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OIT: América Latina pode ter mais 2,4 mi de desempregados em 2009

A diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, divulga o relatório anual sobre emprego urbano na América Latina e no Caribe Foto: Valter Campanato/ABr
A diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, divulga o relatório anual sobre emprego urbano na América Latina e no Caribe Foto: Valter Campanato/ABr

Apesar de 2008 ter sido o quinto ano consecutivo de queda no desemprego, ONU espera que taxa na América Latina suba até 8,3% em razão da crise financeira

O desemprego diminuiu na América Latina e no Caribe pelo quinto ano consecutivo em 2008, mas a crise internacional já pôs fim a este ciclo positivo e estima-se que em 2009 o número de desocupados aumentará em até 2,4 milhões de pessoas, disse ontem (27/01) a Organização Internacional do Trabalho (OIT) ao divulgar uma nova edição de seu relatório Panorama Laboral.

“A crise de emprego já chegou à região”, advertiu o Diretor Regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Jean Maninat. “Depois de cinco anos seguidos de redução do desemprego até 2008, a taxa voltará a subir em 2009”, acrescentou.

O Panorama Laboral informa que a taxa de desemprego urbano registrada entre janeiro e novembro de 2008 diminuiu de 8,3 % em 2007 para 7,5% por cento em 2008, a níveis que não haviam sido experimentados pela região desde 1992. Esta variação ocorreu em um contexto de crescimento econômico positivo, de 4,6% do PIB.

Mas os indicadores oficiais “mostram que no terceiro trimestre de 2008 foram observados os primeiros efeitos da desaceleração econômica regional sobre o mercado de trabalho”.

Em relação ao que poderá ocorrer em 2009, o Panorama Laboral destaca que, segundo os últimos prognósticos, o crescimento econômico da região poderia desacelerar-se até 1,9%, e segundo os cálculos da OIT a taxa de desocupação urbana subiria em um intervalo que vai de 7,9% e 8,3%.

Em números absolutos, isto significa que entre 1,5 milhão e 2,4 milhões de pessoas seriam somadas aos 15,7 milhões de desempregados atuais.

“Estes prognósticos mostram a necessidade de serem tomadas medidas para reduzir o impacto laboral da crise com políticas anticíclicas e inovadoras, com programas de investimento, apoio a empresas produtivas e proteção à população mais vulnerável. Depois de anos de resultados positivos, a região está melhor preparada para este desafio”, disse Maninat.

“Em diversos países os governos já começaram a aplicar planos anticrise que têm o emprego como um objetivo fundamental e estas são boas notícias”, assinalou.

Acrescentou que as medidas para preservar e gerar emprego requerirão o suporte de um diálogo social mais ativo entre empregadores, trabalhadores e governos, tal como está ocorrendo em alguns países da região.

Situações como a queda de renda, a perda de empregos por parte dos chefes de famílias e eventualmente o retorno de migrantes, provocariam um aumento da participação laboral que pressionaria ainda mais os mercados. O Panorama Laboral ainda adverte que o número de ocupados no setor informal também poderá aumentar.

A chegada da crise interrompe um ciclo positivo em matéria de taxa de desemprego que se iniciou depois que em 2002 e 2003 fora registrada a taxa mais alta de tempos recentes, de 11,4%. A partir de 2003, o indicador foi se reduzindo ano a ano, impulsionado pelo crescimento da economia.

Mas o relatório da OIT afirma em diversas oportunidades que existem pendências que se arrastam nos mercados de trabalho, relacionadas a temas como a modesta evolução dos salários reais, a persistente desigualdade e um déficit de trabalho decente.
O Panorama Labora mostra que no ano passado:

* Na maioria dos países, apesar do bom crescimento econômico, os salários reais retraíram-se ou apresentaram incrementos modestos.
* O aumento médio ponderado dos salários mínimos reais foi 3,7% em 2008, menor do que o de 2007, de 5,0%.
* As mulheres continuam sendo mais afetadas pelo desemprego que os homens. A taxa de desemprego feminina foi, em média, 1,6 vezes maior do que a masculina.
* Com informação de nove países para 2008, a taxa de desemprego juvenil foi 2,2 vezes maior do que a taxa de desocupação total.
* Com dados de 2007, estima-se que o desemprego informal em área urbana em cinco países com informação disponível foi de 58,6%.
* Quase 4 de cada 10 ocupados urbanos precisam da cobertura da proteção social em saúde e/ou pensões.

“Não podemos perder de vista o objetivo do trabalho decente. Agora é importante concentrar-se em um de seus componentes fundamentais, que é geração de emprego. Mas a superação da crise também dependerá de evitar a deterioração das condições de vida as pessoas que movem as economias”, disse Maninat.

(Notícias da OIT)

[EcoDebate, 28/01/2009]

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