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energia geotérmica: Energia lusa pode vir da terra daqui a 20 anos, diz estudo

Coimbra, 27 mai (Lusa) – Dentro de duas décadas, Portugal poderá produzir energia geotérmica suficiente para fornecer eletricidade a grande parte do país, através de uma forma inovadora de aproveitar o calor da terra.

O projeto, apresentado nesta terça-feira, é pioneiro em Portugal e se baseia em sistemas geotérmicos estimulados, que permitem produzir energia elétrica de forma renovável, limpa para o ambiente e praticamente inesgotável.

“Estamos a falar de 500 MW em dez anos, algo mais rápido e mais barato do que uma central nuclear”, afirmou João Gabriel Silva, aos jornalistas.

O antigo dirigente da Quercus e atual presidente dos conselhos científico e diretivo da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (FCTUC) destaca que “Portugal tem um potencial de produção de energia geotérmica enorme, capaz de garantir todas as necessidades energéticas do país”.

O projeto envolve a FCTUC e a empresa Geovita, do grupo Patris Capital, que prevê investir meio milhão de euros só nos primeiros três anos – a fase de prospecção e pesquisa de uma área delimitada, situada na região Centro.

“Acreditamos que num horizonte de três a cinco anos, estejamos já a produzir energia elétrica através do calor da terra”, citou Gonçalo Pereira Coutinho, presidente do conselho de administração da Patris Capital.

Se tudo correr como previsto, disse à Lusa João Gabriel Silva, “dentro de 20 anos, a maior parte da energia elétrica do país será produzida através da energia geotérmica”.

As unidades de produção geotérmica estimulada podem ser instaladas, “sem impacto ambiental, em praticamente todo o lado, e com baixos custos de investimento”, acrescentou.

A diferença entre a produção tradicional de energia geotérmica e a estimulada está no fato de, nesta, a água ser injetada a partir da superfície.

Ao ser injetada para um furo, que pode atingir cinco a seis quilômetros de profundidade, a água abre fraturas na rocha e espalha-se por zonas a 200 ou mais graus de temperatura. Evapora-se e sobe então à superfície, através de um segundo furo, alimentando assim o funcionamento de um gerador.

O projeto já mereceu parecer técnico favorável da Direção Geral de Energia e Geologia, aguardando apenas autorização para a exclusiva prospecção e pesquisa de uma área de 500 Km2, situada entre Oliveira do Hospital (Coimbra) e Nelas.