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Semana Mundial da Água, em Estocolmo, reúne 2,5 mil especialistas para discutir o futuro da água


Nesta segunda, 18/8, iniciou-se uma semana de conferências sobre o impacto da falta de recursos hídricos em todo o mundo, com preocupações centradas em mudanças radicais no comportamento, no que se refere ao uso sustentável da água. A World Water Week é realizada desde 1991 e esta edição ocorre em Estocolmo. O encontro de 2008 é intitulado “Progressos e perspectivas sobre a Água: Para um Mundo limpo e saudável“. Por Henrique Cortez, do EcoDebate.

“Nós tivemos um luxuoso estilo de vida durante os últimos 25 anos, e não nos preocupamos de cuidar do meio ambiente. É necessário mudar a forma de consumir, comprar, comer”, disse o professor britânico John Anthony Allan, vencedor do Prêmio da Água 2008 Estocolmo .

Esta edição da World Water Week centra-se, este ano, sobre a forma como falta de abastecimento de água gera impactos no saneamento e na higiene.

Quase metade da população do mundo carece de boas instalações sanitárias, uma situação que pode ter consequências na saúde pública e que coloca um enorme desafio para ser resolvido, uma vez que a água é cada vez mais um recurso escasso.

As mudanças climáticas, o crescimento da população mundial e o rápido desenvolvimento econômico da Ásia e de África são fatores que influenciam os debates mundiais sobre o abastecimento de água.

“É importante aumentar a sensibilização dos formuladores de políticas públicas sobre esta questão”, declarou o coordenador da Semana Mundial da Água Anders Berntell, referindo-se a urgente necessidade de melhorar o saneamento básico em todo o mundo.

Vinte por cento da população do planeta enfrenta escassez crônica de água, um número que deve chegar a 30% em 2025, de acordo com a declaração da Organização das Nações Unidas, para 2008, Ano Internacional do Saneamento.


“Saneamento é um dos maiores escândalos de todos os tempos. É algo que temos de colocar na nossa tela de radar”, insistiu Príncipe Willem-Alexander da Holanda, que dirige o Secretariado Geral da Junta Consultiva sobre Água e Saneamento.

Ele disse que “7,5 mil pessoas morrem todos os dias devido à falta de saneamento básico”, salientando que “a situação é a mesma que há sete anos atrás.”

“Cinco mil crianças morrem por dia de diarréia, devido à falta de higiene e de saneamento básico e ninguém realmente se preocupa com isto”, disse Blenckner, sublinhando que motivar os formuladores das políticas públicas de saneamento é uma prioridade do encontro.

Outro tema a ser discutido será o impacto que as atividades da humanidade tem sobre o ambiente.

“Temos de entender que aquilo que comemos e os produtos que compramos têm uma incidência imediata na disponibilidade de recursos hídricos do mundo”, disse Blenckner.

Os recursos naturais do planeta estão sob pressão crescente e os esforços para combater a pobreza resultaram em aumento da procura de bens, alimentos e serviços, que também colocam uma pressão sobre a gestão dos resíduos.

Como resultado, os debates do encontro focarão a forma como saneamento, abastecimento de água, a gestão dos ecossistemas e o desenvolvimento econômico, podem ser coordenados.

Nesta terça-feira, os delegados vão dedicar suas atenções para a Ásia, que representa 60% da população do mundo, e cujo rápido desenvolvimento econômico está iniciando grandes impactos sobre os recursos hídricos.

A quantidade de água disponível por pessoa, na Ásia hoje, representa cerca de 15 a 30% do que estava disponível na década de 1950.

Soluções concretas serão discutidas durante a semana, bem como a forma como o comportamento humano pode ser alterado para melhorar a situação.

Saneamento é um dos temas mais discutidos no EcoDebate e, por isto, com base em nossos arquivos anteriores, sugerimos que leiam:

2,5 bilhões não têm acesso a saneamento, de 18/07/2008

Por que razão o setor de saneamento só faz água. Entrevista Raul Graça Couto Pinho, de 25/06/2008

Universalização de esgotamento sanitário precisa de R$ 200 bilhões ou cinco PACs do setor. Falta de saneamento está relacionada a política de exclusão social, diz pesquisador, de 21/05/2008
http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/05/21/universalizacao-de-esgotamento-sanitario-precisa-de-r-200-bilhoes-ou-cinco-pacs-do-setor-falta-de-saneamento-esta-relacionada-a-politica-de-exclusao-social-diz-pesquisador/

Infográfico feito pela Agência Brasil mostra relação entre saneamento precário e as doenças transmitidas pela água, de 29/11/2007

Falta de saneamento mata 3,9 mil por dia, de 24/07/2007

[EcoDebate, 19/08/2008]