Roupas velhas: o que fazer com elas?

 

Sempre tem o que se fazer com as roupas velhas. Vale a pena pensar numa opção antes de jogá-las no lixo.

Ensaio de Rosângela Trajano

O sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman falava do descarte que fazíamos muito rapidamente das coisas das quais não nos serviam mais jogando-as no lixo. Na verdade, segundo ele, não descartamos somente roupas, mas amigos, filhos, esposos e por aí vai. As relações afetivas são líquidas e frágeis, se desfazem com a menor facilidade

Enchemos os nossos guarda-roupas com vestidos, paletós, saias, blusas, camisas e outras vestimentas que muitas vezes nem vamos usá-las e as compramos só porque estavam em liquidação ou as achamos bonitas e que cairiam bem nos nossos corpos, mas logo abusamos delas, algumas nem as vestimos e deixamos largadas nos guarda-roupas.

Tem gente que joga roupas velhas no lixo poluindo o meio ambiente e causando grandes estragos aos oceanos, lagos e rios. Entupindo esgotos e sujando as ruas. Sem contar com o gás metano que é liberado desse monte de roupa velha nos lixões. Esta é uma gente sem educação ambiental porque há muito o que se fazer com as roupas velhas.

Podemos reformá-las contratando os serviços de uma boa costureira ou até mesmo nos divertindo em casa nas horas de lazer aprendendo a cortar e a costurar. Uma outra alternativa é abrirmos brechós ou doarmos as roupas velhas para pessoas em situação de rua.

Tenho uma amiga que faz lençóis com camisas e blusas velhas para pessoas pobres. As roupas velhas podem servir como pano de chão, pano de limpar os móveis ou para os nossos pets dormirem em cima deles quando não tiverem suas próprias caminhas. Há uma infinidade de coisas que podemos fazer com elas, menos jogá-las no lixo.

E as roupas que não cabem mais em nós ou que ainda estão seminovas e não queremos doá-las podemos trocar com as amigas e amigos. Aproveitando a ocasião para um encontro saudoso com lembranças dos tempos de escola, de trabalho ou de faculdade.

Sempre tem o que se fazer com as roupas velhas. Vale a pena pensar numa opção antes de jogá-las no lixo. Eu costumo usar as minhas roupas até ficarem bem velhinhas e depois as dou para quem gosta de reformá-las aproveitando os botões, os zíperes, um tecido aqui e outro acolá. Não valorizamos mais as costureiras caseiras, mas são elas que nos salvam fazendo reparos nas nossas roupas que estão apertadas ou folgadas demais.

Se você é daquelas pessoas que costuma comprar muitas roupas só pelo prazer de consumo pare já com isso. Não seja um consumidor voraz. Invista o seu dinheiro em outras coisas que esteja precisando, afinal o seu guarda-roupas deve estar abarrotado de roupas e calçados. Ame o meio ambiente e costume usar poucas roupas porque até vai economizar água e sabão para lavá-las além de energia quando for passá-las no ferro elétrico.

Faça como nos diz Caio Fernando Abreu “Porque guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração com alguém que não lhe serve…”, se puder doe, reforme, venda, mas nunca jogue no lixo. Acabei de achar um furinho na minha blusa! É isso a gente vai costurando as linhas da vida para não envelhecermos os nossos amores e flores.

Rosângela Trajano, Articulista do EcoDebate, é poetisa, escritora, ilustradora, revisora, diagramadora, programadora de computadores e fotógrafa. Licenciada e bacharel em filosofia pela UFRN e mestra em literatura comparada também pela UFRN. É pesquisadora do CIMEEP – Centro Internacional e Multidisciplinar de Estudos Épicos. Com mais de 50 (cinquenta) livros publicados para crianças, ministra aulas de Filosofia para crianças na varanda da sua casa, de forma voluntária. Além disso, mora pertinho de um mangue aonde vai todas as manhãs receber inspiração para poetizar.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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