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Fiscalização encontra 150 trabalhadores em situação análoga à escravidão no Pará

Trinta eram crianças que trabalhavam para aumentar a remuneração da família. Grave acidente provocou perda de visão em uma delas. Indenização aos trabalhadores será de R$ 600 mil

Ação fiscal do Grupo de Fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Pará (SRTE/PA), realizada no municipio de Placas, resgatou 120 trabalhadores rurais e mais 30 crianças vítimas do trabalho análago à escravidão.

Todos foram encontrados em condições altamente precárias, em local com péssimas condições de habitação, alimentação e higiene. A maior parte das crianças estava doente – apresentavam leishmaniose ou úlcera de Bauru, sendo que uma delas, por conta de um grave acidente, ficou cega ao cair num toco. “As crianças eram levadas ao trabalho para aumentar a remuneração, se sujeitando a todo tipo de situação. Tanto é que uma delas perdeu a visão por conta de uma queda”, relatou o chefe da fiscalização do Pará, José Ribamar Miranda da Cruz.

Segundo os fiscais, os trabalhadores iniciavam as atividades já devendo à empresa, que indicava os compradores de cacau para fornecer equipamentos de trabalho, bem como outros bens de necessidade básica. Com a produção, os trabalhadores pagavam o comprador de cacau.

Por conta de não conseguirem pagar a dívida, toda a família acabava participando do trabalho, levando até as crianças. Quando a dívida ficava fora de controle, era feito um empréstimo ao trabalhador pelo comprador do cacau, mantendo-os ainda mais na atividade.

Conforme relato dos trabalhadores, este tipo de prática, ou seja, contrato de parceria em que os trabalhadores sempre ficam devendo, é muito utilizada por várias fazendas da região.

Além do trabalho precário, os trabalhadores que não atendiam às determinações da empresa eram constantemente ameaçados de morte.

Verbas rescisórias – A indenização aos trabalhadores foi estimada em torno de R$ 600 mil. A operação – iniciada no último dia 17 e com data prevista para terminar em 3/10 – contou com a participação da Policia Federal, Policia Rodoviária Federal e Ministério Público do Trabalho.

Informação da Assessoria de Imprensa do MTE, publicada no EcoDebate, 30/09/2008.

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