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A revolução tecnológica das energias renováveis, artigo de Manfredi Ucelli Di Nemi

[O Estado de S.Paulo] O desenvolvimento de tecnologias renováveis – como energia eólica, biomassa e energia solar – provocará uma nova revolução na indústria global até 2020. As constantes mudanças climáticas têm acelerado a demanda por soluções e produtos de alta confiabilidade, durabilidade e eficiência, para evitar um “apagão” de proporções gigantescas no planeta. O cenário é otimista, caso os países membros do G-20 avancem em suas políticas ambientais.

Os investimentos no mercado mundial de energia limpa podem chegar a US$ 2,3 trilhões até 2020, segundo levantamento da Pew Charitable Trusts, instituição sem fins lucrativos com sede na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Em até dez anos, China, Índia, Japão e Coreia do Sul somarão aproximadamente 40% dos investimentos mundiais em projetos de energia limpa.

O Brasil hoje possui 88% de sua matriz elétrica nacional renovável, graças às hidrelétricas, que respondem pela maior parte dessa energia. Nos próximos 40 anos, o País deve elevar esse índice para 93%, segundo um estudo lançado no final do ano passado pela a organização não governamental Greenpeace, durante a Conferência do Clima da ONU (COP 16).

Nessa “revolução energética”, expressão usada pela ONG, as hidrelétricas responderiam por 45,6% da matriz elétrica, a energia eólica por 20,3%, a biomassa por 16,6% e a solar por 9,26%. A energia oceânica seria responsável por menos de 1%. E os 7% restantes da matriz seriam de gás natural, uma fonte de transição até que a matriz brasileira fosse convertida em 100% renovável, ainda no século 21. O estudo, feito em parceria com o Conselho Europeu de Energia Renovável (Erec), acomoda perspectivas otimistas de crescimento do País (de 4% ao ano nesta década, por exemplo) e uma taxa de consumo e de geração de energia elétrica três vezes superior à atual.

Avanços. Passos importantes a caminho dessa matriz mais diversificada estão sendo dados. A primeira usina solar comercial do País, na cidade de Tauá, localizada a 360 quilômetros de Fortaleza, deve começar a operar ainda este ano.

A cidade foi escolhida porque possui os melhores índices solares do Nordeste. A potência instalada será de 1MW e abastecerá 1.500 residências, mas com possibilidade de expansão para 5MW de energia, já autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

No setor de energia eólica, a expectativa dos fabricantes de turbinas para os próximos anos é a adição de cerca de 2.000 MW de energia instalada por ano no País, o que equivale aproximadamente a mil turbinas eólicas instaladas anualmente.

Para a indústria, o desafio é desenvolver produtos cada vez mais eficientes. E as pesquisas em várias universidades do mundo estão em sintonia com essa necessidade. No Laboratório de Sistemas Integráveis da Universidade de São Paulo (USP), está sendo testado um sistema de Wi-Fi carregado por energia solar. Uma placa do tamanho de uma folha de papel A3 dá ao aparelho autonomia de até uma semana sem sol. Assim é possível levar o acesso à web a locais onde a instalação da rede elétrica é mais difícil.

Outra aplicação interessante vem da Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Pesquisadores da instituição testam o uso de células fotovoltaicas na forma de spray, aplicadas sobre qualquer superfície, o que torna a energia solar mais barata e acessível. A técnica funciona com o espalhamento de células solares em materiais que vão de plástico a tecidos.

Sabemos que ainda há muito a ser explorado e conquistado no setor. Como terceiro maior fabricante europeu de redutores e motoredutores industriais, temos buscado soluções para um mercado cada vez mais complexo e em rápida evolução.

Na cidade de Rovigo, na Itália, participamos da maior instalação fotovoltaica (de energia solar) da Europa. A instalação produzirá uma quantidade de energia suficiente para abastecer 16.500 casas e reduzirá a emissão de 40.000 toneladas de CO2 na atmosfera, o que representaria menos 8.000 carros em circulação por ano. Para a construção desta planta foram usados 475 inversores, dispositivos eletrônicos que transformaram a energia contínua produzida por 350 mil painéis em energia limpa.

De acordo com dados do EPIA (European Photovoltaic Industry Association), de 2007 a 2010, a potência instalada de energia solar saltou de 1.806 MW/ano para 8.715 MW/ano na Europa e a projeção para os próximos quatro anos é de um crescimento anual médio de 19%. Enquanto isso, a expectativa de expansão da energia fotovoltaica instalada no resto do mundo é ainda maior: dos atuais 4.000 MW/ano para até 16.500MW/ ano. A revolução está só começando.

ENGENHEIRO MECÂNICO E DIRETOR EXECUTIVO DA BONFIGLIOLI DO BRASIL

Artigo originalmente publicado em O Estado de S.Paulo.

EcoDebate, 26/05/2011

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