Minc retira críticas a acordo com usineiros
Dois dias depois de ter classificado de “imoral” um acordo realizado entre o governo de Pernambuco e as 24 usinas de açúcar do estado – todas multadas em R$ 120 milhões por desmatar a Mata Atlântica -, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, deu a mão à palmatória. Em carta enviada na noite de quinta-feira ao governador Eduardo Campos (PSB), o ministro pediu desculpas. O termo de compromisso firmado entre o governo e os usineiros, em setembro do ano passado, estabeleceu o plantio, por cada usina, de seis hectares por ano de mata ciliar com espécies da Mata Atlântica, por três anos. Do Correio Braziliense, 05/07/2008.
O pedido de desculpas foi formalizado depois que o governador expressou sua indignação por telefone ao chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ao presidente Lula e ao próprio Minc. Na carta, o ministro elogiou o acordo, dizendo que “garantiu complemento de renda aos trabalhadores que plantam mudas e comprometeu os usineiros com o início de reflorestamento de áreas que foram historicamente devastadas”.
As declarações do ministro já haviam provocado a reação do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), ex-governador de Pernambuco, que chamou Minc de o “mais novo aloprado do governo”. Isso porque o ministro atribuiu o “pacto imoral” ao governo do senador, que antecedeu o de Campos. O ministro também pediu desculpas ao senador, a quem declarou admiração.
Minc reforçou, porém, que os usineiros não estão isentos de cumprir as leis federais e frisou que eles não respeitam a proteção de 50 metros de cada margem dos rios que cortam as plantações e usinas. Usando toda a terra, os produtores acabam poluindo as águas. Minc reiterou ainda que eles não efetivaram a regularização fundiária nem averbaram suas reservas legais – 20% de Mata Atlântica a ser preservada. O ministro colocou-se à disposição para um novo pacto de preservação no estado, desta vez envolvendo o Ministério Público, além dos governos federal e estadual. Pernambuco detém apenas 2,7% da Mata Atlântica original.
O número
DESMATAMENTO
Em Pernambuco, apenas 2,7% da Mata Atlântica original foi preservada