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Manifestantes cobram recuperação de mananciais em São Paulo

Uma expedição fotográfica e o ato simbólico de abraçar uma represa foram realizados ontem (1º) em São Paulo, nas bacias das represas Guarapiranga e Billings. As ações se visavam a cobrar a recuperação de mananciais que fornecem água para milhões de paulistanos e a mostrar de onde vem a água consumida. Por Petterson Rodrigues, da Agência Brasil.

O Abraço Guarapiranga foi feito simultaneamente em três pontos da represa. “É um ato simbólico, um ato de carinho. A ideia é unir força, unir energia, demonstrar para a opinião pública e para o Poder Publico que estamos insatisfeitos e que precisamos fazer mais pelas represas”, explica a geóloga e coordenadora adjunta do Programa de Mananciais do Instituto Sociambiental (ISA), Pilar Machado Cunha

De acordo com informações do ISA, Guarapiranga é o segundo manancial mais importante da região metropolitana de São Paulo e é responsável pelo abastecimento de água para 4 milhões de habitantes. Segundo Pilar, a represa está degradada e o ato é para cobrar ações de recuperação.

Billings é a maior represa da região metropolitana de São Paulo e apesar de ter mais da metade de sua bacia hidrográfica preservada, não pode ser totalmente utilizada para abastecimento devido ao grande volume de poluição em conseqüência do bombeamento do Rio Tietê nas últimas seis décadas.

Ao redor das duas represas estão vivendo grandes populações. Próximo a Guarapiranga, a população estimada é de 800 mil pessoas, sendo que metade não tem um sistema de coleta de esgoto, segundo informações do ISA. Já na Billings, quase um milhão de pessoas vivem nas proximidades da represa.

Para a geóloga, um dos objetivos do evento é aproximar os consumidores de água à realidade dos mananciais que as abastecem e conscientizar a população para que cobre ações e melhorias para recuperação das represas.

O evento foi organizado pelo ISA em parceria com 40 entidades da sociedade civil que atuam na Guarapiranga. Em 2006, 160 especialistas se reuniram em um seminário sobre o manancial e propuseram 63 ações para recuperação da represa. Este é o terceiro ano do Abraço Guarapiranga.

Durante o ato, que deve reunir cerca de 2 mil pessoas, um placar vai mostrar como andam as ações propostas no seminário e como as secretarias e empresas do governo estadual e as prefeituras dos municípios que são abastecidos pelas represas estão trabalhando para recuperação dos locais. O mesmo placar está disponível no site do ISA.

A expedição fotográfica conta com 108 grupos, sendo 30 de fotógrafos profissionais e 78 da própria população. Os participantes percorrerão trechos das represas Guarapiranga e Billings e poderão fotografar pontos preservados da Serra do Mar, aldeias indígenas, atividades de lazer nas represas, obras do Rodoanel, a vida em moradia precária em torno das represas, lixões e cenários de degradação e poluição.

“Duas mil e trezentas pessoas estão inscritas na expedição, estão em grupos. Todas as pessoas que estão participando vão mandar de uma a três fotos para a equipe que coordena a expedição e terão suas fotos [publicadas] em um livro e em uma exposição”, explica a coordenadora. Segundo ela, o livro deve ser lançado no segundo semestre deste ano e a exposição deve ser realizada no final de 2008 ou começo de 2009. A expedição faz parte da campanha De Olhos nos Mananciais, do ISA.

No último dia 20, foram assinados contratos de repasses de recursos de cerca de R$ 1 bilhão para despoluição das águas dos mananciais Billings e Guarapiranga. Os recursos virão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo estadual, da Companhia de Saneamento Básico do estado (Sabesp) e das prefeituras de São Paulo, de São Bernardo do Campo e de Guarulhos.