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(crise financeira global) A resposta está na simplicidade

cuidando do nosso planetinha
Imagem: Stockxpert

[EcoDebate] A crise econômica está trazendo na prática para o mundo uma lição que há muito tempo habita os textos de vários escritores, ambientalistas, cientistas e de tantos daqueles que se ocupam com os problemas da humanidade: a resposta está na simplicidade.

A simplicidade como uma regra existencial de qualidade de vida é coisa bem antiga, mais velha que a escrita. Está presente na poesia oriental, nos versos finos de mestres zens anteriores à Cristo, passando por iluministas, como o francês Jean-Jacques Rosseau (1712-1778), ou intelectuais visionários como Henry David Thoreau (1817-1862), escritor norte-americano que pregava uma integração plena do homem com a natureza.

Ainda é cedo para afirmar que estamos entrando em uma nova era na qual as lideranças políticas dos países mais poderosos optem enfim pela via óbvia da simplicidade para seus povos. Mas é um fato que nos dias atuais a adoção da simplicidade como um hábito de vida torna-se até uma exigência econômica. O que o esgotamento do meio ambiente já vinha pedindo há muito tempo deverá vir, enfim, forçado pela crise.

A crise que vivemos é a pior dos últimos 79 anos, comparável apenas com a criada com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, quando os Estados Unidos já eram o país mais rico do planeta. A Grande Depressão, como foi chamada, afetou o mundo todo e teve a Segunda Guerra Mundial como um dos fatores mais destacados do período, com influências geopolíticas e econômicas sentidas até hoje.

A crise de agora, porém, tem como agravante a péssima condição ambiental do planeta, que está em uma situação de degradação e esgotamento de seus recursos naturais, com poluições de todo tipo e uma série de problemas que não permitem mais a exploração intensiva que foi a marca do século vinte. Em resumo, não dá para usar o planeta para fazer caixa.

Ao contrário, com a degradação do meio ambiente e as necessidades intensivas criadas por políticas econômicas pouco racionais e também pelo crescimento descontrolado da população mundial, o planeta começa a exigir — além de moderação nos gastos — a aplicação de recursos econômicos na restauração do que foi estragado ou desperdiçado com o uso desequilibrado.

Mas para a recuperação da natureza também é preciso que as pessoas passem a viver com mais simplicidade, pondo fim aos excessos que consumiram ou degradaram boa parte das reservas naturais do planeta.

Mas o mundo está preparado para isso? A vitória de Barack Obama nos Estados Unidos parece ser uma resposta positiva e vem da nação sem a qual o mundo não pode colocar em prática medida alguma que realmente influencie de forma positiva o meio ambiente.

Além de seu peso político e militar, os Estados Unidos tem em boa parte culpa pelo problema. É uma nação altamente consumista, que usa o planeta em função apenas de seus interesses imediatos, sendo vorazes devoradores dos recursos naturais do planeta, consumindo, por exemplo, 25% de toda a produção mundial de petróleo.

E o pior é que, sob a influência da fantástica máquina publicitária e de comunicação norte-americana, praticamente o mundo todo tenta até hoje copiar este modelo inviável, com as consequências ambientais que aí estão.

Mudar de atitude, porém, será uma tarefa bastante difícil. Até porque a máquina que lucra com esta exploração desequilibrada ainda está bem azeitada e tem a seu serviço amplos setores da classe política mundial e da mídia. Mas a mudança exigirá também um imenso esforço das pessoas. Com certeza, está é uma das razões de Obama lembrar no discurso de posse que a falência material de seu país é culpa da cobiça e irresponsabilidade de alguns, mas também “do fracasso coletivo em fazer escolhas difíceis”.

O país que implantou no mundo a cultura do desperdício, do uso do automóvel individual e bebedor de muito combustível, da comilança sem cuidado com a saúde e de toda uma gama de bens ostentatórios e gastadores, pode estar começando a mudar de rota, com fortes conseqüências em todo o planeta.

* Texto enviado pelo Movimento Água da Nossa Gente

[EcoDebate, 26/01/2009]

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