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Pará: Fazendeiro é suspeito de haver derrubado 30 mil árvores em área de 100 hectares

A menina Isabel Lima Eneias, em foto do O Liberal
A menina Isabel Lima Eneias, em foto do O Liberal

A fazendeiro Ciro Rodrigues Braz pode ter destruído, só este ano, uma área de aproximadamente 100 hectares, para explorar cerca de 30 mil árvores para fazer carvão e plantar capim, na fazenda Água Azul, em Goianésia, no sudeste do Estado. A supeita é dos fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que, ontem à tarde, estiveram na área, depois da reportagem publicada domingo, em O LIBERAL, sobre a luta da menina Isabel Lima Eneias, de apenas 11 anos, junto com o pai, para recuperar as terras de sua família, também invadidas pelo fazendeiro. Do O Liberal, PA, 18/11/2008.

Norberto Neves, chefe da fiscalização do instituto, disse que ontem mesmo a equipe de fiscalização tentou destruir os 60 fornos em funcionamento no local, mas não foi possível, porque anoiteceu rapidamente. Hoje, a equipe do Ibama volta à fazenda para destruir todos os fornos e autuar o fazendeiro, que será multado entre R$ 500 e R$ 1 mil por forno.

O processo sobre todos os crimes ambientais cometidos por Ciro Braz será encaminhado pelo Ibama ao Ministério Público Federal. ‘Tudo é ilegal, os fornos, o desmatamento, ele cede a área para trabalhadores desmatarem e produzir carvão, para depois receber a área desmatada de graça e fazer pastagem, tudo de forma criminosa’, declarou Norberto Neves. Ele disse que os crimes foram confirmados pelos trabalhadores que fazem carvão na fazenda. Nas áreas de cobertura florestal onde os fiscais fizeram vistoria não foi encontrada nenhuma cabeça de gado.

Os fiscais do Ibama vão usar fotografias de satélite para analisar as áreas das fazendas Água Azul e Boaideiros, que Ciro Braz declara de sua propriedade, para saber realmente a dimensão da área destruída por ele. Ontem, os fiscais apreenderam na fazenda Água Azul motoserras, combustível, bomba d’água e motocicletas, além de outras ferramentas usadas para derrubar as áreas de floresta na fazenda.

Segundo os trabalhadores, os crimes ambientais na fazenda ocorrem há alguns anos. A prática do fazendeiro de entregar áreas de floresta de suas fazendas para os carvoeiros é para economizar dinheiro e tentar livrar-se das acusações pelos crimes ambientais. Pelos cálculos dos fiscais e dos trabalhadores, para derrubar um hectare, ele teria que gastar pelo menos R$5 mil.

Com a autorização do fazendeiro para o desmatamento, a terra limpa sai a custo zero para ele plantar capim. A fazenda Água Azul tem aproximadamente 300 hectares (60 alqueires) e a área da fazenda Boiadeiro não foi dimensionada porque é muito grande, alcançando as margens do rio Capim. Foram encontradas na fazenda uma família e cerca de 200 trabalhadores nas carvoarias.

ACUSAÇÕES

O fazendeiro Ciro Rodrigues Braz, também conhecido como ‘Valente’, é acusado de grilar as terras de Aldivino Antônio Eneias, pai de Isabel, e de mais 17 famílias em áreas próximas, a 10 quilômetros da área urbana de Goianésia. O crime de grilagem ocorre desde 2002 e de lá para cá, segundo Aldivino e sua família, nada foi feito pela Justiça e nem pelos órgãos ligados à terra para devolver as áreas para as famílias.

A pequena Isabel não aguentou o sofrimento do pai e decidiu entrar na luta com ele. Ela estuda e aprendeu com o pai tudo sobre as terras, os processos e a briga. Isabel acompanha todo o caso e questiona as autoridades sobre as injustiças que sua família está sofrendo, inclusive com ameaças de morte. Ontem e no domingo passado, O LIBERAL publicou quatro reportagens sobre a história da família de Isabel e sobre sua atuação.

Nota do EcoDebate: em relação à denúncia citada na matéria leiam, também: “Aos 11 anos, Isabel ajuda o pai ameaçado de morte por invasor de fazenda no Pará. Família vira refém do próprio medo

[EcoDebate, 19/11/2008]

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