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Impacto das escolhas alimentares nas mudanças climáticas

 

Agropecuária é a maior emissora de gases de efeito estufa no país; escolhas alimentares sustentáveis podem reduzir efeitos do aquecimento global

Pesquisa da Universidade da Colúmbia Britânica revela como mudanças na alimentação ajudam a combater mudanças climáticas, com reflexo direto no Brasil, onde setor agropecuário lidera emissões.

Você já parou para pensar que o que está no seu prato pode influenciar o futuro do planeta? Uma pesquisa da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), no Canadá, revela que mudanças na dieta são uma ferramenta poderosa no combate às mudanças climáticas. E no Brasil, esse debate ganha contornos urgentes: aqui, a agropecuária é a principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa.

O peso da alimentação no aquecimento global

O artigo “How changing your diet could help save the world” destaca que a produção de alimentos, especialmente carne vermelha e laticínios, consome recursos naturais intensivos e emite quantidades significativas de metano e CO₂.

A pecuária, em particular, é uma das atividades mais impactantes, devido ao desmatamento para criação de pastos e à fermentação entérica dos rebanhos.

Se a alimentação global fosse baseada em dietas com menos produtos animais e mais vegetais, as emissões relacionadas à comida poderiam cair até 70%. A pesquisa sugere que pequenas mudanças, como reduzir o consumo de carne vermelha, já teriam efeitos positivos imediatos.

Emissões de GEE relacionadas a alimentos estimadas para o decil de renda mais rico e mais pobre para países selecionados

Emissões de GEE relacionadas a alimentos estimadas para o decil de renda mais rico e mais pobre para países selecionados.

Brasil: o agro na linha de frente das emissões

No Brasil, a situação é ainda mais crítica. Dados recentes mostram que a agropecuária responde por mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa no país, principalmente por causa da pecuária bovina e do desmatamento associado a ela.

A Amazônia e o Cerrado, biomas essenciais para o equilíbrio climático, são diretamente afetados pela expansão da pecuária e da soja (usada principalmente para ração animal).

Isso coloca os brasileiros em uma posição singular: nossas escolhas alimentares não só impactam a saúde pessoal, mas também o destino de ecossistemas inteiros e do clima globa.

Adotar uma dieta mais sustentável no Brasil significa, portanto, contribuir para a preservação desses biomas e para a redução das emissões nacionais.

Como adaptar a dieta para um futuro sustentável

A pesquisa da UBC não propõe uma mudança radical, mas sim consciente. Entre as recomendações estão:

  • Reduzir o consumo de carne vermelha: Substituir por proteínas vegetais como feijão, lentilha e grão-de-bico.

  • Aumentar a ingestão de vegetais e frutas: Priorizar produtos locais e da estação.

  • Evitar o desperdício de alimentos: Cerca de um terço da comida produzida no mundo vai para o lixo, gerando emissões desnecessárias.

No contexto brasileiro, valorizar a diversidade de alimentos regionais, como mandioca, milho, palmito e frutas nativas, pode ser um caminho para dietas mais nutritivas e de baixo impacto.

O papel das políticas públicas e da indústria

Para que a transição seja efetiva, no entanto, é preciso mais do que ação individual. O estudo ressalta a importância de políticas públicas que incentivem a produção sustentável e o consumo consciente.

No Brasil, isso inclui fortalecer a agricultura familiar, investir em técnicas de baixo carbono (como a integração lavoura-pecuária-floresta) e promover campanhas educativas sobre alimentação e meio ambiente.

A indústria também tem sua parte: oferecer opções acessíveis e saborosas à base de plantas e rastrear e divulgar a origem dos produtos são passos essenciais.

Cada garfada conta

Mudar a dieta não é uma solução milagrosa, mas é uma peça crucial no quebra-cabeça climático. No Brasil, onde a agropecuária domina o cenário de emissões, repensar o consumo de carne e valorizar alimentos locais pode ter um efeito amplificado.

Como mostra a pesquisa da UBC, ‘salvar o mundo’ pode começar no prato e o Brasil tem tudo para ser protagonista dessa transformação.

Referência:

Dietary GHG emissions from 2.7 billion people already exceed the personal carbon footprint needed to achieve the 2 °C climate goal

Juan Diego Martinez and Navin Ramankutty 2025 Environ. Res.: Food Syst. 2 045006

DOI 10.1088/2976-601X/ae10c0

 

Citação
EcoDebate, . (2025). Impacto das escolhas alimentares nas mudanças climáticas. EcoDebate. https://www.ecodebate.com.br/2025/12/29/impacto-das-escolhas-alimentares-nas-mudancas-climaticas/ (Acessado em dezembro 29, 2025 at 04:58)

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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