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Artigo

Ferramentas de ecoeficiência, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] As ferramentas de ecoeficiência ou análise ambiental são qualitativas, semi-quantitativas ou quantitativas.

Métodos qualitativos

1. Listas de Verificação
São listas que buscam revelar aqueles pontos em que o potencial de impacto negativo é mais forte, através de uma lista (uma espécie de “check-list” ou lista de checagem) onde os setores envolvidos no desenvolvimento de produtos na empresa vão assinalando os aspectos que consideram falhos nas diferentes fases do ciclo de vida do produto. Com frequência derivam de listas de controle de qualidade do próprio produto, modificadas para avaliar questões ambientais envolvidas.


O ideal é que sejam realizadas “oficinas de análise”, os chamados workshops, entre setores como engenharia, marketing, produção, desenho industrial, engenharia de segurança, área de meio ambiente, constituindo o que conhecemos hoje como desenvolvimento de produto. É recomendável que a elaboração das listas envolva aspectos de ecodesign, otimização do uso de recursos hídricos, eficiência energética, tratamento de efluentes gerados no processo de fabricação, gestão de resíduos sólidos, monitoramento de aspectos atmosféricos e eventuais programas de responsabilidade socioambientais envolvidos.

É de fácil aplicação, com baixos custos e costuma ser um primeiro passo no rumo de posterior aplicação de ferramentas mais sofisticadas. Apresenta uma subjetividade inerente à composição dos grupos de trabalho em cada situação, pois são pessoas que fazem as avaliações segundo seus critérios.

2. Avaliação da Estratégia Ambiental
Esta ferramenta, também qualitativa apresenta uma vantagem, permitindo a visualização do impacto em potencial. Usa critérios semelhantes e análogos a situação anteriormente descrita.

Ainda que sujeita a limitações, não deixa de ter várias vantagens, combinando a facilidade de aplicação e o baixo custo com a possibilidade de avaliações quantitativas (sempre subjetivas, pois são realizadas por pessoas), tornando-a mais acurada que as Listas de Verificação.

É análogo a uma teia de aranha, atravessada por eixos, por sua vez divididos em dois, gerando portanto semi-eixos, cada qual medindo um aspecto importante para a geração de impacto ambiental.

As notas permitem com que o grupo de ecodesign materialize a opinião dos integrantes sobre aspectos relevantes. Uma nota deve ser tanto mais alta quanto melhor o grupo considerar que o produto está posicionado naquele quesito. Por exemplo, se estivermos analisando o quesito “seleção de materiais impactantes”, uma nota 7 significa que neste quesito o grupo opina que os materiais são pouco impactantes.

A união dos pontos atribuídos a cada semi-eixo, produz uma figura característica para cada participante, que representa o impacto ambiental do aspecto considerado. Este aspecto de visualização criado pela geração de figuras diferentes é muito pedagógico e auxilia muito na visualização das estratégias.

Entretanto, a grande utilidade desta ferramenta não está em sua aplicação para avaliação dos impactos absolutos de determinado produto, mas sim da diferença entre os impactos do produto atualmente produzido e de uma nova situação, que pode ser a substituição deste produto por outro diferente, ou mesmo de uma nova concepção do mesmo produto.

Métodos semi-quantitativos

1. Avaliação das Mudanças no Design
Consiste em analisar a geração de resíduos em cada etapa do ciclo de vida do produto, comparando os dados atuais com uma estimativa dos dados relativos a cada etapa depois de uma certa modificação potencial que esteja sendo planejada no design. Considera elementos como toxicidade, aumento (ou diminuição) dos resíduos do produto, de suas embalagens, possibilidades de reutilização dos resíduos como subprodutos, e outros a depender do tipo de produto.

2. Matrizes de Análise
Consistem, como o nome diz, em matrizes, onde se posicionam numa dimensão as fases do ciclo de vida do produto, e na outra os tipos de impactos potenciais.
Nos impactos ambientais de obras ou intervenções antrópicas são muito utilizadas as matrizes, destacando-se a chamada matriz de Leopold de larga utilização na avaliação de impactos ambientais de obras civis.

Esse instrumento permite identificar e quantificar os pontos onde os impactos são maiores. Depois se procura agir concentrando e otimizando os recursos e esforços da empresa.

Métodos Quantitativos
1. Análise de Ciclo de Vida (LCA)
Este é o instrumento mais completo de avaliação ambiental de produtos. É quantitativo, multifatorial (ou seja, analisa diversos fatores impactantes, simultâneos ou não), objetivo sendo o instrumento que certamente passa a constituir um idioma comum entre diversas empresas, setores e países. É muito comum que os conceitos do produto sejam estruturados como matrizes de estruturação de problemas de análises multicritérios.

Devido à sua complexidade, sua aplicação é mais difícil, sendo também seu custo maior. Por estas razões, não é recomendado como o primeiro procedimento de análise ambiental de uma empresa. Ao contrário, o processo ideal segue uma evolução das ferramentas qualitativas rumo às quantitativas.

Assim, principalmente quando se trata de pequenas e médias empresas, o melhor é iniciar com as Listas de Verificação ou com a Avaliação da Estratégia Ambiental, passando depois às matrizes analíticas ou à Avaliação de Mudanças no Design, para só depois utilizar a LCA (sigla em inglês da Análise do Ciclo de Vida, que quer dizer LIFE CYCLE ASSESSMENT).

Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é articulista do EcoDebate.

EcoDebate, 11/06/2010

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