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Termelétrica indiana irá emitir mais CO2 do que todas as emissões da Tunísia


A nova usina termelétrica a carvão da Tata Power Ltd., quando operacional em 2012, será um dos 50 maiores emissores de gases de estufa do mundo. E ela será possível graças ao apoio do Banco Mundial. Por Henrique Cortez, do EcoDebate.

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, comprometeu-se a “reforçar significativamente a nossa ajuda” no combate às alterações climáticas, mas, no entanto, a instituição está aumentando o seu financiamento de projetos de combustíveis fósseis em todo o mundo.

A nova usina indiana, orçada em US $ 4,14 bilhões, que emitirá, anualmente, mais dióxido de carbono do que a Tunísia, receberá do Banco Mundial um financiamento de US $ 450 milhões em empréstimos, além de garantias para o projeto.

O contínuo financiamento de empreendimentos emissores de CO2 demonstra que o Banco Mundial, em termos de mudanças climáticas, ficará apenas na retórica, pelo simples motivo de que o financiamento de projetos baseados em combustíveis fósseis, mesmo aumentando o risco de catástrofes ambientais, oferecem rápido retorno financeiro ao banco, abastecendo os seus cofres para mais financiamentos. É um banco, pensando e agindo como um banco.

“A missão do Banco Mundial é aliviar a pobreza e uma maneira que ele faz isto é aumentando o acesso à energia”, diz Somit Varma, diretor do departamento de petróleo, gás, mineração e de produtos químicos . “Fazer isso apenas com fontes renováveis não é viável.”

A Tata Power Ltd., beneficiária deste novo empréstimo do Banco Mundial para energia de carvão, é o maior gerador de eletricidade privado da Índia, com um valor de mercado estimado em US $ 5,5 bilhões e o valor de suas ações aumentou mais de seis vezes ao longo dos últimos cinco anos. No exercício findo em 31 de março, a empresa informou um lucro líquido de US $ 206 milhões, 25 % maior do que no ano anterior.

Críticos do Banco Mundial dizem que o financiamento para a Tata Ultra e de outros projetos energéticos – incluindo US $ 300 milhões para a privatização das centrais a carvão vegetal Calaca Power nas Filipinas e US $ 50 milhões para Salamander Energy Plc para prospecção de petróleo e de gás no sudeste da Ásia, são demonstrações de que o banco não hesitará em apoiar o sacrifício do ar e da qualidade da água em prol da receita e do lucro de curto prazo.

O Center for Global Development, um grupo de pesquisadores em Washington, afirma que a usina da Tata será o nº 42, na sua ordem de prioridade dos emissores de gases de estufa do mundo.

No ano passado, o Banco Mundial fez um total de US $ 33 bilhões em empréstimos, subvenções e investimentos de capital em todo o mundo. Cerca de 10 % foi para a geração de energia e projetos de extração/exploração de combustíveis fósseis, sendo US $ 2,3 bilhões para os combustíveis fósseis e US $ 1 bilhão para a energia renovável, inclusive hidrelétrica, geotérmica, eólica e solar.

Em outubro, Zoellick comprometeu-se a trabalhar para “responder ao desafio das alterações climáticas, sem abrandar o crescimento que irá ajudar a superar a pobreza.”

Para cumprir essa meta, o Banco Mundial tem investido fortemente na conservação da energia e está acelerando os esforços para promover a energia renovável, diz o porta-voz Hannfried von Hindenburg. O mix de empréstimos para a eficiência energética e as energias renováveis aumentou 25 %, para US $ 1,43 bi no ano encerrado em 30 de junho de 2007, a partir do ano anterior, diz ele. O banco ainda não calculou os valores para o ano fiscal de 2008.

[EcoDebate, 15/08/2008]