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Artigo

Jornalismo no Pará: Grupo Maiorana manipula informações contra movimentos sociais, artigo de Rogério Almeida

[EcoDebate] A jóia da coroa da manipulação da informação e da capacidade de influência ($$$) da Vale, assim, ao menos em primeiro plano, pode ser enquadrada matéria não assinada da na página 10, edição de Nº 3.043 do jornal Amazônia, do Caderno Gerais, do dia 21 de agosto de 2008, sob o título Igreja se une ao MST em plano de invasão da Estrada de Ferro de Carajás.

O jornal pertence ao grupo Organizações Rômulo Maiorana (ORM), que na linha editorial mantém a perspectiva dos jornalões do Sudeste e Sul do país, oposição às ações dos movimentos sociais, em particular ao MST.

A matéria apócrifa prima em desqualificar as ações das organizações sociais do campo e da cidade aglutinadas em torno do coletivo Justiça nos Trilhos. O coletivo esclarece que trabalha no sentido de aprofundar o conhecimento sobre os impactos sociais e ambientais nas áreas de influência da Ferrovia de Carajás. E que para tanto se associou às universidades federais do Maranhão e Pará no sentido de construir fontes de informações qualificadas e reconhecidas sobre a dinâmica região em questão.

O coletivo vem a público esclarecer que tem como objetivos primordiais o acúmulo de informações e forças para propor medidas mitigadoras nas áreas impactadas pela Vale e debater a reimplantação do Fundo de Desenvolvimento para a região, extinto em 1997, por conta da criminosa privatização da companhia.

Por tanto, não procede a informação de que o Justiça nos Trilhos vai ocupar a Ferrovia de Carajás e irá realizar seminário sobre os trilhos. O Jornal Amazônia, editado em Belém, Pará, não procurou nenhum representante das entidades para confirmar ou não a informação.

Do título ao conteúdo é flagrante a parcialidade do jornal, uma espécie de Extra do grupo ORM, que prima em exibir mulheres desnudas na capa e carregar no sangue nas páginas dedicadas no Caderno de Polícia. A essência matéria zela em desqualificar as ações do MST e do Comitê Dorothy.

A matéria que nada informa e que se diz amparada numa fonte secreta, advoga que o coletivo Justiça nos Trilhos ira ocupar a Ferrovia de Carajás em outubro. A raivosa matéria manipula, confunde e mente para o leitor menos crítico. A confusão desponta nas diferentes denominações atribuídas ao coletivo: grupo e movimento. Num outro ponto diz que uma suposta ocupação da ferrovia foi decidida durante uma reunião realizada na sede da CNBB de Belém, realizada no dia 19 de agosto.

As poucas informações verídicas da matéria recaem sobre a reunião que foi realizada em Belém e a agenda de um grande debate a ser realizado durante o Fórum Social Mundial (FSM), que tem Belém como sede. A reunião teve o caráter de animar a mobilização no estado do Pará para a produção de informações, aprofundamento do debate e mobilização para o FSM.

Tanto a reunião de Belém e os desdobramentos foram divulgados através da rede mundial de computadores pelo Justiça nos Trilhos, talvez isso explique algumas informações corretas da matéria, ao menos isso. A propósito de fontes secretas, diz a lenda que nas ORM nada contra a Vale é divulgado e que em hipótese alguma publicasse ou pronunciasse o nome do jornalista Lúcio Flávio Pinto.

Rogério Almeida é colaborador da rede www.forumcarajás.org.br e é articulista do IBASE e Ecodebate.

[EcoDebate, 22/08/2008]