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Novas pesquisas dizem que o bisfenol-A (BPA) pode provocar danos permanentes no cérebro das crianças

[New research says the bisphenol-A (BPA) can cause permanent damage to the brain of children, by Henrique Cortez]

Há indícios crescentes de que a exposição pré-natal ao bisfenol-A (BPA) pode provocar alterações permanentes no cérebro das crianças, levando a mudanças comportamentais em fases posteriores da vida. Apesar desta evidência, a FDA (U S Food and Drug Administration) tem declarado que o BPA é perfeitamente seguro para consumo por gestantes, lactentes e crianças. A indústria química, obviamente, concorda totalmente com a FDA. Mas os peritos científicos criticam duramente posição da FDA para o público americano sobre a questão BPA. Por Henrique Cortez, do EcoDebate.

O BPA é usado como ingrediente em produtos de plásticos policarbonatos, tais como mamadeiras e garrafas de água, porque permite que o plástico seja resistente e translúcido.

Um novo estudo divulgado em outubro sugere que a exposição materna ao bisfenol A (BPA) poderia eliminar ou diminuir a diferença de sexo em determinadas respostas comportamentais. O estudo contribui para uma crescente evidência que sugerindo que a exposição ao BPA afeta o cérebro.

Aqueles que têm acompanhado as discussões sobre a segurança do BPA devem ter notado que a Food and Drug Administration (FDA) e o National Toxicology Program (NTP), têm opiniões diferentes sobre a segurança química dos plásticos.

O NTP diz, em sua revisão global, que “O NTP tem alguma preocupação com efeitos no cérebro, comportamento, próstata em fetos, bebês e crianças, nos atuais índices de riscos do bisfenol A.”

A FDA afirmou, em agosto, porém, que o bisfenol-A não representa risco, baseada em provas disponíveis e sugeriu que mais pesquisas são necessárias para provar ou negar a noção de que o BPA é tóxico.

O problema, para os críticos, ocorre porque a FDA, em seu parecer liberado em agosto, optou por não considerar os estudos que encontraram efeitos nocivos para a saúde do BPA. Os críticos destacam, ainda, que a avaliação foi baseada, em grande parte, alguns estudos, com patrocínio da indústria, que não encontraram risco associado à exposição à substância química.

A indústria química defendeu o parecer do FDA.

Um dos pesquisadores que defenderam o bisfenol-A, Steven G. Hentges, da American Chemistry Council’s, foi citado como tendo dito que a avaliação da FDA, em agosto, é “coerente com as conclusões científicas e de outros órgãos governamentais em todo o mundo, tais como a Autoridade Européia de Segurança Alimentar , Saúde do Canadá, e NSF International, sendo que todas concluíram ou atualizaram suas avaliações este ano. Contamos com suas conclusões, que o plástico policarbonato e a resina epoxi são seguros para uso em aplicações com contatos alimentares.”

O que ele não mencionou é que o Canadá tomou a decisão de proibir mamadeiras de plástico contendo BPA e que vários estados dos EUA estão considerando criar legislações para limitar a utilização do BPA em embalagens alimentares. A FDA tinha a sua própria explicação sobre a proibição canadense, em nota divulgada na quarta-feira, 29/10.

A FDA disse que os reguladores canadenses “foram de excessiva precaução” e que a Saúde do Canadá, em sua avaliação do bisfenol-A em recém-nascidos e lactentes até 18 meses de idade, conclui que os níveis de exposição são inferiores aos níveis que poderiam causar efeitos na saúde.”

Independentemente desta posição da FDA, existem provas cumulativas de que o PBA é prejudicial.

Apenas em outubro deste ano, um estudo italiano [Effects of developmental exposure to bisphenol A on brain and behavior in mice] , publicado na Environmental Research (Volume 108, Issue 2, October 2008, Pages 150-157), mostraram que a exposição materna ao BPA, reduziu ou eliminou diferença de gênero em determinadas respostas comportamentais.

Diante das críticas crescentes, a FDA diz que pode iniciar a sua própria investigação no início de 2009, para determinar a toxicidade do BPA em bebês com menos de 1 mês de idade.

Não se sabe quando esses estudos poderiam ser concluídos e, enquanto isto, permanece ainda desconhecida a forma como a FDA teria de responder às crescentes evidências que sugerem que o BPA representa um risco para as crianças.

De uma forma ou outra, é crescente nos EUA, Canadá e Europa a rejeição dos consumidores a produtos com bisfenol-A. Mesmo nos EUA já são muito comuns os produtos, principalmente mamadeiras, rotulados como “BPA Free”. Muitos consumidores norte-americano já evitam recipientes plásticos com a marca impressa de reciclagem número ‘7’, já que muitos desses produtos contem BPA.

Aqueles que estão preocupados com o efeito da ABP pode considerar eliminando ou limitando a sua utilização de garrafas plásticas água e alimentos enlatados, um observador sugeriu saúde. Isto é muito utilizada químicas estrogênica na produção de plástico policarbonato, a simpática e transparente tipo utilizado para engarrafar água e resina epoxi forro alimentar e de bebidas em latas e selantes dentários, de acordo com a NTP.

Embora o tema esteja em debate nos EUA, Canadá e Europa, continua ignorado no Brasil. Dela nada se fala por parte dos órgãos governamentais, da indústria ou dos órgãos de defesa do consumidor. O assunto também continua completamente ignorado pela grande mídia.

De qualquer forma, preferimos continuar a divulgar o debate sobre a segurança do bisfenol-A porque, cedo ou tarde, o assunto também entrará em pauta no Brasil, nem que seja porque a segurança e a saúde de nossas crianças é importante quanto seria nos nos EUA, Canadá e Europa.

Abaixo relacionamos matérias que já publicamos discutindo a segurança e os riscos do BPA, além de duas importantes fontes de consulta relativas às pesquisas e estudos internacionais já realizados.

Fontes de consulta:

The NTP-CERHR Monograph on Bisphenol A

Bisphenol A Overview

Matérias já publicadas pelo EcoDebate:

Pesquisador afirma que não existem níveis seguros de exposição ao Bisfenol A (BPA)

Bisfenol A (BPA): Ferver garrafas plásticas acelera a liberação de substâncias tóxicas

Pesquisa associa Bisfenol A (BPA) a problemas cardiovasculares e diabetes

Agências norte-americanas discordam sobre os riscos do bisfenol A (BPA) em plásticos

Química em plástico pode prejudicar as crianças

[EcoDebate, 06/11/2008]

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3 thoughts on “Novas pesquisas dizem que o bisfenol-A (BPA) pode provocar danos permanentes no cérebro das crianças

  • É importante alertar as autoridades brasileiras para o debate.~Não podemos fechar os olhos para o bisfebol-A. Os bebês têm direito a nescarem com saúde e com ela permanecerem. Suas mamadeiras têm a obrigação de serem saudáveis.

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