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Qual papel os torcedores têm na poluição urbana em dias de jogos?

 

foto de torcedores com a bandeira do Brasil

O futebol é um dos esportes mais populares no mundo, portanto, a ideia de que ele pode gerar um alto nível de poluição já era esperada. Segundo diferentes fontes, a modalidade polui mais de 60 toneladas de CO2 por ano, o que equivale à emissão anual de um pequeno país inteiro. Evidentemente, outros esportes também geram poluição, embora alguns deles sejam naturalmente mais sustentáveis — sobretudo aqueles praticados ao ar livre e sem muitos equipamentos.

Mas, independentemente de qual seja a modalidade, a maior poluição vem sempre ao redor dela: no deslocamento dos torcedores e fãs. Afinal, como os torcedores participam disso? Desde a saída de casa até a chegada no estádio ou evento, como a presença e as atitudes dos espectadores podem prejudicar o meio ambiente?

Infelizmente, formas de poluir não faltam

Se você decide ficar em casa, assistir ao jogo pela TV e até fazer uma aposta online, as preocupações com a poluição são bem menores. Plataformas de 20 reais, 10 reais e outras semelhantes permitem fazer tudo de forma prática, com recargas simples, sem sair do conforto do lar.

Por outro lado, apostar presencialmente, quando permitido, certamente geraria ainda mais impacto — deslocamentos, gastos com impressão de papéis e outros tipos de consumo extra. Já nos fãs e torcedores que gostam de acompanhar o esporte bem de perto, as formas de poluir são variadas:

O transporte é um dos principais vetores

Principalmente em um país como o Brasil, onde há desafios relacionados à segurança e ao transporte público, todos preferem ir com seus carros, muitas vezes sozinhos. Assim, isso polui ainda mais em comparação com o transporte público, que levaria bem mais pessoas.

O lixo e consumo de alimentos

Após a chegada no evento, é difícil encontrar alguém que vá somente assistir ao jogo. O consumo de alimentos e bebidas é uma prática quase indissociável do público. Portanto, pense em um estádio com 50 mil pessoas: quanto plástico e restos de alimentos podem ser descartados? Na Copa do Mundo no Mineirão, estimou-se que 25 de toneladas de lixo foram recolhidas no estádio e ao redor dele por partida, por exemplo.

Outros tipos de poluição também são relevantes

A poluição sonora, pelo próprio movimento dos veículos, barulho da torcida, músicas e toda a agitação, complementados pelos estrondosos foguetes, são exemplos perfeitos. Além disso, sinalizadores, papéis higiênicos, confetes e outros objetos complementam a festa, mas também o saldo de degradação ambiental.

Por fim, os gastos de energia elétrica para refrigeradores e iluminação dos palcos também são importantes e não podem ser esquecidos, embora estejam mais sob o controle dos organizadores.

Entendendo o papel de cada um na história

Os torcedores e fãs geram muita poluição, e é claro que uma grande parcela disso vem por parte das atitudes e escolhas que eles fazem. Porém, basta pensar na logística e infraestrutura que esportes como o futebol envolvem: é realmente possível poluir menos diante das opções que as pessoas têm para se locomover, alimentar e festejar?

Bom, é por isso que grande parte do problema tem a ver com os próprios organizadores do esporte. O quão preocupados estão com a poluição? Bom, retomando o próprio Mineirão, estádio de futebol, estamos diante de um dos palcos do esporte mais sustentáveis do mundo: é o que diz o site do governo de Minas Gerais.

A administração da arena reaproveita 25% do lixo gerado, tendo reciclado 121 toneladas de lixo somente em 2024. Ações de gestão hídrica, compostagem, descarte de eletroeletrônicos, entre outras, também fazem parte da logística da administração do maior palco esportivo de Minas Gerais.

Agora, indo para a Argentina, há exemplos como o do Racing, na Argentina, que implementou a separação de resíduos sólidos em seu estádio. Com uma conscientização da torcida, eles conseguiram reduzir em 2 horas o trabalho de limpeza, segundo o Globo Esporte.

De quem é a culpa? Não é essa a pergunta

Enquanto os torcedores acabam sendo os responsáveis por grande parte da poluição em dias de jogos, a logística que eles enfrentam está longe de ser convidativa e interessante para a preservação do meio ambiente. Falta também muita conscientização, assim como ações mais radicais do próprio governo e empresas relacionadas com o gerenciamento do esporte.

Mas, se há um fato aqui, é que embora os torcedores não possam mudar sozinhos a situação, quem está no comando também não consegue fazer milagres. Para uma real mudança, não basta apontar culpados, mas sim mobilizar coletivamente todos os envolvidos.

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