EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Como cobrar danos climáticos de países poluidores?

 

Se o mundo continuar a ignorar a desigualdade dos impactos climáticos, estará perpetuando um sistema que condena os mais pobres a pagar o preço de um desastre do qual não são culpados

Pesquisa calcula impactos econômicos das mudanças climáticas causadas por nações industrializadas e abre caminho para compensações financeiras; Brasil aparece como potencial beneficiário, mas também pode enfrentar responsabilidades.

Estudo do Dartmouth College, apresenta um modelo científico para quantificar os prejuízos econômicos causados pelas mudanças climáticas e atribuir responsabilidades financeiras aos países mais poluidores. A pesquisa, disponível no site da universidade, pode transformar o debate global sobre justiça climática ao fornecer bases concretas para cobranças internacionais.

Como funciona o modelo?

A equipe de pesquisadores desenvolveu uma metodologia que rastreia:

  • Emissões históricas de cada país e seu impacto no clima global
  • Eventos climáticos extremos (secas, enchentes, furacões) agravados por essas emissões
  • Perdas econômicas sofridas por nações vulneráveis

Com esses dados, o estudo calcula quanto os grandes poluidores (como EUA, China e União Europeia) deveriam pagar para compensar os danos causados.

“Pela primeira vez, temos uma ferramenta precisa para vincular emissões específicas a prejuízos reais em outros países”, explica o professor Justin Mankin, um dos autores.

O Brasil na equação climática

A aplicação desse modelo ao Brasil gera conclusões ambíguas:

✅ Potencial beneficiário:

  • O Nordeste sofre com secas cada vez mais intensas
  • A agricultura perde bilhões com variações climáticas
  • Cidades costeiras enfrentam riscos com o aumento do nível do mar

⚠️ Potencial responsável:

  • O desmatamento da Amazônia coloca o Brasil entre os maiores emissores
  • Queimadas e mudanças no uso da terra contribuem para o aquecimento global

Caso o modelo seja adotado, o país poderia ter que compensar vizinhos por danos ambientais

Reações e próximos passos

Especialistas ouvidos pela reportagem destacam:

Benefícios: Compensações financeiras poderiam ajudar na adaptação climática, especialmente para comunidades vulneráveis no semiárido e em áreas costeiras.

Riscos: Se o Brasil não reduzir o desmatamento, poderá enfrentar pressões diplomáticas e até sanções econômicas por sua contribuição ao aquecimento global.

Enquanto isso, a proposta do Dartmouth College deve alimentar debates na próxima COP30, marcada para 2025 no Brasil, colocando ainda mais holofotes sobre as políticas ambientais do país.

Fonte: Dartmouth College

Referência:

Callahan, C.W., Mankin, J.S. Carbon majors and the scientific case for climate liability. Nature 640, 893–901 (2025). https://doi.org/10.1038/s41586-025-08751-3

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O conteúdo do EcoDebate está sob licença Creative Commons, podendo ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, ao EcoDebate (link original) e, se for o caso, à fonte primária da informação