patriarcal é apresentado como divinamente ordenado, tornando a resistência não apenas uma transgressão social, mas também espiritual.
O ódio como ferramenta de controle
Talvez o aspecto mais preocupante seja a forma como ideologias religiosas ultraconservadoras usam o ódio contra pessoas LGBTQIA+ como instrumento de dominação.
Ao retratar identidades LGBTQIA+ como ameaças à ordem patriarcal, esses movimentos cultivam medo e hostilidade.
Pessoas LGBTQIA+ são rotuladas como rebeldes contra a lei divina, não por suas ações, mas porque sua existência desafia a estrutura binária e hierárquica que o ultraconservadorismo busca preservar.
Esse pânico moral fabricado serve a dois propósitos: unir os fiéis contra um “inimigo comum” e desviar a atenção de abusos internos e contradições dentro da própria seita.
Urgência da reflexão crítica
A fé religiosa pode ser uma fonte profunda de significado e comunidade. Mas quando se torna uma ferramenta de infantilização, patriarcado e ódio, ela precisa ser questionada.
A crença. Em tese, deveria empoderar, não escravizar. Deveria elevar todas as pessoas, independentemente de gênero ou identidade — e não reduzi-las a papéis definidos por dogmas.
À medida que as sociedades enfrentam a influência do ultraconservadorismo religioso, o desafio é claro: defender a liberdade de crença, qualquer que seja, enquanto resistimos a sistemas que exploram essa liberdade para perpetuar desigualdade e divisão.
Henrique Cortez, jornalista e ambientalista. Editor do EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]