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Adoção global de carros elétricos não reduz emissões de CO2, aponta estudo

 

gráfico dos cenários estimados do estoque global de carros elétricos até 2030

Pesquisa revela que veículos elétricos sozinhos não são suficientes para combater a crise climática

Estudo da University of Auckland destaca que, apesar do crescimento das vendas de veículos elétricos em todo o mundo, as emissões globais de CO2 continuam em alta; especialistas defendem políticas de mobilidade sustentável além da eletrificação.

Apesar do crescimento acelerado das vendas de veículos elétricos (EVs) em todo o mundo, um novo estudo da University of Auckland, na Nova Zelândia, revela que essa tendência não tem resultado na redução significativa das emissões globais de dióxido de carbono (CO2).

A pesquisa, publicada neste mês, aponta que políticas públicas focadas exclusivamente na substituição de carros movidos a combustíveis fósseis por modelos elétricos podem não ser suficientes para enfrentar a emergência climática.

Segundo os autores do estudo, a eletrificação da frota automotiva, embora importante, não resolve as causas estruturais do excesso de emissões no setor de transportes.

A análise destaca que, enquanto os carros elétricos eliminam a emissão de poluentes durante o uso, a produção de energia para recarregá-los e os processos industriais necessários para fabricar baterias continuam fortemente dependentes de combustíveis fósseis em muitas partes do mundo.

Além disso, o estudo chama atenção para o fato de que o simples aumento no número de veículos — elétricos ou não — pode gerar mais tráfego, ampliar o consumo de energia e incentivar estilos de vida baseados em transporte individual motorizado, o que mantém elevada a pegada de carbono global.

Os pesquisadores defendem que os governos precisam adotar uma abordagem mais ampla para descarbonizar o transporte, combinando políticas de incentivo ao transporte público, planejamento urbano focado em mobilidade sustentável, melhorias na infraestrutura para bicicletas e pedestres, e redução da dependência de automóveis.

“A eletrificação da frota é apenas uma parte da solução. Se queremos reduzir emissões de forma consistente, precisamos também transformar nossos sistemas de transporte e a forma como planejamos nossas cidades”, afirma o professor David Hall, coautor do estudo.

O levantamento conclui que, para que os veículos elétricos contribuam de maneira efetiva no combate ao aquecimento global, é fundamental que a matriz energética mundial seja descarbonizada — ou seja, baseada em fontes renováveis como solar, eólica e hidrelétrica. Caso contrário, a transição dos motores a combustão para os elétricos apenas desloca o problema das ruas para as usinas de energia.

O estudo reforça ainda que políticas públicas devem priorizar a redução do uso de carros em geral, independentemente do tipo de motorização, e focar em soluções que tornem as cidades menos dependentes do transporte individual.

Referência:

Miaomiao Tao, Boqiang Lin, Stephen Poletti. Deciphering the impact of electric vehicles on carbon emissions: Some insights from an extended STIRPAT framework. Energy, 2025; 316: 134473 DOI: 10.1016/j.energy.2025.134473

 
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
 

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