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Contaminação no rio Paraíba do Sul, RJ: Servatis é multada em R$ 33 milhões

Mortandade de peixes no rio Paraíba do Sul, foto do O Globo Online
Mortandade de peixes no rio Paraíba do Sul, foto do O Globo Online

Servatis reconhece ter lançado quase 8 mil litros de inseticida no rio

CAMPOS, VOLTA REDONDA E RIO. A Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca), da Secretaria estadual do Ambiente, arbitrou ontem multa de R$ 33 milhões à empresa Servatis, sediada em Resende, pelo vazamento do inseticida Endosulfan no Rio Pirapetinga, afluente do Paraíba do Sul. A Ceca deu à empresa um prazo de 15 dias para pagar ou entrar com recurso contestando a punição administrativa.Por Aloysio Balbi, Dicler de Mello e Souza, e Tulio Brandão, do O Globo, 26/11/2008.

Os responsáveis pela Servatis só vão se pronunciar quando receberem a notificação oficial do estado, mas os funcionários temem que a indústria, que já passava por problemas financeiros, seja fechada devido ao valor da multa. Três meses atrás, a Servatis já tinha sido multada por poluir o rio.

A indústria emitiu ontem um relatório em que admite o vazamento de 7.990 litros de endosulfan.

O volume é mais de cinco vezes maior que o anunciado inicialmente pelos responsáveis e se aproxima da estimativa da Secretaria do Ambiente.

Onda tóxica chega ao Norte Fluminense

A onda tóxica tem provocado mortandade de peixes por onde passa e forçado municípios ao longo do rio a fechar as captações de água. Ontem, como o inseticida já estava no Norte Fluminense, foi interrompido o abastecimento de estações de quatro cidades até a foz do rio – Itaocara, São Fidélis, Campos e São João da Barra.

A secretária do Ambiente, Marilene Ramos, diz que a multa só não foi maior por causa da crise da Servatis: – A multa máxima para esse crime é de R$ 50 milhões. O acidente foi muito grave: houve grande mortandade de peixes e animais, além de problemas no abastecimento em várias cidade.

Teve também o agravante de eles terem omitido a informação do vazamento. Mas a lei manda que se considere a situação econômica do infrator. Como a Servatis está em má situação, não aplicamos a multa máxima.

Ontem, de acordo com Marilene, foram recolhidas, no Paraíba, na altura de Campos, três toneladas de peixes mortos.

O total, em todo o rio, chega agora a oito toneladas. A pesca, segundo a Secretaria do Ambiente, foi proibida por tempo indeterminado na região.

Para o ambientalista Arthur Soffiati, do Centro Norte Fluminense para a Conservação da Natureza (CNFCN), a contaminação trará enormes prejuízos econômicos à região.

– O vazamento afeta alguns segmentos econômicos, como a pesca e a atividade rural. Em São João da Barra, a pesca é uma atividade importante. Em São Fidélis, ninguém está consumindo peixe. A produção rural, que usa a água do rio, também sofre com tudo isso – avaliou o ambientalista.

A passagem da onda tóxica de Endosulfan por São Fidélis, ontem, causou uma enorme mortandade de peixes.

Água mineral já está em falta em Campos

A população de todo o Norte Fluminense está alarmada com a notícia de que o vazamento foi maior que o anunciado inicialmente. Em Campos, cidade de meio milhão de habitantes, os moradores decidiram optar pela água mineral em galões, devido ao medo de contaminação. À noite, em vários postos de venda, o produto já estava em falta.

Multas não são pagas

Multas milionárias, como a aplicada à empresa Servatis, costumam causar impacto na opinião pública, mas não nos cofres dos órgãos ambientais.

A série de reportagens “A impunidade é verde”, publicada no GLOBO de 16 de março a 24 de março deste ano, revelou que menos de 1% das multas ambientais emitidas pelo estado nos últimos dez anos foi paga. Para chegar a esses números, O GLOBO pesquisou cerca de 15 mil autos de infração.

Na esfera federal, apenas dez por cento dos autos de infração aplicados pelo IBAMA nos últimos dez anos – período de vigência da Lei de Crimes Ambientais – foram quitados. Mesmo esse percentual engana, já que está inflado pelo pagamento de uma única multa, de R$ 35 milhões à Petrobras, devido ao vazamento de óleo na Baía de Guanabara em 2000.

Por causa da publicação da série, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, em julho, decreto que torna a lei federal mais rigorosa. Entre outras medidas, ele reduz o prazo de recursos das multas, na tentativa de aumentar a arrecadação.

O caso da Servatis já chegou à esfera criminal. No entanto, a série mostrou também que não há no Rio qualquer preso condenado por crime ambiental.

Nota do EcoDebate: sobre as multas ambientais sugerimos que leiam, também: “RJ, A fantasia das multas ambientais – Em dez anos, órgãos estaduais receberam menos de 1% do valor cobrado

[EcoDebate, 27/11/2008]

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4 thoughts on “Contaminação no rio Paraíba do Sul, RJ: Servatis é multada em R$ 33 milhões

  • WALÉRIA CRISTINA OLIVEIRA DE SOUZA

    Eu, sou moradora da cidade de SÃO JOÃO DA BARRA, e posso dizer que essa, foi, em vista da primeira poluição ocorrida no ano de 2001, bem pior. Com todo o trantorno inclindo a morte de varias especies de pescados e crustaceos, muitas familías passaram fome, porque dependiam da pesca. Dessa vez é bem pior a quantidade de peixes mortos e bem maior, até camarão havia na areia da praia , nos estamos muito tristes e revoltados, sabe porque : Mais uma vez o pescador sai prejudicado e as autoridades não vêem isso. Eu gostaria de chamar a atenção das autoridades para isso,sei que ninguem pode fazer com que essa quimíca saia da agua assim, mas alguem tem que pagar por isso, ajudando principalmente as famílias que vivem da pesca, ou seja a maioria da população.

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