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Chapadão do Parecis, MT: Do espólio do garimpo à avicultura

Garimpo abandonado, em foto de arquivo MMA
Garimpo abandonado, em foto de arquivo MMA

A aventura dos garimpeiros de diamante deixou profundas marcas em cinco municípios, que agora buscam alternativa para o desenvolvimento

Diamante em abundância nos contrafortes do Chapadão do Parecis, que fervilhava e ninguém se atentava que a extração mineral é cíclica. Quando o garimpo entrou em declínio a população dessa região formada por Alto Paraguai, Nortelândia, Arenápolis, Nova Marilândia e Santo Afonso passou a enfrentar a realidade dos piores indicadores sociais mato-grossenses. A avicultura pelo sistema de integração e a um passo da verticalização é a luz do fim do túnel para a economia regional superar a grave crise que foi a herança da garimpagem desordenada, aventureira e sem nenhum critério ambiental na nascente do rio Paraguai e de alguns dos formadores em sua cabeceira. Matéria do Diário de Cuiabá, MT, 11/01/2009.

Alojar frangos para abate na escala em uso na região é uma atividade para a agricultura familiar, mas isoladamente ela está bem longe de resolver os problemas sociais, embora os amenize com a incorporação dos avicultores ao processo econômico.

Alto Paraguai é o portão de entrada dos cinco municípios localizados ao lado do Chapadão. Ali, o garimpo ditou as regras desde os anos 1940 até meados da década passada, quando blefou – murchou a produção – de vez. No mesmo período multidões se espalharam pelas cidades da região atrás da pedra sem jaça, do diamante valioso.

Com a exaustão mineral, o êxodo foi quase total. Os garimpeiros se foram juntamente com seus sonhos e aventuras. Jovens migraram para Cuiabá e outras cidades em busca de ensino e trabalho. Comerciantes partiram em busca de novas praças. Portas se fecharam. Casas ficaram abandonadas. Ficaram famílias com raízes na região. Também restaram os renitentes e alguns gatos pingados que teimam com o diamante.

Os indicadores apontam uma amarga realidade que ninguém na área nega, mas que autoridades tentam esconder sob o tapete. Em 10 anos – de 1999 ao ano passado – o número de residentes da região despencou: caiu de 42.813 habitantes para 30.107 registrando queda percentual de 29,68%. No período, 12.706 cidadãos disseram adeus. No comparativo dos números desse êxodo com os que vivem nos cinco municípios se vê que nenhum deles tem tamanha população, pois o mais populoso é Arenápolis, com 10.070.

O pior bolsão de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) de Mato Grosso, aferido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é formado pelos cinco municípios. Nova Marilândia e Santo Afonso (0,701), Alto Paraguai (0,704); Nortelândia (0,718) e Arenápolis (0,721), numa escala de zero a um.

O Produto Interno Bruto (PIB) apurado pelo IBGE em 2006, é baixo. A renda per capita não chegou ao fundo do poço, mas está bem abaixo de Campos de Júlio (R$ 81.577), Sapezal (R$ 62.599) e da maioria dos municípios de Mato Grosso. A renda per capita de Santo Afonso é de R$ 11.073, de Nova Marilândia (R$ 9.283), Alto Paraguai (R$ 7.276), Nortelândia (R$ 6.368) e Arenápolis (R$ 5.734).

Esse cenário é a realidade de um grupo de municípios interligados por asfalto à malha rodoviária nacional, com energia urbana e rural, telefonia, baixa taxa de criminalidade, com distância média de Cuiabá de 240 km, localizada ao lado do Chapadão dos Parecis – que é um dos principais celeiros agrícolas do Brasil e próximo a grandes usinas de álcool, açúcar e biodiesel.

[EcoDebate, 12/01/2009]

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