Dilma, os órfãos e as viúvas, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)
[EcoDebate] Se há uma tradição bíblica onde o Deus judaico-cristão se manifesta claramente, é exatamente no cuidado com os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. Para esse Deus, essas são cláusulas pétreas e inegociáveis.
Esse cuidado não era por acaso, mas porque esses eram os grupos de pessoas mais desamparados da sociedade daquele tempo.
O Deus bíblico vai sempre lembrar ao povo judeu esses cuidados, até porque tinha sido escravo no Egito.
Portanto, é chocante ver que o governo Dilma escolheu exatamente os mais indefesos da sociedade – órfãos e viúvas e desempregados – para fazer os ajustes que a economia de mercado, ainda um tanto neoliberal, exige.
Ela tinha milhões de modos para arrecadar mais, ou gastar menos, para angariar reservas com a finalidade de pagar a sede insaciável dos juros da dívida pública. Poderia retomar os impostos dos carros, fazer as grandes fortunas pagarem algo pelo seu luxo, aumentar o imposto do cigarro, dos refrigerantes, ou de qualquer outra porcaria que não afetasse a vida dos brasileiros. Mas, ela preferiu reduzir em 50% a pensão das viúvas, o que impacta diretamente o cuidado com seus filhos.
Certamente cada leitor conhece alguma família em que a mãe morreu cedo, ou o pai, ficando aquele que continua vivo responsável pelos seus filhos. Certamente sabe a situação dramática que é enfrentar a viuvez e o cuidado com os filhos. Então, exatamente quando mais precisa, é exatamente onde o governo escolheu cortar para arrecadar e saciar os deuses do mercado.
Dilma dissera que não mexeria nos direitos dos trabalhadores, nem que a vaca tossisse. Nem precisou.
Nesse país os contratos são vacas sagradas e intocáveis, mas só se forem do capital com o governo. Os contratos do governo com a população são facilmente quebrados, sempre em nome dos ajustes econômicos. Basta lembrar o fator previdenciário, o reajuste das aposentadorias, agora o seguro desemprego, agora a pensão das viúvas e viúvos.
O governo Dilma conseguiu preservar empregos mesmo com a economia aí posta patinando. Na Grécia, Espanha e outros países da Europa a crise econômica jogou nas ruas milhares de pais de famílias. Na Espanha cerca de 50% da juventude continua desempregada, mesmo sendo altamente qualificada. Mas, essa qualidade do governo não lhe dá autoridade para sacrificar aqueles que não tem como se defender.
Segue sobre essa realidade o silêncio dos sindicatos e da sociedade em geral, inclusive das igrejas.
Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.
Publicado no Portal EcoDebate, 03/02/2015
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Cautela e canja de galinha não faz mal a ninguém.
Os seus verdadeiros objetivos na divulgação do artigo ora comentado, eu não sei, Roberto Malvezzi, como também não sei quais são os objetivos da sua igreja – Igreja Católica – com relação à politica do Brasil, mas uma coisa eu sei: o governo do PT se encontra ameaçado, e qualquer movimento dele que desagrade as grandes potências econômicas nacionais, os políticos da direita e as grandes potências internacionais poderá ser utilizado como pretexto para afastamento forçado do atual governo federal do Brasil.
Portanto, diferentemente das suas proposições, limito-me a parabenizar o governo do PT por se manter cauteloso e, assim, não repetir os equívocos cometidos pelo governo João Goulart, em 1964, quando confiou na existência de uma população capaz de o manter no poder. E o resultado, todos nós sabemos: foram 21 anos de extrema repressão ao povo brasileiro, especialmente aos políticos da esquerda e a intelectualidade.
Somente para você lembrar, Roberto Malvezzi – caso tenha esquecido – os primeiros movimentos que levaram ao golpe de 1964 foram realizados pela sua Igreja, naquelas marchas da Família com Deus pela Liberdade.
Que o governo Dilma se mantenha cauteloso, para que o povo brasileiro não volte a ter todo o sofrimento que teve no período de 1964 até 1985.
Primeiro sobre o autor. Como explicar um desemprego “sueco” de 5% com 48 milhões de pessoas no seguro desemprego? Mentira tem perna curta.
Sobre o sr. Valdeci é claro que estão tentando derrubar o governo, seja ela do PT ou de qualquer legenda. É natural. Mas parabenizar um governo que só ROUBA e destroi o futuro desse país com políticas educacionais, de desenvolvimento e outras que vão nos destruir é um pouquinho demais. A não ser claro, que o sr. tenha um “carguinho” nesse desgoverno. Que balela é essa de desagradar “grandes potências” nacionais? A JBS é cria do PT e da corrupção dentro do BNDES assim como dezenas de outras “grandes potências”. Fogo amigo?