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Do kit gay para Palocci vai para Belo Monte – ao Nada, crônica de Paulo Sanda

[EcoDebate] Em primeiro lugar quero declarar que não sou homofóbico. E que também não sou gay.

É engraçado, mas quando se diz que concorda com a união civil dos homossexuais, logo vem alguém dizendo que você está defendendo a “sua classe”.

O intuito deste artigo não é levantar esta polêmica, mas no final das contas fica tudo junto e misturado.

O que a fortuna multiplicada do Palocci tem a ver com o “kit gay”. Teoricamente nada.

Mas a partir do momento que o governo aceita negociar com a bancada evangélica, trocando a retirada do “kit gay” pelo apoio deles para defender o “pobre” Palocci. A coisa fica complica

Por mais que se tente a conta não fecha.

O Palocci é gay se o “kit gay” for para as escolas?

Ou será que o “kit gay” foi fruto de uma das “consultorias” milionárias do Palocci

Ou ainda a Dilma aceitaria se converter ao evangelicalismo utilitário, arcaico e equivocado para que possa defender o Palocci “em nome de jesus”?

Convenhamos é uma verdadeira salada mista.

Mas este é o procedimento de nosso governo.

Um Ibama que aprova a licença final de Belo Monte, sem que sejam cumpridas as condicionantes.

Afinal de contas para que cumprir? A usina sairá sem eles de qualquer forma.

Da mesma forma que se trocam Paloccis por “kit gays”, trocamos vidas, esperança, dignidade, honestidade, natureza, cultura enfim humanidade por;

Nada!

Exatamente nada.

Energia suja, que será usada pela indústria eletro intensiva, de mineração e siderurgia, a preços subsidiados, para extrair e vender os minérios da amazônia.

E quando estes minérios acabarem, e vão acabar, pois os recursos naturais foram devastados nos países desenvolvidos, e agora precisam devastar os nossos. O que vai sobrar?

Nada. Simplesmente, nada.

Nada de floresta amazônica.

Nada de índios.

Nada de ribeirinhos.

Apenas uma grande área devastada e deserta.

Quem presta atenção deve estar pensando.

“Ok, floresta amazônica e kit gay realmente nada, mas a fortuna do Palocci vai ficar no bolso dele”.

Mantenho minha afirmação, nada.

No andar desta carruagem, nenhuma fortuna será alguma coisa nesta sociedade podre que estamos construindo.

Paulo Sanda é Teólogo, chefe escoteiro, palestrante, idealista, associado da ONG RUAH e tem sido ativo participante das manifestações Belo Monte NÃO, em São Paulo. RUAH – Desenvolvimento Integral do Ser Humano

EcoDebate, 03/06/2011

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4 thoughts on “Do kit gay para Palocci vai para Belo Monte – ao Nada, crônica de Paulo Sanda

  • Declarar que não é homofóbico e que não é gay, abre um precedente que me preocupa porque coloca as duas coisas no mesmo patamar. O dr deixa claro que não pertence essas classes. Não se ouve dizer, nao sou negro. Não sou branco. Não sou hétero. “Não sou gay” soa quase como um alivio. Fico triste que um texto tao bem escrito comece assim com um sinal de preconceito. E eu? preciso dizer se sou gay? Serei branco ou negro? Sul americano ou europeu? o que seria melhor?

  • Srs., autor e comentarios.

    Voces entraram mato a dentro…. os principios universais são imutáveis….e toda verdade esta inscrita nesta dialética…ou seja… o homem sempre e sempre será um alienado…fugindo da sua consciencia e da consciencia do nosso universo… não é criticando os desvarios que vamos evoluir…pois estaremos exercitando a dialética alienada…que não tem substancia sâ…o medo é que esta conduzindo a sociedade alienada…e o medo é ignorancia…como mudar isto ?? morra para este mundo…não da forma evangélica apregoada…mas consciente…doe a sua vida…e abandone-a depois…para Jesus Cristo…e recebera surpreendentemente um verdadeiro combate…que não é contra a carne nem o sangue….quem diria…tão simples não?..é a verdade.

  • Caro Sérgio.
    Muito obrigado pelo puxão de orelha.
    Sinceramente, adoro isto.
    Hummmm, será que agora eu vou dizer que não sou masoquista, ai estaremos igualando também este termo?
    Não tudo bem, deixa o masoquista pra lá. O fato é que críticas, são bem vindas, concordemos ou não com elas.
    De qualquer forma, não pretendo justificar a “escoregada”, já que basta ler o texto para entender, que ela faz parte do contexto.
    Mas ser rebatido é bom, para saber que não somos absolutos.
    Pois todo absolutismo leva a ignorância e violência.

    Um grande abraço

  • Caro Márcio.

    Agradeço imensamente seu comentário, e sugiro que leia outro artigo meu “Esperando por uma condenação histórica”.
    Aqui no Ecodebate.

    Um grande abraço!

Fechado para comentários.