Por que EUA e Europa temem o poder crescente dos BRICS?

Bloco representa quase metade da humanidade e possui recursos estratégicos que podem quebrar hegemonia do dólar americano
China, Índia, Brasil, Rússia e África do Sul concentram 3,7 bilhões de pessoas, vastos territórios ricos em recursos naturais e tecnologias como o PIX que ameaçam o domínio econômico ocidental no cenário mundial
O Brasil na Conjuntura Global
Artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)
Sabemos que Bolsonaro é um pretexto, mas conveniente. O problema está nos BRICS. Porém, por que Estados Unidos e Europa temem os BRICS? Vamos a alguns elementos:
China tem 1,4 bilhão de pessoas e uma extensão de 9,6 milhões de Km2; Índia tem aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas e uma extensão territorial de 3,2 milhões de Km2; Brasil tem 212 milhões de pessoas e uma extensão de 8,5 milhões de Km2; África do Sul tem uma população de 60 milhões de habitantes e uma extensão de 1,2 milhão de km2; a Rússia tem uma população de 146 milhões de pessoas e uma extensão territorial de 17 milhões de km2. Portanto, quase metade da humanidade está nesses cinco países. Por consequência, aí está um vasto mercado mundial e um vastíssimo território, recheado de riquezas naturais, inclusive os metais estratégicos para a transição energética. Um exemplo são as Terras Raras, sendo que a China está em primeiro lugar em reservas e o Brasil em segundo.
Ainda mais, China e Índia têm culturas de 5 mil anos, baseadas em filosofias e cosmovisões orientais como o Taoísmo, Budismo e Confucionismo na China, Hinduísmo e outras na Índia, altamente formatadoras da alma e da ética dessas populações. O confucionismo, por exemplo, tem como princípios éticos: benevolência ou humanidade, retidão ou justiça, rituais ou etiqueta, sabedoria, Integridade ou confiança.
Além do mais, a China é comandada por um partido único, ao estilo marxista-leninista, onde as pessoas podem participar através das instâncias do partido, mas não por outro partido. Logo, pode fazer planejamento para 20, 30, quantos anos quiser. E o que é planejado é realizado sem desperdício de dinheiro público e com pouquíssimos riscos de descontinuidade. Essa organização ética-política ajuda entender a explosão tecnológica e comercial da China.
Grande parte da população dos Estados Unidos é a do consumo imediato, vive da mão para a boca. Não tem disciplina para planejar o futuro a não ser pela ideologia capitalista de produção e consumo, ou pelas armas.
Os EEUU controlam o comércio mundial pelo dólar, única moeda aceita. Desdolarizar a economia é solapar os pés de barro do império. Mais cedo ou mais tarde, com ou sem guerras, a desdolarização será posta no novo mundo que surge. Aí entra o PIX, que é futuro do dinheiro, segundo o economista norte-americano Paul Krugman.
O atual governo brasileiro sabe onde está o futuro e por isso é aliado dos BRICS. Porém, esse conglomerado de países ainda não tem força militar própria para enfrentar EEUU e Europa.
Logo, para Trump, é preciso derrubar esse governo brasileiro, desmantelar os BRICS e colocar um poste tipo Bolsonaro no governo brasileiro, ou qualquer outro, desde que obedeça fielmente às ordens do imperador externo.
Não é só o futuro do Brasil que está em jogo, é de toda a humanidade. O Império decadente não tem forças para conter a roda da história, mas ainda tem forças para causar guerras e destruições em boa parte do mundo.
Roberto Malvezzi (Gogó) é graduado em Estudos Sociais, Filosofia e Teologia. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco
Nota da Redação: Sobre o tema “BRICS e desdolarização” recomendamos que leia, também:
BRICS e desdolarização: Uso de moedas nacionais é estratégia de resiliência
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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