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Pesquisa indica que os altos níveis de deposição de nitrogênio podem acidificar os solos

Montanhas Tatra, na Eslováquia. Foto de Zdeno Kostka; cortesia de William D. Bowman, University of Colorado.
Montanhas Tatra, na Eslováquia. Foto de Zdeno Kostka; cortesia de William D. Bowman, University of Colorado.

O aumento dos níveis de deposição de nitrogênio, associado à indústria e a agricultura, pode conduzir os solos em direção a um nível tóxico de acidificação, de redução do crescimento das plantas, além de poluir as águas superficiais. É o que afirma um novo estudo publicado na Nature Geoscience online. Por Henrique Cortez*, do Ecodebate.

O estudo, efetuado nas montanhas Tatra, na Eslováquia, realizado pela University of Colorado, University of Montana, Slovak Academy of Sciences e pelo U.S. Geological Survey, mostra o que pode acontecer quando a deposição de nitrogênio, em qualquer parte do mundo, aumenta até determinados níveis (os níveis semelhantes aos que estão previstos para ocorrer em diversas partes da Europa até 2050), de acordo com alguns modelos de mudanças.

Com base nestes resultados, os autores advertem que os altos níveis de nitrogênio, depositado na Europa e na América do Norte durante o último meio século, já pode ter deixado muitos solos susceptíveis à acidificação. Os resultados desta acidificação suplementar, escreveram os autores, são: fertilidade do solo extremamente reduzida e lixiviação de ácidos e metais tóxicos em águas superficiais.

A deposição de nitrogênio, decorrente da atividade humana, tornou os solos das montanhas Tatra, na Eslováquia Ocidental, altamente ácidos. O estudo revela que o aumento da carga de nitrogênio, na região, desencadeia a liberação de ferro solúvel nos solos das pastagens alpinas. Esta liberação de ferro é indicativa da extrema acidificação do solo, condições comparáveis aos observados em solos expostos à drenagem de uma mina de ácida.

“A recuperação tão extrema de alteração química só poderia ocorrer em tempo geológico, e é por isso que o solo deve ser considerado um recurso não renovável”, disse a cientista Jill Baron, do USGS, que ajudou a analisar e interpretar os resultados dos estudos.

Além desta pesquisa, a Dra. Baron tem investigado, durante 26 anos, os impactos da deposição de nitrogênio no Rocky Mountain National Park. “As Montanhas Rochosas e as montanhas Tatra representam as duas extremidades dos efeitos da deposição”, disse a Dra. Baron. “Os efeitos da deposição de nitrogênio no Rocky Mountain National Park estão apenas começando a ser observados, permitindo que aos gestores dos recursos a oportunidade de ajudar a região a se recuperar, enquanto a deposição é reduzida. No Parque Nacional Montanhas Tatra, no entanto, os solos estão muito além da recuperação natural, no que seriam prazos de percepção humana. ”

Grande parte do leste da Europa do Norte e dos EUA enfrentarão os mesmos efeitos, acrescentou.

Os trabalhos da Dra. Baron, no Parque Nacionais das Montanhas Rochosas, levaram ao estabelecimento de um limite para o nitrogênio do parque, implantado em 2006. Foi a primeira vez que foi criada uma carga crítica de um parque. Um acordo, de 2007, entre a Agência de Proteção Ambiental (EPA), o National Park Service e o Departamento de Saúde e Meio Ambiente do Colorado permitiu que as agências definissem uma meta para a redução das cargas de emissões de nitrogênio até 2012 para melhorar as condições ecológicas dos solos.

A íntegra do artigo “Negative impact of nitrogen deposition on soil buffering capacity “, publicado na Nature Geoscience é restrito a assinantes. Abaixo transcrevemos informações essenciais, o abstract e informações de contato com os pesquisadores.

Negative impact of nitrogen deposition on soil buffering capacity
Nature Geoscience 1, 767 – 770 (2008)
Published online: 2 November 2008 | doi:10.1038/ngeo339

William D. Bowman1, Cory C. Cleveland2, Lubo Halada3, Juraj Hresko3 & Jill S. Baron4

Anthropogenic nitrogen deposition over the past half century has had a detrimental impact on temperate ecosystems in Europe and North America, resulting in soil acidification and a reduction in plant biodiversity1, 2. During the acidification process, soils release base cations, such as calcium and magnesium, neutralizing the increase in acidity. Once these base cations have been depleted, aluminium is released from the soils, often reaching toxic levels. Here, we present results from a nitrogen deposition experiment that suggests that a long legacy of acid deposition in the Western Tatra Mountains of Slovakia has pushed soils to a new threshold of acidification usually associated with acid mine drainage soils. We show that increases in nitrogen deposition in the region result in a depletion of both base cations and soluble aluminium, and an increase in extractable iron concentrations. In conjunction with this, we observe a nitrogen-deposition-induced reduction in the biomass of vascular plants, associated with a decrease in shoot calcium and magnesium concentrations. We suggest that this site, and potentially others in central Europe, have reached a new and potentially more toxic level of soil acidification in which aluminium release is superseded by iron release into soil water.

1.Mountain Research Station, Institute of Arctic and Alpine Research and Department of Ecology and Evolutionary Biology, University of Colorado, Boulder, Colorado 80309-0450, USA
2.Department of Ecosystem and Conservation Sciences, University of Montana, Missoula, Montana 59812, USA
3.Institute of Landscape Ecology, Slovak Academy of Sciences, Akademicka 2, PO Box 23 B, Nitra, SK-949 01, Slovak Republic
4.US Geological Survey, Natural Resources Ecology Laboratory, Colorado State University, Fort Collins, Colorado 80523, USA

Correspondence to: William D. Bowman1 e-mail: william.bowman@colorado.edu

U.S. Department of the Interior, U.S. Geological Survey
Office of Communication
119 National Center
Reston, VA 20192

Jill Baron
jill_baron@usgs.gov
Phone: 970-491-1968

Michele Banowetz
banowetzm@usgs.gov
Phone: 970-226-9301

Catherine Puckett
cpuckett@usgs.gov
Phone: 352-264-3532

* Com informações do United States Geological Survey

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