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Calor urbano avança 5x mais rápido em países de baixa renda

 

Calor na cidade do Rio de Janeiro, região da Central do Brasil
Foto: EBC/ABr

Estudo internacional mostra que ilhas de calor urbano avançam até cinco vezes mais rápido em países pobres. Falta de arborização e planejamento ampliam desigualdades climáticas e saúde pública

Enquanto as ondas de calor se tornam mais frequentes no Brasil, um estudo publicado na revista Frontiers traz um alerta global: o fenômeno das ilhas de calor urbanas (áreas da cidade significativamente mais quentes que suas vizinhanças rurais) está se intensificando muito mais rápido em países de baixa renda.

A pesquisa, disponível aqui, aponta que desigualdades econômicas estão diretamente ligadas ao aquecimento acelerado das metrópoles.

O que são ilhas de calor urbanas?

O asfalto, a falta de árvores e a concentração de edifícios fazem com que grandes cidades retenham mais calor, criando microclimas até 10°C mais quentes que zonas rurais. Esse efeito, conhecido como ilha de calor, aumenta riscos à saúde, o consumo de energia e a poluição.

Dados de satélite revelam desigualdade climática

Analisando dados de satélite de 2001 a 2020 em cidades de 150 países, os pesquisadores compararam a intensidade das ilhas de calor em nações de diferentes níveis de renda. Os resultados são alarmantes:

  • Países de baixa renda: Aumento de 0,5°C por década na intensidade do calor urbano.

  • Países ricos: Aumento de apenas 0,1°C ncllimo mesmo período.

Isso significa que, em 20 anos, cidades como Nairóbi (Quênia) ou Daca (Bangladesh) aqueceram dez vezes mais que Tóquio (Japão) ou Berlim (Alemanha).

Por que a renda faz diferença?

Segundo o estudo, três fatores explicam a disparidade:

  1. Vegetação: Cidades ricas têm mais parques e áreas verdes, que resfriam o ar.

  2. Equipamentos Urbanos: Países ricos usam pavimentos refletores e telhados verdes; países pobres dependem de concreto e metal, que absorvem calor.

  3. Planejamento: Urbanização desordenada em países pobres prioriza expansão rápida, sem políticas ambientais.

“Países com menos recursos têm menos capacidade de investir em infraestrutura sustentável. Isso cria um ciclo vicioso: a pobreza acelera as mudanças climáticas locais, que, por sua vez, aprofundam desigualdades sociais”, explica um trecho do artigo.

Impactos na saúde e na economia

O calor extremo é uma das principais causas de mortes relacionadas ao clima.

Em cidades pobres, onde há menos acesso a ar-condicionado e sistemas de saúde robustos, idosos e comunidades periféricas são os mais afetados.

Além disso, o aumento do consumo de energia para resfriamento pode sobrecarregar redes elétricas e elevar emissões de carbono.

Há solução?

Os pesquisadores destacam medidas como:

  • Plantio massivo de árvores em áreas urbanas.

  • Incentivo a materiais de construção que refletem luz solar.

  • Políticas públicas que integrem mudanças climáticas ao planejamento urbano.

Porém, o estudo ressalta que países pobres precisam de apoio internacional para implementar essas soluções, já que muitos enfrentam dívidas e prioridades imediatas, como combate à pobreza.

Um problema global que exige ação coletiva

“Enquanto o mundo discute metas globais de carbono, este estudo mostra que a crise climática também é local e profundamente desigual. Cidades pobres estão literalmente pegando fogo, e isso exige cooperação internacional urgente”, conclui o artigo.

Referência:

Yuan, Y., Santamouris, M., Xu, D. et al. Surface urban heat island effects intensify more rapidly in lower income countries. npj Urban Sustain 5, 11 (2025). https://doi.org/10.1038/s42949-025-00198-9

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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