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Artigo

Mudanças climáticas podem tornar o arroz tóxico

 

grãos de arroz
Foto: EBC/ABr

Artigo de Vivaldo José Breternitz (*)


O arroz, o grão mais consumido no mundo, se tornará cada vez mais tóxico à medida que as temperaturas e as emissões de dióxido de carbono aumentam, potencialmente colocando bilhões de pessoas em risco de desenvolver cânceres e outras doenças.

É o que afirma estudo publicado na The Lancet, uma das publicações médicas mais importantes de todo o mundo, fundada em 1823.

Consumido diariamente por bilhões de pessoas e cultivado em todo o mundo, o arroz é indiscutivelmente a cultura básica mais importante do planeta, com metade da população mundial dependendo dele para satisfazer a maioria de suas necessidades alimentares, especialmente nos países mais pobres.

Mas a forma como o arroz é cultivado, principalmente em áreas cobertas de água, e sua textura altamente porosa, permitem que ele absorva níveis incomumente altos de arsênico presente na água – o arsênico é um elemento químico especialmente perigoso para bebês.

Lewis Ziska, professor da Universidade de Columbia, estuda arroz há três décadas e, mais recentemente, concentrou suas pesquisas em como a mudança climática reduz os níveis de nutrientes em muitas culturas básicas, incluindo o arroz.

Ele se uniu a pesquisadores da China e dos EUA para conduzir um estudo inédito, analisando como espécies de arroz reagiam ao aumento da temperatura e do dióxido de carbono, que ocorrem à medida que mais emissões de gases de efeito estufa são liberadas na atmosfera como resultado das atividades humanas – os resultados de suas pesquisas foram publicados por The Lancet Planetary Health.

Por seis anos, Ziska e sua equipe de pesquisadores cultivaram arroz em campos controlados, submetendo-o a diferentes níveis de dióxido de carbono e temperatura. Eles descobriram que quando ambos aumentavam, a quantidade de arsênico nos grãos de arroz também aumentava.

A exposição ao arsênico tem sido associada a cânceres de pele, bexiga e pulmão, doenças cardíacas e problemas neurológicos em bebês.

Tentando minorar o problema, os pesquisadores sugerem o desenvolvimento de novas variedades de arroz, o estabelecimento de limites para a presença de arsênico no arroz e em outros alimentos e a educação dos consumidores, mas, principalmente, a desaceleração das mudanças climáticas.

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.

Referência:

Impact of climate change on arsenic concentrations in paddy rice and the associated dietary health risks in Asia: an experimental and modelling study, The Lancet Planetary Health (2025). https://www.thelancet.com/journals/lanplh/article/PIIS2542-5196(25)00055-5/fulltext

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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