Degradação dos solos por atividades agrícolas
Antonio Mario Reis de Azevedo Coutinho (*)
O solo é um dos elementos fundamentais da biosfera, essencial para a humanidade, tendo em vista a sua função para a produção agrícola e para o equilíbrio dos ecossistemas terrestres. Trata-se de um recurso natural que pode ser considerado como não-renovável a curto e médio prazos, considerando-se o tempo médio que leva para a sua formação. Desta forma, o solo deve ser considerado como um dos recursos naturais mais importantes para o planeta, sendo que a sua exploração não deve jamais exceder a capacidade de uso, o que poderia levar ao desenvolvimento de processos de degradação.
A adoção de sistemas intensivos de exploração agrícola, têm causado alterações marcantes nas propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, principalmente nos horizontes mais superficiais, diminuindo a sua capacidade produtiva.
Características como estrutura, porosidade, densidade, condutividade hidráulica, fertilidade, teor de matéria orgânica, condutividade elétrica do extrato de saturação e porcentagem de sódio trocável, têm sido modificadas de forma desfavorável, implicando sério comprometimento do sistema solo-água-planta, podendo evoluir para processos de degradação.
Entre os principais fatores responsáveis pelos processos de degradação do solo encontra-se a ação antrópica. O homem ao intervir no ambiente para o estabelecimento de sistemas agrícolas, frequentemente utiliza-se de forma inadequada dos recursos naturais, causando impactos ambientais negativos. Estes impactos podem manifestar-se sobre o solo, sobre os recursos hídricos, comprometendo o desenvolvimento sustentável dos agroecossistemas.
A FAO reconhece seis grupos de degradação dos solos: degradação física; erosão hídrica e erosão eólica; degradação química; degradação biológica; degradação por excesso de sais.
2. ASPECTOS GERAIS SOBRE A DEGRADAÇÃO DE SOLOS
A degradação do solo é um grave problema que afeta amplas áreas do mundo, cuja principal riqueza tem sido tradicionalmente a agricultura. A velocidade e intensidade dos processos de degradação que ocorrem nessas áreas são função de diversos fatores e variam de umas zonas para outras.
Segundo FAO (1980), a degradação do solo pode ser definida como o processo que diminui a capacidade atual e potencial do solo para produzir (quantitativa e qualitativamente) bens ou serviços. Trata-se de um fenômeno dinâmico, que provoca mudanças na qualidade e na produtividade dos solos.
De acordo com MON E IRURTIA (1996), a degradação do solo é a conseqüência de qualquer processo físico, químico, biológico ou mecânico, induzido pelo homem, que produza alguma perda das características ou propriedades do solo, conduzindo à diminuição de sua capacidade produtiva atual ou futura. A degradação do solo induzida pelo homem é o resultado das interações entre a atividade humana e os recursos solo, clima, relevo e vegetação.
Segundo LAL (1989), a degradação do solo inclui deterioração física, química e biológica, tais como declínio na sua fertilidade, declínio na condição estrutural, erosão, salinidade, alcalinidade, acidez e efeito de elementos tóxicos, poluentes ou inundação excessiva (LAL apud FAGERIA, 2006).
Além do mais, a degradação do solo pode causar outras alterações, a exemplo de: a) redução da diversidade e atividade biológica da biota; b) alteração na dinâmica e ciclagem dos nutrientes e no fluxo de energia no ecossistema; c) acúmulo de compostos poluentes provocados pela queda na taxa de degradação e mudanças nas características físico-químicas (MICRORGANISMOS E PROCESSOS BIOLÓGICOS (…), 1994).
Atualmente, as principais causas da degradação do solo são as práticas de determinados tipos de sistemas de cultivo que conduzem a uma diminuição da qualidade do solo. Entre as práticas de cultivo inadequadas pode-se destacar: excesso da ação do arado no solo, seja pela freqüência ou intensidade, podendo conduzir a uma grave diminuição da estabilidade estrutural; trabalho do solo praticado a uma profundidade constante originando o processo de compactação dos horizontes sub-superficiais (pé-de-arado e pé-de-grade); a substituição de adubos orgânicos exclusivamente por adubos sintéticos, provocando um decréscimo no conteúdo de matéria orgânica do solo, contribuindo para a degradação da estrutura.
Além destas, outras práticas podem ser relacionadas com a degradação dos solos, como a utilização de águas salinas na irrigação de solos de regiões áridas e semi-áridas, sem um manejo adequado do solo e da água, levando à salinização dos solos, bem como à utilização exclusiva de fertilizantes sintéticos, através do uso de fórmulas, contribuindo para o aumento da salinidade nos solos irrigados e desequilíbrios de fertilidade.
Estima-se que 0,3% a 0,5 % (4 milhões a 7 milhões de hectares) da terra produtiva do mundo está sendo retirada da produção a cada ano e que a taxa de degradação está se acelerando. Havia uma projeção que, pelo final do século passado, 10 milhões de hectares (0,7%) seriam perdidos a cada ano (FAO, 1983 apud FAGERIA, 2006). Segundo MABBUT, a degradação do solo afeta cerca de 35% da superfície do planeta (MABBUT apud FAGERIA, 2006).
Entre os recursos naturais, os solos podem ser considerados como um dos mais importantes, tendo em vista a sua função essencial de permitir o desenvolvimento dos cultivos para a produção de alimentos, garantindo a subsistência da humanidade.
Por este motivo, devem ser utilizados de maneira bastante criteriosa e racional, sendo que a sua exploração não deve jamais exceder a capacidade de suporte de uso, o que pode levar ao desenvolvimento de processos de degradação.
A adoção de sistemas intensivos de exploração agrícola podem causar alterações marcantes nas propriedades físicas e químicas dos solos, principalmente nos horizontes mais superficiais, podendo evoluir para processos de desertificação.
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(*) Antonio Mario Reis de Azevedo Coutinho. Engenheiro Agrônomo – Mestre em Geoquímica e Meio Ambiente (MSc) – Possui especialização em Engenharia de Irrigação (UFBA). Se aposentou como pesquisador da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola – EBDA – Laboratório de Solos – Ondina.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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