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Grupo Especial Móvel de Fiscalização do MTE retira 49 trabalhadores explorados na colheita de Jaborandi no Pará

Trabalhadores resgatados viviam em barracas improvisadas. Foto: Divulgação / MTE
Trabalhadores resgatados viviam em barracas improvisadas. Foto: Divulgação / MTE

Grupo foi encontrado em situação precária, dormindo em barracos de lona, sem água potável e vulnerável às péssimas condições do local

O resgatou esta semana 49 trabalhadores que atuavam na colheita da folha de Jaborandi, em São Feliz do Xingu, no Pará. O grupo foi encontrado em situação precária, dormindo em barracos de lona, sem água potável e sendo deles cobrado todos os equipamentos para o trabalho, além da comida e outros materiais de necessidade cotidiana, já que nada tinham à disposição.

“Eles reclamaram principalmente da degradância a que eram submetidos, pois caminhavam até 15km pela floresta para colher as folhas de Jaborandi e voltavam esse mesmo percurso com sacos de até 60 kg da folha”, relata o coordenador da Ação, Klinger Fernandes Moreira.

Os trabalhadores foram recrutados por uma contratadora de nome Maria Georges Daher, que segundo constatado pela fiscalização, recebia recursos de uma empresa química estrangeira com base em São Paulo para a fabricação da pilocarpina, um alcalóide extraído das folhas do jaborandi (Pilocarpus microphyllus). A planta brasileira é conhecida há tempos pelos índios tupi-guaranis, que tiravam proveito de suas propriedades sudoréticas, insumo utilizado pela indústria química principalmente na fabricação de colírio para glaucoma e cosméticos.

“Nós já entramos em contato com os responsáveis para que os trabalhadores recebam os valores devidos. Muitos deles tinham o salário corroído pelos descontos, pois deles eram cobrados, a preços abusivos, por tudo o que necessitavam no local”, adianta.

Segundo Klinger, todos tinham de adquirir um kit obrigatório, composto por fortificante, repelente e remédio “para picada de cobra”, já cobrado antecipadamente pela contratante.

Os trabalhadores foram recrutados em maio de 2008 para o serviço, com a promessa de receber R$1,50 por kilo da folha colhida. A propriedade fica a 250 km de São Félix do Xingu e o local de colheita a 70 km da fazenda, no meio da mata. Os trabalhadores ficavam sujeitos a picadas de insetos e ataques de animais, como a onça, muito comum na região.

Após o resgate, o Grupo Móvel alojou os 49 trabalhadores, sendo duas mulheres, em hotéis na cidade de São Félix do Xingu.

“Os proprietários terão de arcar com o pagamento do alojamento, as verbas indenizatórias e os custos com transporte”, adianta o auditor.

Segundo o coordenador da ação, os empresários estrangeiros já foram informados a respeito da situação para que respondam pela contratação dos trabalhadores.

“Já temos evidências claras da participação da indústria química estrangeira e estamos aguardando o seu posicionamento quanto a sua responsabilidade. Caso contrário, a empresa será acionada judicialmente pelo crime de exploração ilegal de mão-de-obra”, explica o coordenador.

Assessoria de Imprensa do MTE

[EcoDebate, 02/02/2009]

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