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China e Índia lideram e redefinem o futuro energético global

 

Usina solar térmica em construção em Jiuquan, China, em janeiro de 2024.
Uma usina solar térmica em construção em Jiuquan, China, em janeiro de 2024. Foto: Yale E360

China e Índia, dois gigantes asiáticos, aceleram transição para energia não fóssil e estabelecem novos marcos mundiais em capacidade renovável

A transição energética global ganhou dois protagonistas decisivos: China e Índia. Enquanto o mundo debate metas climáticas, esses países asiáticos estão transformando o setor energético mundial com investimentos massivos em energia limpa e resultados que superam expectativas internacionais.

Índia antecipa meta do acordo de Paris em cinco anos

A Índia anunciou na segunda-feira ter atingido 50% de sua capacidade instalada de eletricidade a partir de fontes não fósseis, alcançando cinco anos antes do prazo a meta estabelecida no Acordo de Paris para 2030. O feito representa um marco significativo para o segundo país mais populoso do mundo, que historicamente dependia fortemente do carvão para geração de energia.

O país adicionou quase 28 gigawatts (GW) de energia solar e eólica em 2024 e já instalou 16,3 GW de capacidade nos primeiros cinco meses de 2025. Essa aceleração coincide com o crescimento mais rápido da produção de energia renovável desde 2022, enquanto a geração a carvão registrou queda de quase 3%.

A estratégia indiana não para por aí. O governo estabeleceu a ambiciosa meta de atingir 500 GW de capacidade não fóssil até 2030, incluindo hidrelétrica e nuclear. Para sustentar essa transição, o país está investindo em armazenamento em baterias, circularidade em componentes solares e eólicos, e desenvolvimento de hidrogênio verde.

China: o gigante solar que redefine padrões mundiais

A China, apesar de continuar sendo a maior emissora global de gases de efeito estufa, ocupa posição única na transição energética mundial. O país instalou 55% de todos os painéis solares do mundo em 2024, demonstrando escala de investimento sem precedentes.

Entre janeiro e maio de 2025, a China instalou impressionantes 198 GW de painéis solares – capacidade quase equivalente ao total acumulado dos Estados Unidos (239 GW). Com isso, o país ultrapassou a marca histórica de 1.000 GW de painéis solares instalados, embora enfrente desafios para conectar toda essa capacidade à rede elétrica.

As projeções para 2025 são ainda mais ambiciosas: a China deve adicionar pelo menos 246,5 GW de energia solar e 97,7 GW de energia eólica. O país já operava 1,5 terawatts de capacidade solar e eólica no final de março, consolidando sua liderança mundial no setor.

Impacto econômico e transformação estrutural

Os números revelam uma transformação estrutural profunda. Na China, energia solar e eólica representaram 22,5% do consumo total de eletricidade no primeiro trimestre de 2025, enquanto a energia limpa impulsionou um quarto do crescimento econômico do país no ano passado.

O crescimento explosivo de carros elétricos e trens elétricos na China significa que uma parcela crescente de sua energia é fornecida através da eletricidade, levando especialistas a considerarem o país como o primeiro “eletroestado” do mundo.

Lições para o mundo

O sucesso de China e Índia oferece lições valiosas para outros países. Ambos demonstram que a transição energética não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica e estratégica. A combinação de políticas públicas consistentes, investimentos em escala e foco em tecnologias complementares (como armazenamento e hidrogênio verde) mostra-se fundamental para acelerar a descarbonização.

Enquanto a Índia prova que países em desenvolvimento podem superar metas climáticas internacionais, a China demonstra como investimentos massivos em energia limpa podem redefinir cadeias produtivas globais e criar novos motores de crescimento econômico.

Desafios persistentes

Apesar dos avanços, desafios permanecem. A China ainda precisa melhorar a integração de sua capacidade renovável à rede elétrica, enquanto a Índia precisa manter o ritmo de investimentos para atingir sua meta de 500 GW até 2030.

Ambos os países também enfrentam o desafio de equilibrar crescimento econômico acelerado com sustentabilidade ambiental, especialmente considerando suas grandes populações e demandas energéticas crescentes.

A experiência de China e Índia demonstra que a transição energética não é mais uma questão de “se”, mas de “quando” e “como”. Seus sucessos estabelecem novos padrões globais e aceleram a corrida mundial por energia limpa, redefinindo o futuro energético do planeta.

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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