EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Hidroelétrica Belo Monte ameaça rio, povo e biodiversidade

O governo do Brasil quer fazer mais uma hidroelétrica na Amazônia: a grande barragem Belo Monte no Estado do Pará. Este projeto ameaça vários povos indígenas, ribeirinhos e uma biodiversidade importante com florestas tropicais, mata ciliar e praias. E também vai destruir os peixes nativos que precisam de um rio vivo sem barragens.

A eletricidade produzida pela barragem só vai ajudar uma indústria extremamente poluidora e destrutiva da biodiversidade, do meio ambiente e da saúde humana: a indústria da mineração e da produção de alumínio. Este alumínio é para exportação e os povos brasileiros do rio Xingu vão sofrer por isso?

A energia hidroelétrica não é uma energia limpa! Nunca foi! Já as grandes barragens Balbina e Tucurui na Amazônia foram um desastre ecológico e sociológico para o meio ambiente e a população local e global. Porque é uma grande mentira de que a energia das usinas hidrelétricas é uma energia limpa e que não contribui para o “efeito estufa”. A verdade é o contrário. Barragens, especialmente nos países tropicais como Brasil, emitem grandes quantidades de gases do efeito estufa. As barragens hidroelétricas nos rios produzem doses significativas de dióxido de carbono e metano e em alguns casos, principalmente nos países tropicais, produzem mais gases que agravam o efeito estufa do que as termoelétricas que usam combustíveis fósseis.

Por isso, em maio de 2008, quase mil pessoas de vários povos indígenas e populações tradicionais, como ribeirinhos, se encontraram – como em 1989 – em Altamira para manifestar-se contra o projeto Belo Monte. Na carta deles de protesto “Xingu Vivo para Sempre” está escrito: “Estamos cientes de que interromper o Xingu em sua Volta Grande causará enchentes permanentes acima da usina, deslocando milhares de famílias ribeirinhas e moradores e moradoras da cidade de Altamira, afetando a agricultura, o extrativismo e a biodiversidade e encobrindo nossas praias. Por outro lado, o barramento praticamente secará mais de 100 quilômetros de rio, o que impossibilitará a navegação, a pesca e o uso da água por muitas comunidades, incluindo aí várias terras e comunidades indígenas. Não admitiremos a construção de barragens no Xingu e seus afluentes, grandes ou pequenas, e continuaremos lutando contra o enraizamento de um modelo de desenvolvimento socialmente injusto e ambientalmente degradante”.

Ajude esta campanha contra Belo Monte e outras barragens na Amazônia. Participe desta ação de protesto. Não deixe que o Governo do Brasil junto com grandes empresas internacionais destruam a sua riqueza cultural e natural, o seu futuro. Envie uma carta pessoal ao presidente do Brasil ou use a carta abaixo.

Para assinar a carta abaixo, acesse http://www.salveaselva.org/protestaktion.php?id=292

Xingu Vivo para Sempre

Excelentíssimo Sr. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,

com consternação eu recebo a informação de que o seu Governo quer construir a barragem Belo Monte no Pará. Eu estou muito preocupado com o futuro da Amazônia e seus povos tradicionais. A construção das barragens na Amazônia e especialmente no rio Xingu não é um desenvolvimento sustentável. Ao contrário estas barragens destroem os rios, as matas ciliares, as terras férteis, o futuro de milhares de pessoas e destroem também as culturas indígenas e tradicionais que precisam do rio Xingu vivo como uma artéria da vida. A energia hidroelétrica não é uma energia limpa.

Por isso em maio de 2008 quase mil pessoas de vários povos indígenas e populações tradicionais, como ribeirinhos, se encontraram em Altamira para manifestarem-se contra o projeto Belo Monte. Na carta deles de protesto “Xingu Vivo para Sempre” esta escrito:

“Estamos cientes de que interromper o Xingu em sua Volta Grande causará enchentes permanentes acima da usina, deslocando milhares de famílias ribeirinhas e moradores e moradoras da cidade de Altamira, afetando a agricultura, o extrativismo e a biodiversidade, e encobrindo nossas praias. Por outro lado, o barramento praticamente secará mais de 100 quilômetros de rio, o que impossibilitará a navegação, a pesca e o uso da água por muitas comunidades, incluindo aí várias terras e comunidades indígenas. Não admitiremos a construção de barragens no Xingu e seus afluentes, grandes ou pequenas, e continuaremos lutando contra o enraizamento de um modelo de desenvolvimento socialmente injusto e ambientalmente degradante.”

Belo Monte vai mudar o Rio Xingu, vai destruir florestas e matas ciliares e a biodiversidade do Rio. As grandes barragens Balbina e Tucurui foram um desastre ecológico e sociológico para o meio ambiente e a população local e global. Por que é uma grande mentira que a energia das usinas hidrelétricas é limpa e não contribui para o “efeito estufa”. A verdade é o contrário. Barragens, especialmente nos países tropicais como Brasil, emitem grandes quantidades de gases do efeito estufa. Em um estudo publicado em “Estratégias de Mitigação e Adaptação para a Mudança Global”, o cientista Philip Fearnside, Pesquisador Titular do Departamento de Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), estima que em 1990 o efeito estufa de emissões na barragem de Curuá-Uma, no Pará, era maior que três e meia vezes do que seria sendo produzido em geração da mesma eletricidade por óleo diesel. Geralmente as barragens hidroelétricas nos rios produzem doses significativas de dióxido de carbono e metano, e em alguns casos produzem mais gases que agravam o efeito estufa do que as termoelétricas que usam combustíveis fósseis.

Prezado Sr. Presidente Lula da Silva, por favor, não pense que esta carta é uma carta contra o Brasil. Ao contrário: Eu respeito profundamente a integridade territorial do Brasil e a sua soberania. Mas, em nome de seu povo e da biodiversidade de seu país maravilhoso, pare com o projeto Belo Monte. Ouça e respeite os protestos do povo do Xingu contra o projeto Belo Monte. “O rio Xingu vivo para sempre!”

Atenciosamente,

* * * *

Manifesto originalmente publicado pelo Correio da Cidadania.

[EcoDebate, 29/08/2008]