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Legalização da cannabis reduz consumo abusivo, mostra pesquisa

 

 

13/11/2024 - A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu autorizar a importação de sementes e o cultivo de cannabis (maconha) exclusivamente para fins medicinais, farmacêuticos e industriais. A decisão vale para o chamado cânhamo industrial (hemp), variedade de cannabis com percentual menor de 0,3% de tetrahidrocanabinol (THC), princípio psicoativo da maconha. Foto: Pfüderi/ Pixabay/EBC
13/11/2024 – A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu autorizar a importação de sementes e o cultivo de cannabis (maconha) exclusivamente para fins medicinais, farmacêuticos e industriais. A decisão vale para o chamado cânhamo industrial (hemp), variedade de cannabis com percentual menor de 0,3% de tetrahidrocanabinol (THC), princípio psicoativo da maconha. Foto: Pfüderi/ Pixabay/EBC

Pesquisa sugere que regulamentação da cannabis pode beneficiar especialmente grupos vulneráveis, como jovens e usuários frequentes.

A legalização da cannabis está associada a uma redução no consumo abusivo da droga, especialmente entre jovens e usuários frequentes. É o que revela um estudo recente da Universidade de Basel, na Suíça, publicado no portal da instituição.

A pesquisa, intitulada “Effects of legal access versus illegal market cannabis on use and mental health: A randomized controlled trial”, analisou dados de mais de 30 mil consumidores nos EUA e na Europa, comparando regiões com diferentes políticas de regulamentação.

Menos abuso em contextos legais

O estudo descobriu que, em áreas onde a cannabis foi legalizada, houve uma diminuição significativa no uso excessivo e em padrões de consumo considerados nocivos.

Um dos achados mais relevantes é que essa redução foi mais acentuada entre adolescentes e adultos jovens, justamente o grupo frequentemente apontado como mais vulnerável aos riscos da droga.

“Contrariando os temores de que a legalização levaria a um aumento descontrolado do uso, nossos dados mostram que a regulamentação pode, na verdade, ajudar a reduzir comportamentos problemáticos”, explicou um dos autores da pesquisa.

Regras claras e acesso controlado fazem a diferença

Os pesquisadores destacam que a legalização bem estruturada – com regulamentação de vendas, restrições de idade e campanhas educativas – parece ser a chave para esses resultados positivos. Em locais onde o mercado foi legalizado sem um controle rígido, os benefícios foram menos evidentes.

Além disso, o estudo sugere que usuários frequentes tendem a moderar o consumo quando a substância deixa de ser ilegal. “A clandestinidade pode exacerbar o uso abusivo, enquanto a normalização parece promover um comportamento mais responsável”, aponta o texto.

Impactos na saúde pública e no debate político

As conclusões reforçam argumentos de que a descriminalização, acompanhada de políticas públicas bem desenhadas, pode ser mais eficaz do que a proibição pura.

Países como Portugal e Uruguai, assim como alguns estados dos EUA e do Canadá, já demonstraram que a regulamentação reduz danos sociais e de saúde.

No Brasil, onde o debate sobre a legalização ainda enfrenta resistência, o estudo suíço oferece dados relevantes. “Precisamos discutir não apenas se legalizar, mas como fazer isso de maneira a proteger os usuários e a sociedade”, defende um especialista em políticas sobre drogas ouvido pela reportagem.

Enquanto isso, a Universidade de Basel planeja expandir a pesquisa, analisando os efeitos a longo prazo da legalização em diferentes modelos de regulamentação.

Fonte: Universidade de Basel https://www.unibas.ch/en/News-Events/News/Uni-Research/Cannabis-study-Basel-Weed-Care-legalization-smoking-pot.html

Referência:

Baltes-Flueckiger L, Steinauer R, Meyer M, Guessoum A, Herrmann O, Mosandl CF, et al. Effects of legal access versus illegal market cannabis on use and mental health: A randomized controlled trial. Addiction. 2025. https://doi.org/10.1111/add.70080

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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