Pesquisa identifica que trabalhar diretamente com chumbo pode causar problemas cognitivos

As pessoas que trabalham diretamente com chumbo sofrem problemas cognitivos a partir dos 55 anos de idade, concluiu um estudo da Universidade de Pittsburgh (EUA), publicado nesta segunda-feira (12) na revista “Neuropsychology“.

A exposição frequente ao chumbo causa “ligeiro déficit” de conhecimento, especialmente na capacidade de localização espacial, na aprendizagem e na memória. Estes problemas afetam trabalhadores a partir dos 55 anos, inclusive quando seu contato com o chumbo terminou há muito tempo, uma vez que o elemento químico permanece no corpo humano durante décadas. Matéria da Agência EFE, com informações complementares do EcoDebate.

Os cientistas chegaram a estas conclusões após estudar a evolução, durante mais de 20 anos, de dois grupos de trabalhadores da Pensilvânia (EUA): um que trabalhou exposto ao chumbo em fábricas de baterias, e outro que não estava nessa condição.

Em 1982, essas pessoas se submeteram a um controle de chumbo no sangue e a provas cognitivas que mediam a velocidade psicomotora, as funções espacial e executiva, a inteligência geral, a aprendizagem e a memória.

Os trabalhadores das fábricas de baterias de chumbo tinham uma concentração em sangue de 40 microgramas do metal por decilitro, enquanto nas pessoas não-expostas esta proporção era de 7,2.

A recomendação é a de que os empregados deixem o trabalho a partir de uma concentração de 25 microgramas de chumbo por decilitro de sangue. Os trabalhadores expostos abandonaram as fábricas.

Em 2004, os pesquisadores voltaram a analisar a concentração de chumbo no sangue e a capacidade cognitiva de ambos os grupos. Houve a medição dos níveis do metal nos ossos inferiores da perna –os ossos são o destino final do chumbo que circula pela corrente sanguínea).

O resultado foi o de que os homens com maiores níveis de chumbo acumulado nos ossos obtiveram a pior pontuação cognitiva, especialmente a partir dos 55 anos de idade.

Matéria da Agência EFE, no UOL Notícias, 12/01/2009 – 17h30

Nota do EcoDebate: o acesso ao artigo “Association of cumulative lead and neurocognitive function in an occupational cohort“, publicado revista “Neuropsychology”, 2009 Volume 23, Issue 1 (Jan), da American Psychological Association, é restrito a assinantes.

Abaixo transcrevemos informações do abstract:

Association of cumulative lead and neurocognitive function in an occupational cohort.
Khalil, Naila; Morrow, Lisa A.; Needleman, Herbert; Talbott, Evelyn O.; Wilson, John W.; Cauley, Jane A.
Neuropsychology. Vol 23(1), Jan 2009, 10-19.

Abstract

Lead is a neurotoxicant that accumulates in bone with a half life of 25-30 years. To evaluate the association of lead biomarkers and cognitive function, a cohort of exposed and nonexposed workers who had been previously assessed in 1982 was retested approximately 22 years later. For the current assessment, both blood lead and tibia bone lead levels were determined. In addition, cognitive function was tested with the Pittsburgh Occupational Exposures Test battery, which had previously been administered in 1982. In exposed workers, bone lead level predicted lower current cognitive performance and cognitive decline over 22 years. In those lead-exposed workers older than age 55, higher levels of bone lead predicted poorer cognitive scores, suggesting vulnerability for older workers with higher past lead exposure. Finally, there was no association with bone lead level and recency of exposure, suggesting that cumulative body burden is most likely responsible for the progressive cognitive decrement evidenced with vulnerability because of aging. (PsycINFO Database Record (c) 2009 APA, all rights reserved)

[EcoDebate, 14/01/2009]

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