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Pesquisa relaciona o declínio da fertilidade masculina com a poluição da água, por Henrique Cortez

Nova pesquisa reforça a ligação entre a poluição da água e o aumento de problemas na fertilidade masculina. O estudo, realizado pela Brunel University e as universidades de Exeter and Reading e do Centre for Ecology & Hydrology, mostra, pela primeira vez, como um grupo de bloqueantes químicos de testosterona estão presentes nos rios do Reino Unido, afetando a fauna e, potencialmente, os humanos. A pesquisa foi apoiada pelo Conselho de Pesquisa do Ambiente Natural (Natural Environment Research Council) e publicado na revista Environmental Health Perspectives.

O estudo identificou um novo grupo de produtos químicos que agem como “anti-andrógenos”. Isto significa que elas inibem a função do hormônio masculino, a testosterona, reduzindo a fertilidade masculina. Alguns destes produtos químicos estão presentes medicamentos e em pesticidas utilizados na agricultura. A pesquisa sugere que, ao “entrar” no sistema de abastecimento de água, essas substâncias podem desempenhar um papel central na feminização ocorrida em peixes machos.

A pesquisa mostra como hormônios sexuais femininos (estrogênios), e produtos químicos que mimetizam estrogénios, contribuem para a feminização de peixes machos. Estes produtos químicos industriais e resíduos de pílulas contraceptivas contaminam os rios a partir das estações de tratamento de efluentes, causando problemas reprodutivos nos peixes e, em alguns casos, levando os peixes machos a mudar de sexo.

Outros estudos também sugerem que pode haver uma ligação entre este fenômeno e o aumento de problemas de fertilidade humana masculina causados pela síndrome de disgenesia testicular, o pseudo-hermafroditismo. Até agora, esta associação ainda não era consolidado porque a lista de produtos suspeitos de afetarem os peixer estava limitado a produtos químicos, enquanto que a síndrome de disgenesia testicular era reconhecida como sendo causada pela exposição a uma gama de anti-andrógenos.

A pesquisa é, na opinião dos autores, o primeiro passo para identificar a fonte desses poluentes, o que permitiria que os órgãos reguladores e a industria possam testar os impactos destes produtos, conhecidos estrogênios ambientais, de forma que sejam eliminados ou controlados para a proteção da saúde ambiental.

A pesquisa, ainda de acordo com seus autores, mostra que uma variedade muito maior de produtos químicos do que se pensava anteriormente pode provocar perturbações hormonais nos peixes. Isto significa que os poluentes que causam estes problemas são podem ser originados de uma ampla variedade de fontes.

Este coquetel de produtos químicos na água estão causando uma ruptura no equilíbrio hormonal dos peixes e, potencialmente, contribuindo para o aumento dos problemas reprodutivos masculinos.

O estudo avaliou a associação da exposição aos produtos químicos anti-andrógenos e os potenciais efeitos observados em mais de 1.000 peixes, em 30 rios de várias partes da Inglaterra. ”

O artigo “Statistical Modelling Suggests That Anti-Androgens in Wastewater Treatment Works Effluents are Contributing Causes of Widespread Sexual Disruption in Fish Living in English Rivers”, de Susan Jobling, Robert W. Burn, Karen Thorpe, Richard Williams e Charles Tyler, publicado na edição online de Environmental Health Perspectives (Environ Health Perspect doi:10.1289/ehp.0800197 available via http://dx.doi.org/ , Online 7 January 2009), está disponível para acesso integral no formato PDF.

Para acessar o artigo, no formato PDF, clique aqui.

[Por Henrique Cortez, do Ecodebate, com informações da University of Exeter]

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