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Fórum Social Mundial 2009: A partir de hoje, Belém será a capital mundial da luta por um novo mundo

UFPA deve receber cerca de 80 mil participantes na 9ª edição, que vai discutir a construção de alternativas às políticas neoliberais

Entre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro de 2009, Belém sediará o maior evento em defesa de um mundo melhor, mais solidário e democrático: o Fórum Social Mundial. A expectativa é que cerca de 80 mil ativistas participem desta 9ª edição. A escolha de Belém como sede foi decidida em reunião do Conselho Internacional do Fórum, realizada em Abuja, Nigéria, em função da sua importância estratégica no contexto da Pan-Amazônia. Desta forma, a capital paraense assume o posto de centro pan-amazônico e mundial de mobilização, articulação e busca de alternativas à política neoliberal globalizante. Por Walter Pinto, no Informativo Beira Rio, UFPA

Segundo Rita Freire, membro da coordenação de comunicação do FSM, “o importante é que todos os debates do Fórum sejam apropriados pela região como um exercício de convivência entre movimentos e organizações sociais que estão precisando debater propostas para a construção de um mundo diferente”. Ela ressalta que o Fórum coloca Belém numa discussão que é estratégica para o mundo: “acabamos de ver o sistema financeiro internacional submergir numa crise brutal. E apesar de tudo, nada muda nesta política. O Fórum de Belém vai se constituir num espaço em que a sociedade dirá que esse modelo é inviável e que outro é possível”.

Em 2004, o FSM foi realizado em Mombai, na Índia, e resultou num acontecimento muito especial. Segundo Rita, o evento foi apropriado pelas diferentes culturas indianas. “As regiões do país e do entorno mandaram representantes. Houve uma grande participação popular, todos com uma expressão cultural própria. Isso fez do Fórum uma festa cheia de sentidos, como nunca havíamos registrado. Uma das discussões mais interessantes foi acerca das castas sociais, que determinam a organização da sociedade como se fosse algo predeterminado pelo universo. Então discutimos como isso impacta nas relações sociais. O Fórum aprendeu com isso e, hoje, esta discussão está presente nos seus documentos”.

Em 2008, o evento foi descentralizado

No ano passado, a organização optou por um Fórum no terreno da comunicação, realizado no dia 26 de janeiro, o “Dia de Ação e Mobilização Global”. Rita Freire conta que, “em qualquer lugar do mundo, foi possível fazer um evento, uma comunicação, uma performance, uma discussão sobre temas relacionados com essa preocupação de construção de mundos alternativos”. Ela revela que, a cada edição, o FSM traz uma novidade. “Pode ser no formato, nos temas que incorpora ou mesmo no modo como esses temas são definidos. Em 2008, experimentou-se a metodologia descentralizada porque nem todo mundo pode ir à sede onde está se realizando a reunião. E a nossa proposta é ir a todos os lugares, para que o debate aconteça”. O resultado final, afirma, foi surpreendente, com a participação de todos os continentes.

Para a edição de Belém, não houve definição de temas. O processo de construção caminhou, segundo a jornalista, no sentido de que os temas se transformaram em objetivos. Existem dez objetivos relacionados com direitos das populações, defesa do planeta e construção de alternativa de organização econômica, enfim, estratégias ao modelo dominante de globalização. “Um dos eixos fortes dessa edição será a discussão que está sendo proposta de democratização da comunicação e da cultura”, informa Rita Freire.

Durante a realização do Fórum 2009, haverá um dia dedicado à discussão sobre a Pan-Amazônia. Para Ilma Bittencourt, coordendora do Centro de Estudos e Práticas de Educação Popular e membro da Comissão de Imprensa do FSM, “será o momento em que a região falará para o mundo e o mundo falará para a Amazônia”.

Campus se prepara para participantes

O Campus do Guamá está quase pronto para receber os 80 mil participantes do FSM. A programação de eventos ocupará os espaços do Campus da UFPA, da Escola de Aplicação e da UFRA, onde será montado o Acampamento Intercontinental da Juventude. A Prefeitura da UFPA está concluindo as últimas das 16 obras de infra-estrutura, acordadas com a organização geral do Fórum desde abril. Os recursos para realização das obras, porém, só foram repassados na segunda quinzena do mês de outubro. Entre elas, chama atenção a construção de um porto hidroviário no Campus da UFPA, contendo passarelas, rampa e flutuante com estruturas de concreto, madeira, ferro e cobertura.

As obras de infra-estrutura estão orçadas em R$ 6,7 milhões. Entre elas, há recuperação do sistema de abastecimento de água; melhoria paisagística; construção de praça de alimentação; reforço da iluminação; pavimentação e recuperação de vias.

A duplicação da Avenida Perimetral e a construção do novo terminal de ônibus, sob responsabilidade do Governo do Estado, por meio da Cohab, facilitarão o trânsito durante o evento. A Prefeitura da UFPA participou deste trabalho ao ceder uma área para alocação das famílias remanejadas da margem da Perimetral. Além de servirem ao grande evento, as obras relacionadas se constituem em melhorias para a UFPA em função de seu caráter permanente.

Mídias alternativas

Tratando-se de um evento que não possui caráter deliberatório, o Fórum Social Mundial apóia-se no trabalho de divulgação, realizado por todas as formas de mídia, para levar ao mundo as discussões travadas nas suas reuniões. Trata-se de um evento que mobiliza um contingente enorme de jornalistas de todo o mundo. Em 2003, por exemplo, levou a Porto Alegre 3.356 jornalistas. Existe, também, uma grande mobilização de mídias alternativas e movimentos de comunicação. “Esse segmento nem sempre realiza apenas cobertura jornalística, mas também aproveita o evento para realizar exercícios diferenciados de comunicação compartilhada, ou seja, não mercadológica. Se aceitamos que outro mundo é possível, então, outra forma de comunicação é imprescindível”, afirma Rita Freire.

Reconhecendo a importância do papel da comunicação para a construção de um mundo novo, o Fórum Social Mundial realizará fóruns específicos para rádios e TV’s comunitárias e universitárias. A coordenação de imprensa do FSM faz um convite para que professores e estudantes desses veículos participem das discussões, documentem a reunião e, depois, contribuam com os programas que serão produzidos sobre o evento de Belém. Durante o Fórum, serão montados alguns estúdios para uso comum das mídias alternativas e universitárias.

Haverá, também, a Ciranda, experiência através da qual os jornalistas de veículos alternativos poderão trocar informações, produzir pautas conjuntas, enfim, realizar uma cobertura compartilhada. Nos dias 26 e 27, será realizado o I Fórum Mundial de Mídia Livre. “Quem é da universidade e lida com comunicação deve também se aproximar e se apropriar desse processo, no qual serão discutidas as questões da comunicação”, avisa Rita Freire.

[EcoDebate, 27/01/2009]

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