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Artigo

O mundo avança na produção de energia solar

 

Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

O mundo passa por uma crise climática que representa uma ameaça existencial à civilização humana. Os últimos 10 anos foram os mais quentes do Holoceno (últimos 12 mil anos) e os últimos 2 anos só encontram correspondência nas temperaturas de 120 mil anos atrás. Em 2024, a anomalia da temperatura superou 1,5ºC, limite mínimo do Acordo de Paris.

Mitigar o aquecimento global exige corte nas emissões de gases de efeito estufa e avanço da transição energética para descarbonizar a economia. O relatório “Panorama do Mercado Global de Energia Solar 2025-2029” apresenta um cenário positivo do avanço da energia solar, embora o montante produzido ainda seja insuficiente para deter o avanço do efeito estufa.

Segundo o relatório, o ano de 2024 foi um verdadeiro marco para a energia solar. As instalações solares globais atingiram quase 600 gigawatt (GW), sendo que 1 GW contém 1 bilhão de watts. Este foi um impressionante aumento de 33% em relação ao ano anterior – estabelecendo mais um recorde histórico. A energia solar foi responsável por 81% de toda a nova capacidade de energia renovável adicionada em todo o mundo.

Embora continue sendo uma contribuição modesta para a geração total de eletricidade por enquanto, a participação da energia solar aumentou para 7% em 2024 – quase dobrando em apenas três anos.

A energia solar apresentou o crescimento mais rápido entre todas as tecnologias de geração de energia em termos de produção de eletricidade, três vezes mais que a energia eólica, que ficou em segundo lugar.

Como se não bastasse, a capacidade solar instalada global ultrapassou 2 Terawatt – TW em 2024 (1 terawatt corresponde a um trilhão de watts). O mundo levou quase 70 anos para atingir o primeiro terawatt, mas apenas mais dois para dobrá-lo.

Esse progresso foi impulsionado por rápidos avanços tecnológicos que reduziram significativamente os custos, pela versatilidade incomparável da energia solar – desde pequenos sistemas plug-in ou em telhados até instalações em larga escala – e por preços historicamente baixos, impulsionados pelo excesso de capacidade de produção global. Como resultado, a energia solar está cada vez mais superando outras tecnologias de geração de energia em todos os aspectos.

No futuro, no entanto, ainda existem desafios que precisam ser enfrentados para que a energia solar continue a atingir seu potencial. Embora se espere um crescimento contínuo do mercado, projeta-se que o ritmo diminua após vários anos de expansão explosiva.

No cenário mais realista do relatório, se prevê um aumento de 10% nas instalações, para 655 GW em 2025, com taxas de crescimento anuais permanecendo na casa dos dois dígitos entre 2027 e 2029, atingindo 930 GW ao final deste período de previsão. No entanto, atingir a meta aspiracional do Conselho Solar Global de 8 TW até 2030 exigirá um ritmo de implantação significativamente acelerado – cerca de 1 TW de novas instalações por ano, em média.

O gráfico abaixo mostra que as instalações globais de energia solar fotovoltaica atingiram 597 GW – um aumento de 33% em relação a 2023, um montante de 148 GW. Embora a taxa de crescimento anual tenha desacelerado em comparação com o aumento excepcional de 85% em 2023, ainda foi substancial o suficiente para reforçar o domínio da energia solar na expansão global de energia renovável.

Diversos fatores contribuíram para esse impulso sustentado. As melhorias tecnológicas que transformaram a energia solar versátil na tecnologia de geração de energia de menor custo em muitos lugares do mundo, juntamente com os preços recordes dos componentes solares – em grande parte devido ao significativo excesso de capacidade de fabricação ao longo da cadeia de valor da energia solar – tornaram os produtos solares mais acessíveis do que nunca.

Ao mesmo tempo, a energia solar fotovoltaica está sendo cada vez mais reconhecida como uma tecnologia fundamental nas estratégias climáticas, políticas e de segurança energética em todo o mundo. A região da Ásia-Pacífico permaneceu como líder regional indiscutível, respondendo por 70% das adições de capacidade global e um crescimento anual de 37%. A China é o grande destaque, respondendo por mais da metade das novas instalações de energia solar e foram 20 usinas de Itaipu somente em 2024.

As Américas também aumentaram em 40%, atingindo uma participação de mercado de 14%. A Europa também apresentou crescimento, embora em um ritmo mais lento, aumentando em 15%, para 82,1 GW, com uma participação de mercado de 14%. Por outro lado, o Oriente Médio e a África foram as únicas regiões a apresentar um declínio anual em 2024, diminuindo 2% para 14,5 GW e representando 2,4% do mercado global.

250811 energia solar global adicionada em 2024

A energia solar já se mostrou viável e competitiva. Se os líderes mundiais quiserem genuinamente promover a descarbonização da economia serão necessárias novas medidas para reforçar as prioridades atuais. É preciso rever os subsídios aos combustíveis fósseis e aumentar os investimentos em energias renováveis.

Pela primeira vez, um aumento na produção de energia renovável em 2025 na China levou a uma queda nas emissões de carbono do país, apesar do rápido aumento da demanda por energia. O crescimento da geração de energia limpa ultrapassou o crescimento médio atual e de longo prazo da demanda por eletricidade, reduzindo o uso de combustíveis fósseis. O decrescimento populacional e a transição energética estão contribuindo para o início da descarbonização na China. O tarifaço tresloucado de Donald Trump não parece capaz de evitar a dominância chinesa.

O sol e o vento são recursos naturais abundantes e renováveis, mas, indubitavelmente, não podem fazer milagres e nem evitar o imperativo do metabolismo entrópico, como ensina a escola da economia ecológica. A COP30, de Belém, deveria ter como uma das tarefas centrais impulsionar a transição energética.

A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga do Planeta e o avanço da energia solar deve vir acompanhado do planejamento do decrescimento demoeconômico, promovendo a redução da pegada ecológica e aumentando os investimentos na restauração ecológica.

José Eustáquio Diniz Alves
Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

Referências:

ALVES, JED. O futuro da Energia Solar pode ser brilhante, Ecodebate, 21/06/2017

https://www.ecodebate.com.br/2017/06/21/o-futuro-da-energia-solar-pode-ser-brilhante-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. O grande crescimento global da energia solar em 2017, Ecodebate, 28/03/2017

https://www.ecodebate.com.br/2018/03/28/o-grande-crescimento-global-da-energia-solar-em-2017-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. A Singularidade Solar, Ecodebate, 15/12/2017

https://www.ecodebate.com.br/2017/12/15/singularidade-solar-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

ALVES, JED. O avanço das energias renováveis e a urgência da descarbonização da economia, Ecodebate, 29/01/2024

https://www.ecodebate.com.br/20 24/01/29/o-avanco-das-energias-renovaveis-e-a-urgencia-da-descarbonizacao-da-economia/

Solar Power Europe (2025): Global Market Outlook for Solar Power 2025-2029

https://api.solarpowereurope.org/uploads/Global_Market_Outlook_2025_v1_aaebd9698b.pdf

 

Nota da Redação – Sobre o tema “Energia Solar” recomendamos que leia, também:

 

Citação
EcoDebate, . (2025). O mundo avança na produção de energia solar. EcoDebate. https://www.ecodebate.com.br/2025/08/11/o-mundo-avanca-na-producao-de-energia-solar/ (Acessado em agosto 11, 2025 at 10:23)

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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