Pegada de carbono do consumo digital no Brasil: Onde estão os custos invisíveis

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O Brasil digitalizou a rotina, do streaming à nuvem, do Pix aos games, e isso tem custo climático. A boa notícia é que nossa matriz elétrica é majoritariamente renovável, o que puxa a intensidade de carbono para baixo. A má é que volume importa. Com quase todo o país online, cada hora a mais de vídeo, cada upgrade de tela e cada aparelho novo entram na conta.
O que pesa mais e o que pesa menos
Estudos indicam que, em média, uma hora de streaming na Europa emite ~55 gCO₂e, com o dispositivo do usuário (TV, celular, console) respondendo pela maior parte das emissões, e data centers e redes com parcelas menores, de acordo com o Carbon Trust. Ou seja, tela maior e brilho no máximo costumam pesar mais do que a nuvem em si.
No Brasil, a pegada tende a ser menor que a europeia, porque a eletricidade tem intensidade de carbono mais baixa. Em abril de 2025, o fator médio do Sistema Interligado Nacional foi de 0,0289 tCO₂/MWh (≈ 28,9 gCO₂/kWh), e 88,2% da oferta de energia elétrica em 2024 veio de fontes renováveis, sendo 56,1% hídrica e 23,7% solar e eólica.
Escala brasileira: Muita gente, muitas telas
Do lado das redes, o 5G traz maior eficiência energética por gigabyte transportado, ajudando a desacoplar crescimento de tráfego e consumo. Mas a soma de horas de uso ainda é determinante, já que mais vídeo, mais chamadas e mais jogos significam mais watts na conta.
Jogos, cassinos online e plataformas sociais operam com tickets baixos e sessões frequentes. É aí que minutos viram horas. Em títulos casuais e apostas de baixo tíquete, o impacto climático não está no valor do lance, mas no tempo de tela, no hardware (PC, console ou celular) e na qualidade gráfica escolhida.
Ou seja, jogos rápidos e com gráficos simples tem menor pegada de carbono. Por exemplo, ao fazer uma aposta no jogo Mines, faz toda a diferença se o jogo está sendo acessado pelo smartphone ou pelo computador. A adaptabilidade do game ajuda nessa questão. Além de ser possível escolher o nível de dificuldade (definindo as dimensões da grade e a quantidade de minas), o tamanho da tela também é uma eleição pessoal.

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A regra é a mesma do streaming. Quanto maior a tela e a taxa de quadros, mais energia do seu lado. Além disso, a conectividade já é massiva. Em 2024, 85% dos lares urbanos tinham internet. A TV tornou-se o segundo dispositivo mais usado para acessar a rede (60%), atrás do celular (99%).
Isso importa porque TVs consomem mais energia que smartphones, elevando a pegada do streaming em casa, mesmo com rede elétrica mais limpa. Nos bastidores, data centers responderam por 1,7% do consumo total de eletricidade do país em 2024, com projeção de chegar a 3,6% em 2029, segundo a Agência Internacional de Energia, ainda bem abaixo de setores como o industrial (36%) e residencial (28%).
O bônus limpo do Brasil só dura se a gente usar melhor
Mesmo com eletricidade majoritariamente renovável, o efeito-escala do consumo digital pode apagar essa vantagem. A conta real está no dispositivo e no tempo de uso. Se o usuário reduz a qualidade do vídeo e prioriza telas menores, a pegada de carbono cai sem “desligar” a economia digital.
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