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Artigo

energia eólica: Energia do vento, artigo de Débora Thomé

[O Globo] Atualmente, do vento, é produzida energia para 1,3% do consumo mundial. São quase 100.000 MW de capacidade instalada de energia eólica; mais da metade em Alemanha, Estados Unidos e Espanha. No Brasil, apesar do Proinfa, que buscava incentivar fontes alternativas, apenas 0,1% da energia gerada no último ano foi eólica. Até abril, só um terço dos 3,3 mil MW contratados entrou em operação.

No fim deste ano, o Proinfa deve terminar. Ninguém sabe se seguirá havendo programas de incentivo às fontes alternativas PCH, biomassa e eólica. O que se sabe é que seu sucesso foi pequeno perto do que se esperava.

Até 2006, o Brasil estava entre os 20 maiores geradores de energia eólica. Porém, ele não tem avançado como os demais países. Tanto que, em 2007, com um crescimento diminuto de apenas 4,3%, caiu para a 25a.

A energia eólica ainda é cara. Custa cerca de R$220 o MW/h. Apesar de não ter gasto com combustível (afinal vento é de graça), ela exige um enorme investimento. Um exemplo: uma usina com capacidade de 25MW, que está sendo instalada em Pernambuco, vai custar R$110 milhões.

Mesmo exigindo tamanho investimento, a fonte é muito interessante para o Brasil como complementar, dadas algumas características do país. E, claro, considerando que ela é muito menos danosa ao meio ambiente.

“É um substituto único. Aqui é um canto do planeta em que há perfeito encaixe com o período de menor fornecimento das hidrelétricas”, diz Everaldo Feitosa, vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica.

É isso que mostra o gráfico abaixo. O consultor Adriano Pires, do CBIE, também vê vantagens na energia eólica, mas, fazendo as contas – sem considerar a questão ambiental – ele indica que o custo da eólica ainda está em US$2.750 por KW, enquanto o da térmica a carvão é de US$1.600.

O Greenpeace fez um relatório sobre “os caminhos da sustentabilidade energética” no país. No trabalho, avaliaram os resultados do Proinfa, observando o que deu certo e o que não funcionou. Um dos aspectos para que eles chamaram a atenção foi a queixa dos investidores para o fato de o valor de compra dessa energia no leilão ter ficado muito abaixo do que poderia viabilizá-la. É sabido, em qualquer lugar do mundo, que fontes alternativas, como a eólica, costumam ter um preço maior que as demais. Ainda assim, muitos países optam por elas como forma de reduzir as emissões. Outro obstáculo apontado foi a dificuldade de cumprir a obrigação de 60% de nacionalização dos componentes para as centrais eólicas. Segundo o Greenpeace, no fim das contas, da energia do Proinfa, 28% será eólica. A metade será PCH e 21% biomassa.

A ONG defende para o Brasil políticas de incentivo, nos moldes das que existem na Alemanha, na Espanha e na China: “É necessária uma estrutura regulatória que deve contar com incentivos fiscais e leis locais que criem condições favoráveis ao estabelecimento de fabricantes de turbinas eólicas. O desenvolvimento da pesquisa e inovação tecnológica é de grande importância. Cada sítio de ventos exige a confecção de turbinas adaptadas às condições locais”, diz o documento.

No mundo, a capacidade instalada de energia eólica cresce 30% ao ano. Em alguns países, do vento, chegam a vir 40% da energia. Não resta dúvida de que, aqui também, há condições para essa ser uma excelente fonte complementar. Bem melhor fazer projetos nessa direção que na das ultrapassadas térmicas a carvão e a óleo.

Artigo de Débora Thomé (interina), publicado no Panorama Econômico, O Globo, 21/06/2008