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IPCC: o clima em alerta, artigo de Mario Eugenio Saturno

[Gazeta do Sul] O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de São José dos Campos sediou a reunião do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) de 26 a 30 de janeiro de 2009, pela primeira vez no país. Esse encontro teve o objetivo de elaborar um relatório especial sobre energias renováveis. Participam 150 cientistas de 48 países, sendo sete do Brasil. O relatório Fontes Renováveis de Energia e Mitigação da Mudança do Clima deve ficar pronto em 2010. Com temas de biocombustíveis e segurança alimentar, desenvolvimento urbano, eficiência energética entre outros, servirá aos agentes políticos no combate ao aquecimento global.

A cientista brasileira Thelma Krug, do Conselho do IPCC, avalia que trazer para o nosso país a reunião do Painel reflete a importância que o mundo confere ao Brasil na mudança do clima, e ainda o etanol e o conhecimento brasileiro colocam-nos em destaque em energias renováveis.

Está em debate ainda a energia solar, eólica, hídrica e biocombustíveis. No ano passado, o Brasil defendeu a sustentabilidade ambiental e social de seus produtos. Entram no debate as emissões de metano de hidrelétricas. A geração de metano não ocorre somente em razão da biomassa alagada pelo reservatório da hidrelétrica. Há emissões naturais da vegetação que fica na montante do rio e o esgoto. O Brasil deve demonstrar que o etanol não provoca o desmatamento. Antes, o álcool brasileiro é proposto como forma de reduzir emissões.

Um estudo divulgado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), pela cientista Susan Solomon, integrante do IPCC, mostra que a temperatura deve permanecer alta até o ano 3000, mesmo que as emissões fossem suspensas agora. O etanol brasileiro pode ser parte da solução, sendo apresentado aos cientistas o avião da Embraer movido integralmente a etanol.

A confirmar que o aquecimento global seja irreversível, espera-se secas graves em regiões como o Nordeste do Brasil. Susan Solomon afirma que um aquecimento médio de dois graus centígrados da superfície terrestre reduziria as chuvas no inverno em 10% no Nordeste brasileiro e no sul da África, e em 20% na bacia do Mediterrâneo e na Austrália. Para comparar, o dust bowl americano esteve associado com reduções médias de chuva de cerca de 10% em um período de 10 a 20 anos. O dust bowl foi uma grande seca que arrasou a agricultura das pradarias dos Estados Unidos na década de 1930.

O IPCC foi criado em 1988 pela Organização Mundial de Meteorologia e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Já participaram mais de 2 mil especialistas em várias publicações no tema das mudanças climáticas. Tem como objetivo avaliar a informação científica sobre os efeitos das mudanças no clima, destacar seus impactos ambientais e socioeconômicos e traçar estratégias de mitigação. E o que se depreende é reduzir as emissões de CO2 e metano.

Mario Eugenio Saturno/Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano

* Artigo originalmente publicado pelo jornal Gazeta do Sul, RS, 03/02/2009.

[EcoDebate, 04/02/2009]

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