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Potencial da energia eólica no Brasil equivale a dez usinas Itaipu


Geração eólica esbarra no preço, mas companhias apresentam projetos – As empresas geradoras de energia eólica habilitaram cerca de 50 empreendimentos para o leilão de energia nova que será promovido pelo governo na próxima semana. Mas não se espera que elas de fato dêem garantias financeiras para vender seus projetos, já que o preço pela energia, oferecido no leilão, é baixo para remunerar o investimento.Por Josette Goulart, do Valor Econômico, 09/09/2008.

O presidente da Associação das Empresas de Energia Eólica, Lauro Fiuza, diz que o grande número de projetos foi apresentado para dar um recado ao governo. “Nós temos projetos e estamos aqui no Brasil”.

O potencial de geração de energia eólica no Brasil é estimado hoje em 140 GW médios, o que equivale a dez usinas de Itaipu. E tamanho potencial e interesse das empresas geradoras já colocou nos planos do governo um leilão exclusivo para venda de energia eólica no próximo ano. Mas os projetos esbarram fortemente na questão do preço.

A energia eólica tem a vantagem de gastar zero de combustível, já que é movida pelos ventos, mas tem a desvantagem de exigir investimentos pesados. Essa é uma energia cara, que se colocada no sistema terá que ser paga pelo consumidor final.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, disse ontem, em seminário sobre energias renováveis promovido pela revista “Exame”, que a agência apoiará se for aprovada a realização de um leilão. Mas Kelman disse também ter dúvidas se é o melhor caminho fazer um leilão de energia eólica já em 2007.

“É um encargo a mais para o consumidor que já vai receber a conta do Proinfa de R$ 2,9 bilhões”, disse Kelman, lembrando o programa do governo que incentiva a geração de energias alternativas. “Pagando mais pela energia, o país se torna menos competitivo”.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, deixou claro, durante o evento, que a questão da modicidade tarifária será fortemente levada em consideração para definir os termos do leilão. “O preço-teto será tal que só as usinas eólicas mais eficientes vão poder entrar no leilão”, disse Tolmasquim. Mas ele afirmou também que o governo vai estudar alternativas para deixar as empresas competitivas.

A partir da próxima semana, a EPE começa a se reunir com empresários do setor para discutir as formas de se fazer o leilão, a exemplo do que ocorreu na preparação do leilão feito para as usinas que geram energia a partir da biomassa. O presidente da Abeólica diz que o governo não poderá somente apresentar o plano de um leilão, como aconteceu com a biomassa, mas um programa de geração de energia eólica. “Ninguém vai investir no Brasil sem a perspectiva de continuidade”.

O principal gargalo do setor está na compra de equipamentos. No Brasil, só existe uma geradora de pás eólicas, a Tecsis , que fica no interior de São Paulo.

Já existe a perspectiva de novos investimentos e no sábado a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, em sua primeira visita ao Brasil, inaugurou a primeira fábrica de geradores e turbinas para a produção de energia eólica da empresa Impsa, que pretende também fabricar pás eólicas. De acordo com Fiuza, é preciso que o país incentive a importação desses produtos.

Na questão preço, os defensores dos projetos lembram que hoje as usinas térmicas gastam tanto ou mais que a usina eólica. O presidente da Energias do Brasil, António Pita de Abreu, lembrou que nesse ano o preço da energia térmica chegou a R$ 200 o MW/h. Tolmasquim lembra, entretanto, que esses são projetos de 15 anos e o preço não pode ser medido com base em um ano em que as térmicas tiveram que ficar ligadas.

[EcoDebata, 10/09/2008]

One thought on “Potencial da energia eólica no Brasil equivale a dez usinas Itaipu

  • Roberto Malvezzi

    No momento que ser voltar à energia nuclear, a saída seria para o futuro. O potencial eólico é incontestável. O fato de ser caro não é impecilho quando se precisa, ainda mais se é mais barato que as térmicas. Aqui no São Francisco, o apagào só não aconteceu novamente no ano passado porque as térmicas estão a todo vapor, com toda poluição que produzem, inclusive dos riachos de Petrolina que desaguam no São Francisco. A equaçào é muito mais complexa que o calculismo econômico dos técnicos.
    Roberto Malvezzi (Gogó)

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