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Notícia

Nota à Sociedade Paraibana: Água na Paraíba

Adital – O ano de 2008 foi emblemático para levar a justificativa do projeto de Transposição para o Semi-Árido por água abaixo. As fortes chuvas que vêm caindo desde o início do ano demonstraram mais uma vez como os técnicos de Brasília, apoiados por alguns políticos e algumas autoridades religiosas, conhecem pouco a nossa realidade. Se a conhecessem, saberiam porque o Semi-Árido brasileiro é o mais populoso do mundo. Se não fosse possível conviver com aquela realidade, não haveria uma população de milhões, tirando desta terra o seu sustento. Da Frente Paraibana

No momento em que divulgamos esta nota de protesto, o site da AESA-PB – Agência Estadual de Águas da Paraíba – mostra que os grandes açudes da Paraíba estão sangrando. Alguns foram destruídos pelas fortes chuvas, enquanto outros estão ameaçados. Por que, então, não vemos os mesmos que defendem com tanta veemência o projeto da transposição lutar pela recuperação destes açudes? Estariam estas pessoas esperando que no próximo ano algumas cidades sofram com o abastecimento de água, não pela falta de chuvas e sim pela destruição das barragens, para novamente enfatizarem que a solução é a transposição? Por que ainda não aprenderam que a nossa Paraíba tem água, mas ainda falta infra-estrutura para armazená-la?

As fortes enchentes, causadas em parte pela derrubada das matas ciliares, mataram quase trinta pessoas na Paraíba. Onde estão os defensores do projeto da transposição que não estão lutando pela recuperação dos nossos rios que estão a caminho do cemitério?

O ano de 2008 está provando que não temos falta de água na Paraíba, o que temos são problemas como a concentração de terra, a concentração de água, a concentração de renda e a falta de vontade política para resolver estes problemas. Onde estão os que defendem o projeto da transposição, alegando que trará emprego para a nossa região, para denunciar a tomada das terras das Várzeas de Souza por multinacionais?

Nós, da Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste somos contra o projeto da transposição do rio São Francisco porque acreditamos que é possível um outro projeto de abastecimento, com descentralização da água e da terra, como apresenta o Projeto Atlas do Nordeste, elaborado pela Agência Nacional de Águas, órgão do Governo Federal. Um projeto que realmente contempla as necessidades do Semi-Árido.

DIGA NÃO À TRANSPOSIÇÃO
CONVIVER COM O SEMI-ÁRIDO É A SOLUÇÃO

* FRENTE PARAIBANA EM DEFESA DA TERRA, DAS ÁGUAS E DOS POVOS DO NORDESTE:

MST, CPT, Pequenas Comunidades das Irmãs Inseridas, PJMP-Campina Grande, Articulação de Mulheres Brasileiras, Movimento dos Pequenos Agricultores, Sindicato dos Correios, Polo Sindical da Borborema, Serviço Pastoral do Migrante, Pastoral da Juventude Rural, Centrac, AJJURC, CEDOR, DECA, Cáritas, Juventude Franciscana de Santa Rita, do Tito Silva e de Cabedelo, DCE-UFPB, CA de Biologia-UFPB, FEAB, Consulta Popular, Assembléia Popular, Articulação do Semi-Árido/PB, ASPTA, Cunhã Coletivo Feminista, Movimento dos Trabalhadores Desempregados, SINTER, Grupo de Teatro do Oprimido GRITO, Grupo Pacto, Movimento dos Atingidos por Barragens, Gabinete de Paula Frassinete, APAN

* Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste

Esta nota foi originalmente publicada pela Agência de Informação frei Tito para a América Latina – Adital

Enviada pelo Prof. João Suassuna, colaborador e articulista do EcoDebate

[EcoDebate, 24/07/2008]