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Campanha mundial planta dois bilhões de novas árvores no mundo

Em menos de 18 meses, um acontecimento digno de celebração, a iniciativa popular “Plantemos para o Planeta: Campanha do 1 Bilhão de Árvores” supera a marca de dois bilhões de mudas e sementes plantadas em todo o planeta. O objetivo agora cresce para mais de uma árvore por pessoa, ou seja, a meta é que sete bilhões sejam plantadas até o final de 2009, a época da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) na Dinamarca, no dia 30 de novembro. Por Amanda Costa, do Contas Abertas.

A campanha liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pelo Centro Mundial de Agroflorestas (ICRAF, sigla em inglês), já cooptou importantes simpatizantes no Brasil. Por aqui, entre pessoas físicas, empresas, escolas, organizações não-governamentais ou sociedade civil organizada, além do governo, juntos, deram vida a mais de 22,7 milhões de sementes ou mudas que prometem contribuir para o clima do planeta e conseqüentemente para a saúde humana.

A empreitada foi materializada em 2006 em resposta à ameaça do aquecimento global, e como um desafio mais abrangente: a sustentabilidade, que engloba desde as reservas de água até a perda de biodiversidade. A iniciativa visa aumentar o poder de pressão dos cidadãos sobre grandes empresas e políticos influentes e tem o intuito de fazer com que esses abracem o desafio da mudança climática global.

A campanha se tornou uma expressão prática da sensibilização pública e privada sobre o aquecimento global. Achim Steiner, sub-secretário das Nações Unidas e Diretor Executivo do PNUMA, afirma que a plantação de árvores quebrou as marcas numéricas fixadas. “Quando a Campanha de 1 Bilhão de Árvores foi lançada na reunião da Conferência sobre o Clima, em Nairobi, em 2006, ninguém poderia imaginar que ela poderia florescer tanto e tão rapidamente”, declara.

Steiner convida o planeta a integrar-se a corrente pelo reflorestamento para alcançar a meta de sete bilhões de árvores plantadas. “Nós agora estamos convidando indivíduos, comunidades, comércio, indústria, sociedade civil, organizações e governos a se envolverem nesta iniciativa em um novo e ainda mais alto nível, por meio da fundamental Conferência sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, a acontecer no fim de 2009”, enfatiza.

Filiados no mundo e no Brasil

No Brasil, diversos organismos integram a frente para replantar o país. O programa “Cidades e Soluções”, da TV Globo News comprometeu-se a plantar 384 mudas ou sementes em território brasileiro. “Cidades e Soluções” compromete-se desde sua origem a neutralizar as emissões de gases de efeito estufa provocadas pelas etapas da produção por meio do plantio de árvores.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná (Sema), por meio do programa Mata Ciliar, se comprometeu no ano passado a plantar mais de 20 milhões de mudas, sagrando-se como o maior parceiro da corrente no país. “A contribuição paranaense se dará por meio do programa Mata Ciliar, que, como a campanha mundial, estimula o plantio de árvores de espécies nativas. As 20 milhões de mudas, sem dúvida, serão a maior colaboração da campanha”, afirmou o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues.

De acordo com a Sema, o programa Mata Ciliar é considerado o maior programa de plantio de árvores nativas do mundo e já plantou mais de 80,4 milhões de mudas no Paraná desde 2003. “O programa Mata Ciliar, que atinge a marca recorde do plantio de mais de 80 milhões de mudas, é apontado como um modelo a ser seguido por outros países”, ressalta o secretário.

Chefes de Estado, incluindo os presidentes da Indonésia, das Malvinas, do México, da Turquia e do Turcomenistão, assim como empresários, cidades, grupos ligados a comunidades, jovens e religiosos participam da campanha, e contabilizam mais da metade de todos os participantes. A Etiópia lidera a contagem de maior promotora do plantio com 700 milhões de árvores, seguida pela Turquia com 400 milhões e México com 250 milhões.

Na Turquia 35 milhões de jovens já se mobilizaram para plantar árvores. Em Uttar Pradesh, na Índia, em um só dia 10,5 milhões de árvores foram plantadas. No Reino Unido e na África, esta última composta por 47 países com um dos piores indicadores sociais e ambientais, cerca de 500 mil crianças em idade escolar engajaram-se no projeto.

Nos países em situações de pós-conflitos e pós-desastres ambientais, a campanha teve um cunho diferente. De acordo com a Nobel da Paz em 2004, fundadora do Movimento Cinturão Verde do Quênia e idealizadora da campanha de reflorestamento global, Wangari Maathai, “quando plantamos árvores, plantamos as sementes da paz e esperança”. Comunidades no Afeganistão, Bósnia-Herzegovina, Iraque, Libéria e Somália contribuíram para a marca global de mais de dois milhões de árvores.

Obrigatoriedade no Brasil

No Brasil, ou pelo menos em Minas Gerais, plantar uma árvore pode virar lei. O deputado mato-grossense José Riva (PP) espera que eventos realizados em parques e praças, com concentração de público, tenham a contrapartida das organizadoras – empresas, associações ou particulares – de plantarem árvores para, desta forma, compensarem a emissão de gases causadores do efeito estufa gerados pela atividade. “Estudos científicos mostram que uma das formas mais eficazes de controlar a emissão de gases do efeito estufa é o plantio de árvores, já que elas absorvem o dióxido de carbono”, justifica o autor da proposta de lei.

Para o parlamentar, o Estado e os municípios precisam se engajar com rapidez na definição de políticas públicas que contribuam para a diminuição do aquecimento global. Na proposta apresentada no final do mês passado, shows, práticas desportivas, concertos, exposições e similares terão número de árvores definidos por instrução normativa de acordo com a dimensão de participação. Quem violar a lei deve ser multado em R$ 1 mil por dia no atraso do cumprimento.

No sul do Brasil, a preocupação com o meio-ambiente faz parte da região desde 1998, quando uma lei municipal determinou ao menos uma árvore por estabelecimento. Mas no caso dos lotes maiores, um exemplar a cada 12 metros. A Sema decidiu verificar neste mês, em uma atuação de campo, o cumprimento efetivo da norma em Londrina, no Paraná. O primeiro alvo da força-tarefa de fiscalização foi os comerciantes das vias mais importantes da Área Central de Londrina. Onde a lei não é cumprida, as multas variam de R$ 33,00 a R$ 1,4 mil.

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