Renaturalização urbana é vital para restaurar ecossistemas e a vida selvagem em nossas cidades
Estudo defende a reintrodução de espécies faunísticas em ambientes urbanos como chave para combater a perda de biodiversidade, promover o bem-estar humano e reconstruir teias alimentares essenciais.
O conceito de “renaturalização” tem ganhado força na comunidade conservacionista, embora a maior parte dos esforços tenha se concentrado em grandes áreas protegidas, longe das áreas urbanas que sofrem perdas significativas de biodiversidade.
No entanto, pesquisadores da Universidade de Sydney propõem a “renaturalização urbana” como uma abordagem vital para lidar com o declínio da biodiversidade, especialmente em cidades em rápido crescimento, que em breve abrigarão 70% dos habitantes humanos da Terra.
A renaturalização urbana se distingue das abordagens tradicionais de conservação que geralmente se concentram na reintrodução de espécies vegetais. De fato, a maioria (65%) dos esforços de restauração urbana examinado em artigos se concentrou exclusivamente na vegetação, enquanto apenas 1,2% documentou reintroduções ativas de espécies faunísticas terrestres em ambientes urbanos.
Reconstruindo a vida selvagem e a função do ecossistema
Finnerty e colegas argumentam que a reintrodução de espécies faunísticas em áreas relativamente pequenas, dentro ou perto de zonas de habitação e comércio, é essencial para restaurar ecossistemas urbanos.
As reintroduções de plantas, embora valiosas, muitas vezes não conseguem “reconstruir” completamente os ecossistemas, pois a natureza fragmentada dos habitats urbanos impede que as espécies animais os alcancem e restabeleçam suas populações.
A reintrodução da vida selvagem urbana tem o poder de “aumentar a ‘natureza selvagem’,” aprimorar a função do ecossistema, otimizar a ocupação em nível trófico e as teias alimentares, restaurar conjuntos históricos de espécies e promover ecossistemas mais autossustentáveis”.
Embora os dados disponíveis destaquem a necessidade de reintrodução de espécies faunísticas para otimizar as teias alimentares, esse foco na fauna é crucial para trazer de volta a vida selvagem que sustenta os processos ecológicos.
A reintrodução de espécies animais é, portanto, fundamental para restaurar os ecossistemas, permitindo que a natureza fragmentada nas cidades possa suportar populações que desempenham papéis vitais no ecossistema, como aqueles relacionados à movimentação de sementes e à polinização.
Benefícios multidimensionais: da natureza à saúde humana
Os benefícios da renaturalização urbana vão muito além da esfera ecológica, tendo os humanos como principais beneficiários. Os pesquisadores apontam que a reintrodução da vida selvagem urbana pode proporcionar benefícios substanciais à saúde e ao bem-estar dos moradores da cidade.
A interação com a natureza em ambientes urbanos, fomentada por estes esforços de renaturalização, resulta em “uma infinidade de benefícios mensuráveis para a saúde e o bem-estar”.
Além disso, ao reintroduzir espécies onde as pessoas vivem e trabalham, a renaturalização urbana cria uma oportunidade única para o envolvimento da comunidade. Isso promove um senso de colaboração e propriedade no processo de reintrodução da vida selvagem, nutrindo uma conexão mais profunda entre os moradores urbanos e seus ecossistemas locais.
Em conclusão, a renaturalização urbana é defendida como uma abordagem vital que complementa iniciativas mais amplas de restauração ecológica. Ao reintroduzir ativamente a vida selvagem, as cidades podem não apenas combater a perda global de biodiversidade, mas também garantir um futuro mais saudável e engajado para seus habitantes.
Seleção de exemplos que ilustram projetos globais de rewilding e reintrodução de espécies
Fonte: American Institute of Biological Sciences
Referência:
Patrick B Finnerty, Alexandra J R Carthey, Peter B Banks, Rob Brewster, Catherine E Grueber, Donna Houston, John M Martin, Phil McManus, Francesca Roncolato, Lily M van Eeden, Mareshell Wauchope, Thomas M Newsome, Urban rewilding to combat global biodiversity decline, BioScience, 2025;, biaf062, https://doi.org/10.1093/biosci/biaf062
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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