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Caminhões elétricos da China estão acelerando a substituição do diesel

Análise mostra que a transição para veículos pesados a bateria não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”, com a China na liderança absoluta.

Análise de Michael Barnard, publicada no site especializado CleanTechnica, apresenta um argumento convincente de que a supremacia global do diesel nos caminhões pesados está com os dias contados. O estudo, intitulado “China’s BEV Trucks and the End of Diesel’s Dominance” (“Os Caminhões Elétricos da China e o Fim da Dominância do Diesel”, em tradução livre), não se baseia em projeções otimistas, mas em dados concretos de produção, vendas e uma análise econômica implacável que aponta a China como a grande protagonista dessa revolução silenciosa.

A principal tese do artigo é que a transição para os Battery Electric Vehicles (BEVs), ou Veículos Elétricos a Bateria, no segmento de caminhões não será um processo lento e gradual, mas uma mudança brusca, semelhante a um “ponto de virada” (tipping point). E, segundo Barnard, esse ponto já foi ultrapassado na China e começa a se espalhar para outros mercados.

A liderança da China na produção e uso de caminhões elétricos

Enquanto o Ocidente ainda discute a viabilidade dos caminhões elétricos, a China já os coloca em massa nas estradas. O artigo destaca números impressionantes:

  • Domínio na produção: Em 2024, a China foi responsável por 95% de todos os caminhões pesados elétricos vendidos globalmente.

  • Crescimento exponencial: As vendas de caminhões BEV de médio e grande porte na China saltaram de 2.500 unidades em 2021 para mais de 53.000 em 2024. A projeção para 2025 é que esse número ultrapasse 100.000 unidades.

  • Frota operacional: Atualmente, mais de 70% de todos os caminhões pesados elétricos em operação no mundo estão nas estradas chinesas.

Esses dados mostram que a questão não é mais tecnológica ou de aceitação do mercado, mas de escala industrial. A China resolveu o problema da produção em massa.

As projeções para o fim de 2022 lidam com mais de 200.000 caminhões eletrônicos para a China, 139.000 para a Europa e 91.000 para a América do Norte (dos quais 87.000 estão previstos para estar nos EUA)

As projeções para o fim de 2022 lidam com mais de 200.000 caminhões eletrônicos para a China, 139.000 para a Europa e 91.000 para a América do Norte (dos quais 87.000 estão previstos para estar nos EUA). Olhando para caminhões médios e pesados, a China deverá permanecer à frente até 2030. Isso ocorre porque a China tem um mercado total maior para esses caminhões, para que possa vencer a Europa e os EUA em volumes de caminhões elétricos por ter uma penetração semelhante, de acordo com a Interact Analysis. Embora essa visão particular se concentre em veículos elétricos a bateria, a China também tem uma posição forte sobre veículos movidos a célula de combustível, vendendo a maioria dos caminhões de célula de combustível (e ônibus) registrados no mundo em 2021 e 2022. Fonte: Sustainable Truck&Van

A equação econômica que inviabiliza o diesel

Barnard vai além de apresentar números de vendas. Ele explica por que essa transição é irreversível, centrando o argumento na vantagem econômica decisiva dos BEVs.

  1. Custo Total de Propriedade (TCO): O custo da eletricidade para mover um caminhão é drasticamente menor do que o custo do diesel para uma mesma distância. Mesmo considerando o preço inicial mais alto do veículo elétrico, a economia em combustível e manutenção (já que motores elétricos são muito mais simples e têm menos peças de desgaste) torna o BEV mais barato ao longo de sua vida útil.

  2. Previsibilidade de custos: A eletricidade tem um preço muito mais estável do que o diesel, que está sujeito às flutuações geopolíticas do petróleo. Isso permite que as empresas de transporte façam um planejamento financeiro de longo prazo mais seguro.

  3. Durabilidade das baterias: O artigo contesta a narrativa de que as baterias se degradam rapidamente. Dados de ônibus elétricos na China, que rodam em ciclos intensos há anos, mostram que a degradação é mínima, garantindo uma vida operacional longa e rentável.

O efeito dominó

A produção em escala chinesa não serve apenas ao seu mercado interno. Ela está criando um “tsunami” de veículos e componentes (especialmente baterias) que inundará os mercados globais. Caminhões elétricos chineses, que já são competitivos em preço mesmo sem subsídios, começarão a ser exportados em massa, pressionando as fabricantes tradicionais da Europa e América do Norte.

Empresas como Mercedes, Volvo e Scania, que planejavam uma transição gradual até 2040, podem ser forçadas a acelerar seus planos sob o risco de perderem mercado para produtos mais baratos e tecnologicamente maduros vindos do Oriente.

Mudança de paradigma

O artigo de Michael Barnard deixa uma mensagem clara: o fim da dominância do diesel nos caminhões pesados não é uma previsão para o futuro distante, mas um processo em andamento, liderado e acelerado pela China. A transição é movida não apenas por políticas ambientais, mas, sobretudo, pela lógica econômica.

Para o Brasil e outros países, a lição é a necessidade de se preparar para essa nova realidade, investindo em infraestrutura de recarga, revisando políticas de importação e incentivando a indústria local para não ficar para trás na que será a maior transformação do setor de transportes desde a invenção do motor a combustão interna.

Leia o artigo original (em inglês) de Michael Barnard no site CleanTechnica: China’s BEV Trucks and the End of Diesel’s Dominance

 

Citação
EcoDebate, . (2025). Caminhões elétricos da China estão acelerando a substituição do diesel. EcoDebate. https://www.ecodebate.com.br/2025/12/01/caminhoes-eletricos-da-china-estao-acelerando-a-substituicao-do-diesel/ (Acessado em dezembro 1, 2025 at 00:56)

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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