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Volume de alimentos desperdiçados no país alimentaria 35 milhões de pessoas

comida no lixo

“1/3 de tudo que você compra vai direto para o lixo” é o slogan da campanha de conscientização que o Instituto Akatu – Pelo Consumo Consciente acaba de lançar na internet (www.akatu.org.br) e negocia para ganhar páginas de revistas e a tela da tevê. O que a princípio pode parecer mais uma frase de impacto, é uma tradução da realidade brasileira. Pesquisas feitas pelo instituto, em parceria com um grande fabricante de alimentos, e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam o descarte de 20% a 40% do consumo doméstico de alimentos perecíveis. Do O Globo, 21/01/2009.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, sigla em inglês) estima que anualmente desperdiçamos 26 milhões de toneladas de alimentos no Brasil. O montante seria suficiente para alimentar 35 milhões dos cerca de 72 milhões de brasileiros, segundo o IBGE, em situação de insegurança alimentar.

– A maioria das pessoas não se dá conta do volume de alimentos que desperdiça. Muito menos de que quando joga fora um legume, por exemplo, não é só aquele produto que está sendo desperdiçado, mas tudo envolvido na cadeia de produção: energia, água, pesticida, transporte. De maneira bem humorada, a campanha quer sensibilizar o consumidor a mudar hábitos simples, como comprar menos quantidade e mais assiduamente, o que será bom para as suas contas e para os que têm fome. Desperdiçando menos, a pressão sobre alimentos será menor e poderemos ter até a redução de preços – diz Hélio Mattar, presidente do Akatu.

Aproveitar integralmente o alimento é uma recomendação A pedagoga Adriana Abreu, mãe de dois adolescentes, admite que só se deu conta do tamanho do desperdício de alimentos em sua casa quando tirou férias e começou a cuidar pessoalmente das compras e do cardápio: – As frutas foram as primeiras a me chamar atenção. Comprava uma dúzia de banana e sempre duas iam para o lixo. Melancia, sempre compro um pedaço grande, mas só dura dois dias.

Por praticidade, fazia compras semanais. Mudei o hábito e a quantidade.

Em vez de pensar por quilo, passei a comprar o número de batatas que vou usar. Comecei a aproveitar melhor os alimentos. Já fiz suco de cascas e até bolo de casca de melancia.

Se contássemos o descarte de talos, folhas, cascas e sementes, dizem especialistas, o volume de desperdício seria maior. Ensinar os brasileiros a aproveitar integralmente os alimentos é uma das frentes de trabalho da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

– Em parceria com o Sesi, compramos 26 caminhões, que funcionam como cozinhas móveis para cursos.

De 2004 para cá, capacitamos 145 mil pessoas, em 26 estados. Agora teremos mais 30 cozinhas semifixas, que ficarão em centros de referência de assistência social, por três quatro meses.

Com isso, a estimativa é chegar ao fim do ano com mais de 200 mil pessoas capacitadas. Isso quer dizer dar a elas não só uma possibilidade de potencializar seu cardápio e melhorar o valor nutricional das suas refeições, mas adotar hábitos mais sustentáveis ambientalmente – destaca Marco Aurélio Loureiro, diretor de Apoio a Projetos Especiais da secretaria.

Banco de alimentos combate desperdício no fornecedor Outro projeto apoiado pela secretaria que tem tido êxito, lembra Loureiro, são os bancos de alimentos, que por meio de parcerias com mercados, indústrias e sacolões permitem a distribuição de alimentos em condições de uso, mas com pouca possibilidade de comercialização, a instituições que as repassam a pessoas carentes: – Há 55 bancos de alimentos em funcionamento e outros 33 em fase de implementação. É um trabalho delicado, pois não há uma lei que regulamente este tipo de atividade. É preciso muita transparência e confiabilidade.

As instituições têm que ter certeza que recebem alimentos de qualidade e os fornecedores, de que suas doações chegam ao destino.

Pioneira entre as entidades civis neste trabalho, a ONG paulista Banco de Alimentos, que completa uma década em fevereiro, estuda um modelo de franquia social para levar a outros estados o sistema que desenvolveu e hoje beneficia mais de 22 mil pessoas, via 51 instituições.

– É preciso minimizar os efeitos da fome através do combate ao desperdício. A colheita urbana, conta com 115 doadores e tem uma lista de espera de 230 instituições que gostariam de receber os alimentos.

Mas não temos infraestrutura para tanto. Colher alimentos em domicílio seria inviável, mas atuamos de outra forma diretamente com o cidadão.

Temos ações educativas para melhorar a qualidade da alimentação e reduzir o desperdício. E, nas escolas privadas, trabalhamos em todas as faixas etárias, com conceitos que vão de novos hábitos alimentares à questão ambiental e política – explica Isabel Marçal, coordenadora institucional da ONG, destacando que o modelo de franquia deve estar pronto em junho

[EcoDebate, 23/01/2009]

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