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Estudo questiona o potencial de contribuição da geoengenharia na mitigação do aquecimento global, por Henrique Cortez

[Ecodebate] Nos últimos dois anos surgiram diversas propostas e sugestões do que a geoegenharia poderia contribuir na mitigação do aquecimento global, havento, até, quem afirmasse que ela, por si só, seria capaz de solucionar a crise climática.

A geoengenharia em grande escala é a engenharia do ambiente para combater os efeitos das mudanças climáticas e, em especial ,para neutralizar os efeitos do aumento do CO2 na atmosfera.

Agora, a primeira avaliação global do potencial de ação no clima por diversas propostas de geoengenharia foi realizada por pesquisadores da Universidade de East Anglia, EUA.

As principais conclusões incluem:

* Reforçar os sumidouros de carbono CO2 poderia trazer de volta ao seu nível pré-industrial, mas não antes de 2100 – e apenas quando combinado com a forte redução das emissões de CO2;

* Aplicações de aerossol estratosférico e ‘toldos espaciais’ tem, de longe, o maior potencial para arrefecer o clima até 2050 – mas também carregam o maior risco, as maiores dificuldades técnico/operacionais e custos;

* Surpreendentemente, as atividades existentes que acrescentam fósforo ao oceano (em geral decorrentes da agricultura) podem ter um potencial maior de longo prazo, mais do que a adição de ferro ou de nitrogênio;

* Em terra, o seqüestro de carbono em florestas novas e em ‘bio-char’ (carvão vegetal adicionado de volta ao solo) têm maior potencial de curto prazo do que a ‘fertilização’ do oceano

* O aumento da refletividade das zonas urbanas poderia reduzir as ilhas de calor urbano, mas terá efeito mínimo global

Segundo os pesquisadores, os efeitos benéficos de alguns sistemas de geoengenharia foram exagerados no passado e ocorreram erros significativos nos cálculos feitos anteriormente.

“A realização dos atuais esforços para mitigar os efeitos da mudança climática, induzida por humanos, se revelam totalmente ineficazes e isto tem alimentado um ressurgimento do interesse em geoengenharia”, disse o autor principal do estudo, Prof Tim Lenton , da Escola de Ciências Ambientais, da Universidade de East Anglia.

“Este artigo prevê a primeira avaliação exaustiva das suas vantagens relativas em termos de clima e seu potencial, devendo ajudar a informar o grau de prioridade de pesquisas futuras.”

“Descobrimos que algumas propostas de geoengenharia poderiam ser úteis para complementação da mitigação e juntos poderiam reduzir o aquecimento global, mas a geoengenharia sozinha não pode resolver o problema do clima”, diz Lenton.

De acordo com a pesquisa, as aplicações de sulfato na estratosfera têm o maior potencial para arrefecer o clima de volta à temperatura pré-industrial até 2050.

No entanto, também oferece o maior risco, porque teria de ser continuamente alimentado, sendo que, em caso de interrupção, o processo de reaquecimento seria muito rápido.

Utilizando a biomassa de resíduos florestais e novas plantações para fins energéticos, somados à reposição de carbono (‘bio-char’ ) poderia oferecer mais resultados em termos de benefícios climáticos e de aumento da fertilidade do solo.

A pesquisa foi financiada pelo Natural Environment Research Council

A pesquisa está disponível para acesso e participação na discussão de seu conteúdo, metodologia e resultados.

Abaixo estão as informações para o acesso e a transcrição do abstract:

Journal reference: 1. Tim Lenton and Nem Vaughan. The radiative forcing potential of different climate geo-engineering options. Atmospheric Chemistry and Physics Discussions, January 28, 2009

The radiative forcing potential of different climate geoengineering options
T. M. Lenton and N. E. Vaughan
Atmospheric Chemistry and Physics Discussions, 9, 2559-2608, 2009
Abstract
Discussion Paper (PDF, 771 KB)
Interactive Discussion

Abstract

Climate geoengineering proposals seek to rectify the Earth’s current radiative imbalance, either by reducing the absorption of incoming solar (shortwave) radiation, or by removing CO2 from the atmosphere and transferring it to long-lived reservoirs, thus increasing outgoing longwave radiation. A fundamental criterion for evaluating geoengineering options is their climate cooling effectiveness, which we quantify here in terms of radiative forcing potential. We use a simple analytical approach, based on the global energy balance and pulse response functions for the decay of CO2 perturbations. This aids transparency compared to calculations with complex numerical models, but is not intended to be definitive. Already it reveals some significant errors in existing calculations, and it allows us to compare the relative effectiveness of a range of proposals. By 2050, only stratospheric aerosol injections or sunshades in space have the potential to cool the climate back toward its pre-industrial state, but some land carbon cycle geoengineering options are of comparable magnitude to mitigation “wedges”. Strong mitigation, i.e. large reductions in CO2 emissions, combined with global-scale air capture and storage, afforestation, and bio-char production, i.e. enhanced CO2 sinks, might be able to bring CO2 back to its pre-industrial level by 2100, thus removing the need for other geoengineering. Alternatively, strong mitigation stabilising CO2 at 500 ppm, combined with geoengineered increases in the albedo of marine stratiform clouds, grasslands, croplands and human settlements might achieve a patchy cancellation of radiative forcing. Ocean fertilisation options are only worthwhile if sustained on a millennial timescale and phosphorus addition probably has greater long-term potential than iron or nitrogen fertilisation. Enhancing ocean upwelling or downwelling have trivial effects on any meaningful timescale. Our approach provides a common framework for the evaluation of climate geoengineering proposals, and our results should help inform the prioritisation of further research into them.

[Por Henrique Cortez, do EcoDebate, com base em informações da University of East Anglia]

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