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Estudo britânico liga empréstimos do FMI a tuberculose

LONDRES – Medidas rigorosas anexadas aos empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) podem ter contribuído para o ressurgimento da tuberculose no Leste Europeu e na ex-União Soviética, afirmaram pesquisadores na terça-feira. Governos podem estar reduzindo investimentos em serviços de saúde, como hospitais e clínicas, para atingir as rígidas metas econômicas estabelecidas pelo FMI, afirmaram pesquisadores britânicos. Por Michael Kahn, da Agência Reuters, no Estadao.com.br, terça-feira, 22 de julho de 2008, 14:48.

O estudo, publicado pelo jornal da Public Library of Science, o PLoS Medicine, verificou que países participantes dos programas do FMI viram suas taxas de mortalidade por tuberculose subirem 17 por cento entre 1991 e 2000, o equivalente a mais de 100 mil mortes adicionais.

Aproximadamente um milhão de novos casos foram registrados neste período.

Nações que receberam dinheiro de outras instituições com condições econômicas menos restritivas anexadas tiveram uma redução de aproximadamente 8 por cento nas taxas de mortalidade por tuberculose, afirmaram David Stuckler e colegas da Universidade de Cambridge.

“Os empréstimos do FMI não parecem ser responsáveis pela piora da área de saúde; mas parece mais um precipitante de tais problemas”, escreveram.

Mas um porta-voz do Fundo questionou se os estudos levaram em conta a instabilidade ocorrida pela queda da União Soviética, e disse que leva tempo para que a doença se desenvolva e que as taxas de mortalidade podem estar ligadas a problemas anteriores.

“Se o FMI não tivesse ajudado os países pós-comunistas, a queda dos gastos na saúde teria sido mais marcante e as doenças teriam sido, em geral, mais graves”, afirmou William Murray, porta-voz do Fundo em resposta enviada por email.

Os pesquisadores usaram um modelo estatístico para comparar as taxas de tuberculose para 21 países ex-comunistas levando em conta o tempo e o tamanho dos empréstimos.

Mesmo quando considerado as mudanças de população, guerras, inflação e outros fatores que podem levar a novos casos, os pesquisadores descobriram uma forte relação entre o aumento de casos de tuberculose e o início dos empréstimos.

[EcoDebate, 24/07/2008]