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Indústria farmacêutica gasta duas vezes mais em propaganda do que em pesquisa

Em 2004, investimento de empresas em marketing foi de US$ 57,5 bilhões nos EUA. Gastos com pesquisa, por outro lado, ficaram em torno de US$ 32 bilhões, diz estudo. Do G1, em São Paulo, 03/01/2008 – 09h00

Uma dupla de pesquisadores da Universidade York, em Toronto (Canadá), analisou o orçamento oficial das indústrias farmacêuticas americanas e diz ter demonstrado que elas gastam quase o dobro de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos remédios com propaganda de seus produtos.

Em artigo na revista científica de acesso aberto “PLoS Medicine”, Marc-André Gagnon e Joel Lexchin mostram dados segundo os quais as empresas americanas do setor gastaram US$ 57,5 bilhões em atividades promocionais em 2004 (último ano em que havia números disponíveis).

Por outro lado, a Fundação Nacional de Ciências dos EUA relataram, no mesmo, um gasto de US$ 31,5 bilhões dessas mesmas empresas farmacêuticas com pesquisa e desenvolvimento, incluindo financiamentos do governo americano.

Segundo os autores, existe um debate constante sobre a imagem mais correta da indústria farmacêutica. O setor, dizem eles, tenta se vender como “impulsionado por pesquisas e inovador”, enquanto o público e os especialistas muitas vezes questionam essa imagem positiva. A pesquisa “confirma a imagem pública de uma indústria dominada pelo marketing, e traz um argumento importante para cobrar dela uma transformação, que envolva mais pesquisa e menos autopromoção”, escrevem os autores.

A dupla de pesquisadores diz que suas conclusões podem até subestimar os gastos reais do setor com propaganda. Um tipo mais discreto de marketing seria o uso de artigos em revistas científicas escritos por pessoas contratadas pelas próprias empresas, como forma de promover a eficácia de seus produtos.