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Ciclones tropicais reduzem escolarização em países pobres, revela estudo

 

Ciclone extratropical que atingiu a região sul do país no dia 30/06/2020
Ciclone extratropical que atingiu a região sul do país no dia 30/06/2020

Estudo revela que ciclones tropicais reduzem chances de crianças frequentarem a escola em países de baixa e média renda.

Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) revela que ciclones tropicais estão associados a uma redução significativa na probabilidade de crianças e adolescentes frequentarem a escola em países de baixa e média renda.

A pesquisa, intitulada “Decreased likelihood of schooling as a consequence of tropical cyclones” (Disponível em: https://doi.org/10.1073/pnas.2413962122), analisou dados de 13 países afetados por esses fenômenos climáticos extremos, destacando como desastres naturais aprofundam desigualdades educacionais.

Impacto imediato e de longo prazo

Os pesquisadores descobriram que, após a ocorrência de ciclones tropicais, as taxas de matrícula escolar caíram, especialmente entre crianças em idade primária e secundária.

Os efeitos são mais graves em regiões com infraestrutura precária, onde escolas são destruídas ou convertidas em abrigos, e famílias enfrentam perda de renda devido a danos na agricultura e em outros setores.

“Os ciclones não só interrompem o acesso físico à educação, mas também geram consequências econômicas que forçam crianças a abandonarem os estudos para ajudar no sustento familiar”, explica um dos autores do estudo.

Dados e metodologia

O artigo cruzou informações históricas sobre ciclones com pesquisas domiciliares de países como Filipinas, Vietnã e nações africanas, cobrindo um período de 20 anos. Os resultados mostram que, mesmo após a reconstrução, muitas crianças não retornam à escola, indicando um dano permanente ao seu desenvolvimento educacional.

Lições para o Brasil e o mundo

Embora o Brasil não seja diretamente afetado por ciclones tropicais com a mesma frequência, o estudo serve de alerta para os impactos indiretos dos eventos climáticos extremos na educação.

Enchentes, secas prolongadas e outros eventos extremos — cada vez mais comuns devido às mudanças climáticas — podem ter efeitos similares, especialmente em comunidades pobres.

“Políticas públicas devem incluir planos de contingência para proteger a educação em situações de desastre, como sistemas de ensino remoto e apoio financeiro às famílias vulneráveis”, sugere o estudo.

Síntese

A pesquisa reforça a urgência de integrar a adaptação climática às estratégias educacionais, especialmente em países em desenvolvimento.

Com a crescente intensidade de fenômenos climáticos, garantir o acesso à escola em cenários de crise será fundamental para evitar um retrocesso nos avanços globais em educação.

Referência:

R. Jing, S. Heft-Neal, Z. Wang, J. Chen, M. Qiu, I.M. Opper, Z. Wagner, & E. Bendavid, Decreased likelihood of schooling as a consequence of tropical cyclones: Evidence from 13 low- and middle-income countries, Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 122 (18) e2413962122, https://doi.org/10.1073/pnas.2413962122 (2025).

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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