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As mudanças climáticas podem ser desastrosas para a economia dos países em desenvolvimento, por Henrique Cortez

Campo de arroz, na Ásia, devastado pela seca. Foto: Sipa Press/Rex
Campo de arroz, na Ásia, devastado pela seca. Foto: Sipa Press/Rex, na New Scientist

[EcoDebate] O aquecimento global não apenas irá devastar agricultura nos países em desenvolvimento, como poderá comprometer a estabilidade econômica e política, em uma extensão global muito maior do que fora previamente imaginado É o que estima um novo estudo, recentemente publicado.

Benjamin Olken, economista do Massachusetts Institute of Technology e um dos autores do estudo [Climate Shocks and Economic Growth: Evidence from the Last Half Century], diz que a ligação entre a “altas temperaturas e baixo crescimento econômico é muito mais forte do que tínhamos imaginado. Este é o primeiro estudo a relacionar as mudanças climáticas com o crescimento econômico, o que pode indicar efeitos de longo prazo nos países em desenvolvimento.

Se o estudo estiver correto, ao longo do século 21, a distância entre os países ricos e pobres ficará ainda maior, mesmo que as mudanças climáticas atinjam a todos.

Os pesquisadores, na elaboração do estudo, analisaram como as temperaturas afetaram o crescimento econômico ao longo dos últimos 50 anos. Como resultado da análise, os pesquisadores identificaram que, em momentos de temperaturas acima da média, não sofreram impactos econômicos significativos, mas o PIB dos países pobres caiu 1% nos anos em que as temperaturas estiveram 1°C acima da média regional.

Até mesmo a produção cientifica também diminuiu nos países pobres nos anos mais quentes, provavelmente em razão da redução dos investimentos econômicos e da redução do apoio governamental.

Os pesquisadores destacam que as altas temperaturas e seus efeitos associados (secas, quebras de safra, redução da produção de alimentos, etc) aumentam a incidência de distúrbios civis, criando instabilidade política.

Os resultados da pesquisa foram apresentados na semana passada, numa reunião da American Economics Association, em São Francisco.

Se as temperaturas globais aumentarem de acordo com os cenários previstos, pelo IPCC, o fosso econômico entre países ricos e pobres terá duplicado em uma década a partir de agora. Em 50 anos, o fosso será ampliado em 12 vezes.

É um estudo importante e necessário mas, por agora, suas conclusões devem ser avaliadas com cautela e necessitam de outros estudos confirmatórios.

Inadvertidamente o estudo reforça a posição dos neocons e ecocéticos norte-americanos de que pouco ou nada perderão de significativo com as mudanças climáticas e que este é um problema dos países pobres.

É evidente que os países pobres serão severamente afetados pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas, mas os países ricos não ficarão incólumes ao desastre climático. Talvez, apenas talvez, tenham menos a perder mas, certamente, também perderão muito.

As mudanças climáticas não respeitarão fronteiras e PIBs.

O artigo “Climate Shocks and Economic Growth: Evidence from the Last Half Century” de Benjamin Olken, Melissa Dell e Benjamin F. Jones. November 2008 está disponível para acesso e/ou download no formato PDF.

Para acessar o artigo, no National Bureau of Economic Research, NBER Working Paper No. 14132, clique aqui.

[Por Henrique Cortez, do Ecodebate, 17/01/2009]

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